Nódulos e massas pulmonares

Nódulos e massas pulmonares Gustavo de Souza Portes Meirelles1

1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP

A) Nódulo pulmona

Author Maria de Lourdes Caires Mascarenhas

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Nódulos e massas pulmonares Gustavo de Souza Portes Meirelles1

1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP

A) Nódulo pulmonar solitário

1 – Definição

O nódulo pulmonar solitário (NPS) constitui uma opacidade focal com morfologia arredondada ou ovalada, envolta por parênquima pulmonar e medindo até 3,0 cm (figura 1). Na maior parte das vezes é um achado radiológico incidental em pacientes assintomáticos. A função da radiografia simples é detectar a lesão e, em alguns casos, tentar caracterizá-la.

Figura 1. Nódulo pulmonar solitário. Opacidade arredondada no pulmão esquerdo (seta), menor que 3,0 cm, envolta por parênquima.

Curso PneumoAtual de Radiologia – aula 5

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2 – Etiologia

Muitas são as causas de NPS: •

Infecções



Granulomas



Sarcoidose



Alterações congênitas



Processos vasculares



Neoplasias



Pseudo-lesões

Os granulomas são a causa mais comum de NPS no nosso meio. As figuras 2 a 8 ilustram algumas das principais etiologias.

Figura 2. Possível nódulo no ápice esquerdo (seta), de contornos irregulares. A tomografia computadorizada mostra que o nódulo é uma pseudo-lesão decorrente de artrose condroesternal com osteófito posterior (seta).

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Figura 3. Pequeno granuloma de tuberculose no pulmão esquerdo, apresentando-se como nódulo pulmonar solitário (seta).

Figura 4. Nódulo solitário no pulmão direito (seta), com contornos lobulados. Hamartoma pulmonar.

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Figura 5. Pseudotumor inflamatório do pulmão direito na forma de nódulo solitário (seta).

Figura 6. A seta aponta para nódulo solitário no pulmão direito. Controle após antibioticoterapia demonstrando resolução completa da lesão. Pneumonia redonda.

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Figura 7. Neoplasia pulmonar primária. Nódulo solitário no pulmão direito, espiculado (setas).

Figura 8. Nódulo no pulmão esquerdo (setas), lobulado, correspondendo a má formação arteriovenosa pulmonar, bem demonstrada na angiografia.

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3 – Aspectos de imagem na radiografia simples

Alguns aspectos do nódulo devem ser observados:

Tamanho da lesão De um modo geral, quanto menor o nódulo, maior a chance de que seja benigno; 80% dos nódulos benignos medem menos que 2 cm. Contudo, o pequeno tamanho não descarta a possibilidade de malignidade, já que 42% dos nódulos malignos medem menos que 2 cm ao diagnóstico.

Margens e contornos do nódulo Apesar da maioria dos nódulos com contornos lisos e margens bem definidas serem benignos, sabe-se que 21% dos malignos têm margens bem definidas. Contornos lobulados são inespecíficos, podendo ser vistos em nódulos benignos ou malignos. O único aspecto que é relativamente específico para lesão maligna é o contorno irregular, com margens espiculadas, principalmente se associado a distorção dos vasos adjacentes. Contudo, mesmo este aspecto pode ser demonstrado em lesões benignas.

Estabilidade A avaliação mais simples consiste na comparação do exame de imagem atual com algum anterior. Tradicionalmente, um NPS estável no período de dois anos é considerado benigno, mas algumas neoplasias, como o carcinoma bronquioloalveolar e os carcinóides, podem ter crescimento muito lento. Caso haja suspeita clínica, é conveniente seguimento mais prolongado.

Presença de calcificações Deve-se evitar falar em nódulo pulmonar calcificado apenas com a radiografia simples. Trabalho recentemente publicado (Berger et al. AJR 2001; 176:201-204) demonstrou que o radiologista erra em 7 % dos casos quando tenta predizer calcificação pela radiografia – em 4% dos casos os pacientes tinham neoplasias de pulmão.

B) Nódulos e massas pulmonares múltiplos

1 – Etiologia

No Brasil, as principais causas de nódulos e massas pulmonares múltiplos são as metástases hematogênicas e os granulomas. Além destas, podemos listar outras etiologias, como vasculites, infecções, sarcoidose, silicose e neoplasias pulmonares primárias (linfoma e carcinoma bronquioloalveolar).

Não devemos esquecer dos nódulos ou massas compatíveis com pseudo-lesões pulmonares (figura 1), seja por imagens cutâneas, seja por sobreposição de estruturas, alterações ósseas ou de partes moles.

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Figura 1. Nódulos pulmonares múltiplos (setas brancas). Atenção para as múltiplas lesões cutâneas (setas tracejadas). Cisticercose muscular simulando múltiplos nódulos pulmonares.

Com relação às metástases (figuras 2 a 5), devemos sempre pensar nas principais causas de comprometimento secundário pulmonar: mama, rim, tiróide, laringe, cólon e útero.

Figura 2. Carcinoma de tiróide com metástases mediastinais e pulmonares (setas)

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Figura 3. Metástases pulmonares de neoplasia de cólon.

Figura 4. Nódulos pulmonares múltiplos, correspondendo a metástases de neoplasia de cólon.

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Figura 5. Metástases pulmonares de osteossarcoma.

Quanto aos granulomas, são várias as causas, destacando-se a tuberculose e as infecções fúngicas, principalmente na fase cicatricial (figura 6).

Figura 6. Nódulos calcificados compatíveis com granulomas de tuberculose.

Outras causas menos freqüentes de nódulos pulmonares são a silicose (figura 7), a sarcoidose (figura 8) e as vasculites.

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Figura 7. Silicose com massas pulmonares bilaterais.

Figura 8. Múltiplos nódulos pulmonares esparsos na sarcoidose.

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Por fim, algumas neoplasias malignas, como o linfoma e o carcinoma bronquioloalveolar, também podem se apresentar na forma de múltiplos nódulos pulmonares (figura 9).

Figura 9. Apresentação do adenocarcinoma bronquioloalveolar como nódulos pulmonares múltiplos.

2 – Leitura recomendada

Berger et al. The Solitary Pulmonary Nodule on Chest Radiography: Can We Really Tell If the Nodule Is Calcified? AJR 2001; 176:201-204

Felson B. Chest roentgenology. WB Saunders, Philadelphia, PA, 1973: 574p.

Juhl JH, Crummy AB, Kuhlman JE. Paul and Juhl's Essentials of Radiologic Imaging. Lippincott Williams & Wilkins, 1998, 1408p.

McLoud TC. Thoracic Radiology: The Requisites. Mosby, 1998, 512p.

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