a) A metáfora instaurada pelo autor faz-se acerca da afirmação do amor não ser um rótulo (amor livre), e sim uma prática (amar livre). A prática em questão não é perfeita, inclui trabalhos, retrabalhos e descobertas - sempre mantendo o peito aberto.

b) O sistema neoliberal produz identidades através do consumo. Como o ato de amar (lê-se namorar, casar) é uma prática humana (assim como o comer, se vestir...) este também será cooptado, de forma que o consumo definirá de forma qualitativa e quantitativa certos pilares da relação, como o companheirismo, atenção e intensidade. Tal relação cria expectativas e barreiras na construção de relações reais.

Amor e neoliberalismo: qual o prejuízo?

No âmbito pessoal, o neoliberalismo promove a seguinte pergunta: "Como Y (Y pode ser uma pessoa ou um objeto) pode ser um ganho para mim?". Embora você não faça literalmente essa pergunta a si mesmo o tempo todo dessa maneira, na verdade, você está subconscientemente fazendo essa pergunta em todas as situações.

Em primeiro lugar, é preciso entender que essa maneira de ver o mundo - ver o mundo como um conjunto de oportunidades para ganhar e aproveitar - é apenas uma maneira de ver o mundo. E essa pergunta é a maior bola demolidora da vida emocional. Essa única pergunta acaba destruindo os relacionamentos.

O antídoto para isso é perceber que nossas vidas emocionais são mais complexas do que essa única pergunta. É perceber que nossas vidas estão ligadas àqueles que amamos e que, quando nos deparamos com situações difíceis, o principal desafio não é perguntar como isso pode nos afetar individualmente, mas sim como podemos enfrentá-las junto com aqueles que amamos.

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