Atividade

1. Faça um pequeno glossário com os termos do texto que você desconhece.

2. Explique o que seria o “choque de civilizações”.

3. Destaque trechos do texto em que o autor, Alain Gresh, trata com ironia esse conceito.
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Choque de civilizações
Leia o texto a seguir e depois responda às perguntas no caderno.



Na origem de um conceito

O choque de civilizações é visto como aspecto importante das relações internacionais modernas
“A crise no Oriente Médio [...] não teve origem num conflito entre Estados, mas num choque de civilizações”. Ainda em 1964, um professor universitário britânico pouco conhecido lançou a fórmula que ficaria famosa. Incontestavelmente, Bernard Lewis foi um precursor. [...]


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Passada despercebida durante a década de 1960, a fórmula foi relançada por ele 25 anos depois na forma de um artigo, “The roots of muslim rage” [As raízes da cólera muçulmana]. Ali, ele descreve o estado de espírito do mundo muçulmano e conclui: “Isto nada mais é do que um choque de civilizações, uma reação talvez irracional, mas seguramente histórica, de um antigo adversário contra nossa herança judaico-cristã, nosso presente secular e a expansão mundial de ambos”. “Eu penso”, dizia ele em 1995, “que a maioria entre nós concordaria em dizer – e alguns já o fizeram – que o choque de civilizações é um aspecto importante das relações internacionais modernas, embora poucos, entre nós, chegassem ao ponto de dizer – como alguns já fizeram – que as civilizações têm políticas externas e formam alianças”.

A visão de um “choque de civilizações”, contrapondo duas entidades claramente definidas, o “Islã” e o “Ocidente” (ou a “civilização judaico-cristã”), está no centro do pensamento de Bernard Lewis, um pensamento essencialista que restringe os muçulmanos a uma cultura petrificada e eterna. “Esse ódio”, insiste ele, “vai além da hostilidade em relação a alguns interesses ou ações específicas, ou mesmo em relação a determinados países, tornando-se a rejeição da civilização ocidental enquanto tal, não pelo que ela possa fazer, mas pelo que ela é e pelos princípios e valores que pratica e professa”.

Os iranianos não se revoltaram contra a ditadura do Xá imposta por um golpe de estado fomentado pela CIA, em 1953; os palestinos não lutam contra uma invasão interminável; e se os árabes odeiam os Estados Unidos, não é porque o governo deste país apoia Ariel Sharon ou porque invadiu o Iraque. Na realidade, o que os muçulmanos rejeitam é a liberdade e a democracia. Como seria possível compreender os conflitos do Kosovo ou da Etiópia-Eritreia? Pela recusa, por parte dos muçulmanos, em serem governados por infiéis, explica Bernard Lewis.
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