Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Antes, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado
. Se uma ovelha perdida já cobrada, Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória
Um dos muitos poemas satíricos (700 ) que Gregório de Mattos escreveu.
O fato de ser um poema algo estranho na relação entre Deus e os pecadores, mostra o porquê de lhe chamarem " Boca do Inferno "
Um poema meio "estranho", pois, tem algumas declarações bem curiosas na relação entre Deus e aos pecadores.
Na primeira estrofe o eu lírico acha que quanto mais ele tiver pecado, maior será a obrigação de múltiplas vezes Deus lhe perdoar.
Bem é de esperar que um pecador suplique o perdão a Deus por cada um dos seus pecados. E não que ele ache que quanto maior for o número de pecados maior o "dever" de ser perdoado por Deus. Mas é o que aqui sugere.
Inverte a lógica religiosa pois acha mais obrigatório que Deus lhe perdoe seus pecados do que a necessidade de pedir perdão mais frequentemente.
Na segunda estrofe o eu lírico acha que a ira de Deus perante os pecados dos homens pode ser diminuída pelo arrependimento que mostram os pecadores. Assim a tarefa de Deus estaria mais bem aplicada.
Nos tercetos acha o eu lírico que quanto mais pecadores forem perdoados mais será a satisfação de Deus. Pois consegue resgatar para o Céu um maior número de crentes. Daí que ele espere, esteja contando, que seja perdoado de modo semelhante como o narrado nos textos sagrados.
Creio aqui haver uma semelhança com a "ovelha perdida" que o pastor tem se preocupar em trazer para o rebanho, para que não se perca.
E sendo sua responsabilidade manter o rebanho completo, tem de se esforçar mais.
Mas seguramente existirão outras passagens dos textos sagrados aonde haverá pontos de semelhança com este poema.
Assim Deus teria que se esforçar por perdoar aos pecadores para glória a Deus e à sua ação junto dos seres humanos.
Nota:
Este poema é do "Livro dos Sonetos", de Gregório de Mattos.
Têm dois quartetos e dois tercetos.
Gregório de Matos, nasceu em Salvador, 23 de dezembro de 1636 e faleceu no Recife a 26 de novembro de 1696.
Foi um grande poeta brasileiro do período do Barroco.
Exerceu também a profissão de advogado no período colonial.
Atacou muitas vezes a sociedade baiana.
Criticava a Igreja Católica, o governo e também algumas situações da sociedade da época.
Por isso foi alvo da Inquisição e condenado ao degredo em Angola em 1694.
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Um dos muitos poemas satíricos (700 ) que Gregório de Mattos escreveu.
O fato de ser um poema algo estranho na relação entre Deus e os pecadores, mostra o porquê de lhe chamarem " Boca do Inferno "
Creio aqui haver uma semelhança com a "ovelha perdida" que o pastor tem se preocupar em trazer para o rebanho, para que não se perca.
E sendo sua responsabilidade manter o rebanho completo, tem de se esforçar mais.
Mas seguramente existirão outras passagens dos textos sagrados aonde haverá pontos de semelhança com este poema.
Assim Deus teria que se esforçar por perdoar aos pecadores para glória a Deus e à sua ação junto dos seres humanos.
Nota:
Este poema é do "Livro dos Sonetos", de Gregório de Mattos.
Têm dois quartetos e dois tercetos.
Gregório de Matos, nasceu em Salvador, 23 de dezembro de 1636 e faleceu no Recife a 26 de novembro de 1696.
Foi um grande poeta brasileiro do período do Barroco.
Exerceu também a profissão de advogado no período colonial.
Atacou muitas vezes a sociedade baiana.
Criticava a Igreja Católica, o governo e também algumas situações da sociedade da época.
Por isso foi alvo da Inquisição e condenado ao degredo em Angola em 1694.
Bons estudos.
Att Duarte Morgado
POEMA: PEQUEI, SENHOR... GREGÓRIO DE MATOS -
▪️O Poema , PEQUEI, SENHOR... é um Soneto Satírico, ele possui
2 estrofes de 4 versos
e
2 tercetos que são estrofes de 3 versos .
▪️Nas 2 primeiras estrofes, o eu lírico ( pecador ) tem confiança que Deus, tem interesse em salva-lo por ele ser um pecador.
➖ Na primeira estrofe, o eu lírico fala que:
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
,Da vossa alta clemência me despido
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
Vós tenho a perdoar mais empenhado
➖Ele espera que Deus seja a piedoso
pois, embora seja um grande pecador, sabe que Deus tera interesse em salvá-lo.
▪️ – Na segunda estrofe, o eu lírico:
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
➖Ele tem total arrependimento do pecado que cometeu e este arrependimento acalma a ira de Deus.
▪️Nos 2 tercetos, o pecador compara seu pecado com uma parte da Bíblia , ele utiliza a passagem do “Filho Pródigo” .
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
➖Ele afirma que é a ovelha perdida (o pecador) e ao ser achada , dá grande glória e alegria ao pastor (a Deus) por ser recuperada.
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Moderadora Mestre Líziamárcia