Viçosa (MG), Setembro/Outubro de 2014
Número 1.459
PUBLICAÇÃO DA DIVISÃO DE JORNALISMO DA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
UFV é a 19ª universidade e Agronomia é o melhor curso do país A UFV é a 19ª melhor universidade do país e a segunda em Minas Gerais de acordo com o Ranking Universitário Folha (RUF) de 2014, divulgado, em setembro, pelo jornal Folha de S. Paulo. O ranking também apontou o curso de Agronomia da Universidade como o melhor do país. No âmbito nacional, a instituição ganhou uma posição em
relação ao ano passado. No total, o ranking avaliou 192 universidades brasileiras - públicas e privadas - a partir de cinco indicadores: pesquisa, internacionalização, inovação, ensino e mercado. No ensino, a UFV saltou da 13ª posição, em 2013, para a nona. Outras categorias em que a instituição também obteve melhores classificações em re-
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Consulta informal para cargo de reitor
lação a 2013 foram inovação, internacionalização e mercado. A terceira edição do RUF trouxe ainda o ranking de cursos. Além da Agronomia ter sido considerado o melhor do país. também ficaram muito bem classificados os cursos de Medicina Veterinária (5º), Engenharia Ambiental (6º), Letras (8º) e Nutrição (9º).
Educação nutricional com brincadeira
Um projeto de extensão de alunos do curso de Nutrição da UFV campus de Rio Paranaíba tem abordado a alimentação, de forma lúdica e interativa, com crianças e adolescentes atendidos pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
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Em entrevista, professor José Manuel Moran fala sobre metodologias ativas e novas tecnologias na educação
A UFV realizará, no dia 13 de novembro, uma consulta informal nos três campi para subsidiar o colégio eleitoral a elaborar a lista tríplice com os nomes dos candidatos a reitor que será encaminhada ao Ministério da Educação. Estão concorrendo quatro chapas, cujas principais propostas de trabalho poderão ser conhecidas no encarte especial desta edição do Jornal da UFV. As páginas do encarte foram produzidas pelos próprios candidatos e ordenadas por meio de um sorteio realizado
pela Comissão de Suporte, responsável pelo processo sucessório. Portanto, o conteúdo é de inteira responsabilidade dos respectivos candidatos. Vale lembrar que no dia 6 de novembro acontecerá o debate entre os candidatos, no campus Viçosa. O evento será transmitido, ao vivo, simultaneamente pela Rádio Universitária 100,7 FM e pela TV Viçosa, no canal 13 (TV aberta) e canal 3 (TV a cabo), além do site www.rtv.ufv.br. O horário do debate ainda não foi definido e será informado no site da UFV: www.ufv.br
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Pesquisadores estudam alternativas para produção de fertilizantes Página 9
UFV adota medidas de redução do consumo de água em parceria com administração de Viçosa Página 11
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Os ensinos fundamental e médio têm solução Todo o gasto público com os ensinos fundamental e médio no Brasil só faz com que os alunos aprendam, no máximo, 20% do que lhes é ensinado. Oitenta por cento dos recursos aplicados e do tempo dos professores e alunos dedicado ao aprendizado são perdidos. Isto acontece porque, na quase totalidade das escolas, tudo o que os alunos aprendem é ensinado a eles no quadro negro: não há aulas práticas e nem equipamentos ou laboratórios. Eles aprendem apenas ouvindo o professor. Os alunos não veem, não manipulam, não trabalham os conceitos. Isto é o que se depreende quando se lê as publicações da literatura sobre a Pirâmide de Retenção do Aprendizado. Segundo esses artigos, os alunos que tiveram aulas práticas acumulam 30% de conhecimento e o retêm por muito mais tempo. Mas se ao aluno for oferecida a oportunidade de discutir e trabalhar com o conceito, isto é, de realizar experimentos, ele aprende 75% do conteúdo, e o recorda pelo resto da vida. E o melhor: pode aplicá-lo em exames de acesso ao ensino superior, em atividades profissionais e em inventos. É decepcionante e lamentável confirmar, a cada ano, que os problemas no ensino médio, que eu vivenciei na década de 1960, continuam os mesmos quase 50 anos depois. Essa constatação explica também os medíocres resultados obtidos por nossos alunos nos testes do Program for International Student Assessment (PISA), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre 65 países (sistemas de ensino), os estudantes brasileiros são classificados entre os últimos quinquagésimos, melhor apenas que os alunos de uns poucos países reconhecidamente com péssimo sistema educacional. Na classificação publicada pelo The Economist Intelligence Unit, entre 40 países, o Brasil ficou em 38o lugar. Esses resultados explicam também o alto grau de evasão ou a demora na conclusão dos cursos. Aprender apenas via aulas expositivas é cansativo, dis-
persivo e frustrante. O ensino médio tem outro defeito grave: o de preparar os alunos exclusivamente para fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou dos vestibulares de acesso aos cursos superiores. O aluno que não consegue acesso a um curso superior vê-se constrangido a enfrentar o mercado de trabalho com o pouco que aprendeu em aulas expositivas. Mas o mercado de trabalho está interessado em profissionais com treinamento em informática, em instalação elétrica, em instalação hidráulica, em construção civil, em técnicas siderúrgicas, metalúrgicas e agrícolas, entre outras. A solução para a primeira deficiência (ensino via aulas apenas expositivas) está em disponibilizar aos alunos a oportunidade de ver e trabalhar os conceitos em aulas práticas. A solução para o segundo problema (ensino médio que prepara os alunos apenas para exames de acesso à universidade) está em fazer com que todas as escolas de ensino médio ofereçam essa modalidade simultaneamente com ensino profissionalizante. A implementação dessas propostas requer: 1º) escolas em tempo integral, com adequação dos programas analíticos; 2º) treinamento de professores; 3º) as comunidades próximas às escolas de ensino médio escolherem uma ou mais profissões para serem ensinadas; 4º) construção de laboratórios, salas de aulas práticas e oficinas, nas escolas de ensino médio, para treinamento dos futuros profissionais; 5º) aquisição de equipamentos e 6º) contratação de professores e remuneração condizente com a qualificação. A aplicação das soluções exige investimento, coordenação e decisão administrativa e política. Mas isto deve servir como estímulo e não como desculpa para protelar a aplicação de medidas que realmente melhorem a educação no Brasil. Erly Cardoso Teixeira Professor titular da UFV
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Cursos da UFV recebem estrelas em avaliação do Guia do Estudante Mais uma vez, os cursos de graduação da UFV foram destaque na avaliação realizada pelo Guia do Estudante (GE), publicado na GE Profissões Vestibular 2015. Foram avaliados 40 cursos, dos 68 oferecidos pela instituição. Dentre eles, dois do campus Rio Paranaíba participaram pela primeira vez do Guia (Sistema de Informação e de Ciência e Tecnologia de Alimentos) e ambos alcançaram quatro estrelas. No total, foram 18 cursos com cinco estrelas e 18 com quatro. Apenas quatro obtiveram três estrelas. De acordo com o pró-reitor de Ensino da UFV, Vicente de Paula Lelis, nem todos os cur-
sos participaram do processo de avaliação, em função de critérios adotados pelos organizadores do Guia, como ter a titulação de bacharelado e turma formada há pelo menos um ano. Ele ressalta ainda que a Universidade manteve seu desempenho em relação a 2013, quando a instituição já havia sido muito bem avaliada. O Guia do Estudante é uma publicação da Editora Abril e, há 23 anos, avalia os cursos superiores do Brasil. Dentre outras informações, ele traz detalhes sobre cursos, mercado de trabalho e áreas de atuação.
CURSOS - ESTRELAS/2014 Administração (Rio Paranaíba) Agronomia (Rio Paranaíba) Ciência e Tecnologia de Alimentos (Rio Paranaíba) Sistemas de Informação (Rio Paranaíba) Administração (Viçosa) Agronegócio (Viçosa) Agronomia (Viçosa) Arquitetura e Urbanismo (Viçosa) Bioquímica (Viçosa) Ciência da Computação (Viçosa) Ciência e Tecnologia de Alimentos (Viçosa) Ciências Biológicas (Viçosa) Ciências Contábeis (Viçosa) Ciências Econômicas (Viçosa) Ciências Sociais (Viçosa) Dança (Viçosa) Direito (Viçosa) Economia Doméstica (Viçosa) Educação Física (Viçosa) Engenharia Agrícola (Viçosa) Engenharia Ambiental e Sanitária (Viçosa) Engenharia Civil (Viçosa) Engenharia de Agrimensura e Cartográfica (Viçosa) Engenharia de Alimentos (Viçosa) Engenharia de Produção (Viçosa) Engenharia Elétrica (Viçosa) Engenharia Florestal (Viçosa) Engenharia Mecânica (Viçosa) Engenharia Química (Viçosa) Física (Viçosa) Geografia (Viçosa) História (Viçosa) Jornalismo (Viçosa) Matemática (Viçosa) Medicina Veterinária (Viçosa) Nutrição (Viçosa) Pedagogia (Viçosa) Química (Viçosa) Secretariado Executivo (Viçosa) Zootecnia (Viçosa)
JORNAL DA UFV PUBLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Registro no Cartório de Títulos e Documentos da Comarca de Viçosa sob o nº 04, livro B, nº 1, fls. 3/3v
REITORA Nilda de Fátima Ferreira Soares VICE-REITOR Demetrius David da Silva COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (CCS) Kátia Fraga DIVISÃO DE JORNALISMO/CCS JORNALISTA RESPONSÁVEL E EDITORA Adriana Passos (Reg. Prof. 3400-MTb-MG) REDAÇÃO Adriana Passos, Izabel Morais, Léa Medeiros e Sabrina Areias FOTOGRAFIA Daniel Sotto Maior DESIGNER GRÁFICO Expedito Faria IMPRESSÃO Editora UFV Divisão Gráfica Universitária DIRETOR Clóvis Andrade Neves DIVISÃO DE GRÁFICA UNIVERSITÁRIA José Paulo de Freitas
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EXTENSÃO
Projeto alia brincadeira e interatividade para educação nutricional
Os jogos, que estão sendo trabalhados no formato digital, estimulam o desenvolvimento intelectual e a autonomia nas escolhas de alimentos saudáveis
Um projeto de extensão de alunos do curso de Nutrição da UFV campus de Rio Paranaíba tem abordado a alimentação, de forma lúdica e interativa, com crianças e adolescentes – de 6 a 14 anos - atendidos pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Com o intuito de promover a educação nutricional para esse público, a equipe está desenvolvendo recursos didáticos para serem aplicados tanto de forma presencial como em mídia digital. Jogo da memória, semáforo dos alimentos, labirinto, corrida saudável, dominó das frutas, palavras cruzadas e cozinha experimental são alguns desses recursos que vêm sendo trabalhados com o objetivo de estimular o desenvolvimento intelectual e a autonomia nas escolhas de alimentos saudáveis e na forma de preparo deles. O projeto Materiais didáticos interativos destinados à educação nutricional de crianças e adolescentes portadores de déficits cognitivos parte do
pressuposto de que a educação nutricional é um processo de aprendizagem, e não de adestramento. Por isso, de acordo com Monise Viana Abranches, professora do curso de Nutrição do campus Rio Paranaíba e orientadora do projeto, deve envolver estratégias de ensino-aprendizagem que permitam às pessoas compreender, dentro de suas limitações, as questões relacionadas à alimentação e à nutrição. Por meio de recursos didáticos diferenciados, a expectativa é melhorar os hábitos alimentares de crianças e adolescentes portadoras de déficits cognitivos, visando à prevenção de problemas futuros, como doenças cardiovasculares e metabólicas. Monise Abranches conta que a ideia do projeto surgiu de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) iniciado em 2013, na Apae de Rio Paranaíba, pela então estudante de Nutrição Gabriella Melo. Ali, ela trabalhou a educação nutricional presencial de crianças e adolescentes por
meio de jogos, teatro, experimentação de receitas, rodas de música e contação de histórias. Como outros alunos do curso de Nutrição se interessaram em participar do projeto e havia a percepção de escassez de literatura sobre o assunto, a equipe decidiu criar o grupo de estudos Especial Nutri, integrado atualmente pelos estudantes Caline Pereira (bolsista do projeto), Murila Araújo, Tereza Raquel Silva, Alana Ribeiro, Rodrigo Mendes e Ana Paula Mendes, todos alunos voluntários. Mediante as discussões da equipe, o grupo passou a desenvolver na forma digital o que vinha dando certo na Apae de Rio Paranaíba. Assim, em parceria com a equipe da Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (Cead) da UFV, os jogos presenciais e a cozinha experimental serão disponibilizados em uma página no site do curso de Nutrição da UFV-CRP. Com esse trabalho, de acordo com a professora Monise, o desejo é garantir
a outras crianças e adolescentes, mesmo que fisicamente distantes da Universidade, a oportunidade de ampliar os conhecimentos sobre alimentação saudável, por meio de jogos interativos. Ela lembra que esses recursos também têm por finalidade auxiliar na melhora da coordenação motora, raciocínio e memória, além de estar atrelado aos conhecimentos sobre matemática, português e ciências. Até agora, foram desenvolvidas e executadas na Apae cerca de 20 atividades presenciais destinadas à educação nutricional, 10 delas foram encaminhadas à Cead e seis jogos já estão em fase de testes. Vale destacar que o projeto aprovado no edital do Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (PIBEX) não está vinculado a uma disciplina específica. Ele alia os conhecimentos adquiridos na Universidade - especialmente na disciplina Educação Nutricional - às necessidades de um grupo populacional que tem poucas atividades voltadas para o seu desenvolvimento, no que se refere à alimentação e nutrição. Monise, que é formada em Nutrição pela UFV, conta que, durante a sua graduação em Viçosa, teve a oportunidade de participar de um grupo de estudos
O semáforo dos alimentos também é utilizado pelo grupo
que desenvolveu trabalhos na Apae com portadores de Síndrome de Down. Essa participação inspirou as atividades que atualmente orienta em Rio Paranaíba. E comenta: “Com esse projeto, somos capazes de interligar as disciplinas do curso de graduação, além de universalizar um pouco dos conhecimentos aprendidos em sala de aula. Diante de depoimentos dos membros da equipe, posso afirmar que esse trabalho nos faz crescer não somente como profissionais, mas principalmente como seres humanos. Na Apae, deixamos um pouco de nós e recebemos o que a vida pode nos propiciar de mais valioso: o cuidado para com o próximo”.
O Especial Nutri é coordenado pela professora Monise Viana Abranches (sentada)
Adriana Passos
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UFV incentiva capacitação de técnicos administrativos Para auxiliar na qualificação de seus técnicos administrativos, a UFV tem oferecido oportunidades de ingresso em programas de pós-graduação. Um deles é o Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania que está com inscrições abertas, até 30 de outubro. Dentre as 20 vagas do processo seletivo, 10 são direcionadas para servidores dos três campi da Universidade. As aulas terão início em março de 2015 e serão realizadas todas as sextas-feiras, o que permitirá aos mestrandos conciliar as atividades profissionais com as acadêmicas. O técnico Ângelo Antônio da Silveira, funcionário da Diretoria de Material da UFV, é um dos que demonstraram interesse no processo seletivo. Ele disse que pretende ingressar no mestrado para melhorar profissionalmente, adquirir novos conhecimentos e obter mais informações sobre a área de patrimônio cultural. Também foram oferecidas oportunidades para servidores dos três campi no Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede Nacional (Profiap), coordenado pela Associação Nacional dos Dirigentes das
Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Na UFV, as aulas começaram em outubro, no formato semipresencial – com atividades virtuais e presenciais. As presenciais acontecem nas instalações da Universidade, em Belo Horizonte e/ou em Florestal, a princípio a cada 15 dias. No primeiro processo seletivo, foram ofertadas 28 vagas para candidatos com diploma de curso superior devidamente registrado no Ministério da Educação. A carga horária do curso será de 480 horas e os participantes obterão o título de mestre em Administração Pública. O Profiap tem como objetivos capacitar profissionais para o exercício da prática administrativa avançada nas organizações públicas, contribuir para aumentar a produtividade do setor e possibilitar a melhoria da gestão pública. Ao todo, são nove universidades participantes, dentre elas, apenas a UFV e a Universidade Federal de Alfenas são de Minas Gerais. Outra oportunidade é o mestrado em Gestão e Avaliação da Educação Pública, da Universidade Federal de Juiz de Fora. A partir de uma parceria
José Ricardo Gonçalves (terceiro da esq. para dir.), técnico da DAC, realizou mestrado em Museologia na Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra
com a UFV, ele oferece cinco vagas por semestre para técnicos da federal de Viçosa. De acordo com o assessor especial da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas, Ely Rosa, além dessas iniciativas, a UFV concede bolsas para seus técnicos administrativos ingressarem em programas de pós-graduação de outras instituições. As bolsas mensais são de R$ 1.050,00 e R$ 600,00 para mestrado e especia-
lização, respectivamente. Os interessados devem se informar na Pró-reitoria de Pesquisa e Pósgraduação. A capacitação não se restringe a instituições brasileiras. José Ricardo Gonçalves é prova disso. O técnico de nível superior, lotado na Divisão de Assuntos Culturais, acaba de voltar ao Brasil, depois de dois anos em Portugal, onde realizou o mestrado em Museologia na Faculdade de
Letras, da Universidade de Coimbra. Segundo ele, a experiência trouxe melhorias para a sua vida pessoal e, sobretudo, profissional. José Ricardo conta que sua expectativa agora é aplicar o conhecimento obtido nos museus da UFV, “razão principal da realização do mestrado em uma das universidades mais tradicionais da Europa”. Sabrina Areias
Ex-aluno Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação aprova propostas da UFV A UFV foi habilitada para formação de parcerias em implementações de ações de apoio ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A habilitação ocorreu em agosto por meio do edital de convocação 01/ 2013 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) de todo o país apresentaram propostas de formação de parcerias para desenvolver ações no âmbito do PNAE.
As propostas deveriam seguir as linhas de colaboração em pesquisa, ensino e extensão como Unidades Acadêmicas Especializadas (UAE) ou Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane). Entre os critérios para a aprovação, as instituições precisavam demonstrar que realizam pesquisas e atividades de formação e extensão e que dispõem de corpo técnico com experiência e de instalações necessárias para o desenvolvimento de projetos afins.
A UFV conseguiu ser habilitada tanto em propostas para Cecane quanto UAE. O Cecane é uma unidade de referência e apoio constituída para desenvolver ações e projetos no âmbito do PNAE, com estrutura e equipe para execução das atividades nas áreas de interesse prioritário do programa. Já a UAE consiste em uma estrutura específica das Ifes voltada para um projeto nas áreas de interesse prioritário do PNAE.
O engenheiro agrônomo Balbino Bastos França, ex-aluno da Escola Superior de Agricultura e Veterinária (Esav) atual UFV - completou 100
anos em 2014. Ele, que fez parte da turma de 1936, mora, atualmente, no Rio de Janeiro (RJ), e se mantém atualizado sobre temas referentes à agricultura. Balbino escreveu três livros: Imagens que Guardei (2001), A Última Colheita (2003) e Cenas da Roça (2006). Depois de formado, Balbino se qualificou profissionalmente nos Estados Unidos e em Israel. Dedicou parte da sua vida profissional a questões vinculadas à ecologia, ao meio ambiente e ao paisagismo, tendo ocupado cargos públicos nessas áreas.
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UFV celebra 88 anos com apresentações culturais e homenagens Agradecimento Na tarde de 4 de setembro, a Universidade também entregou certificados de reconhecimento e agradecimento a professores e técnicos administrativos aposentados. Foram homenageados 257 funcionários que completaram cinco (Jubileu de Madeira), 10 (Jubileu de Estanho), 15 (Jubileu de Cristal),
aos aposentados 20 (Jubileu de Porcelana), 25 (Jubileu de Prata) e 30 anos (Jubileu de Pérola) de aposentadoria.
Medalha Peter Henry Rolfs
A apresentação da Banda de Fuzileiros Navais reuniu cerca de quatro mil pessoas no gramado das Quatro Pilastras
Para comemorar o aniversário de 88 anos, a Universidade promoveu uma série de eventos, em agosto. A programação contou com exposições e apresentações culturais, além de homenagens a funcionários que contribuíram com o desenvolvimento e sucesso da instituição. No campus Viçosa, a programação foi marcada por apresentações do Coral da UFV e da Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais, que reuniu cerca de quatro mil pessoas no gramado das Quatro Pilastras. O grupo, que tem mais de 140 anos de história, apresentou clássicos do erudito ao popular e agradou aos mais diferentes gostos e idades. O mesmo gramado recebeu, nos dias 30 e 31, a sétima edição do Circuito ViJazz & Blues e suas atrações reconhecidas regional, nacional e internacionalmente.
Foram cerca de 12 horas de música em apresentações gratuitas dos grupos World Percussion Ensemble (WPE) e The Teardrops, dos guitarristas Armandinho e Nuno Mindelis e do contrabaixista viçosense Luciano Cruz e seus convidados. Homenagens A sessão solene realizada em 28 de agosto, dia do aniversário da Universidade, homenageou 69 funcionários que dedicaram 25 e 30 anos em benefício da instituição e da sociedade. A data também foi reservada para agradecer aos professores e técnicos administrativos que ainda se dedicam à construção da história da UFV. Neste ano, a Medalha Peter Henry Rolfs do Mérito em Ensino foi entregue ao professor Oderli de Aguiar, do Departamento de Física. A medalha do Mérito em Pesquisa foi atribuí-
A banda norte-americana The Teardrops foi uma das atrações internacionais do sétimo ViJazz & Blues
da ao professor José Eduardo Serrão, do Departamento de Biologia Geral, e a do Mérito em Extensão, ao professor João Paulo Viana Leite, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular. A agraciada com a Medalha Peter Henry Rolfs do Mérito Administrativo foi a técnica Terezinha de Castro Fontes (Tedinha), que atua no Departamento de Economia Rural. Entre os que se dedicaram efetivamente e em tempo integral à UFV por 25 anos – além de terem comportamento exemplar e progredido, por méritos próprios, na hierarquia da carreira do magistério superior –, estiveram 20 professores, que receberam a medalha Bello Lisboa. Já a medalha José Valentino da Cruz foi entregue a 41 técnicos administrativos com 30 anos de serviço e a quatro técnicas com 25 anos de dedicação à UFV. Na sessão solene, a reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares comentou sobre algumas mudanças ocorridas na UFV nos últimos 30 anos e destacou a atuação multicampi. São cerca de 20 mil estudantes, 1.200 professores, 2.500 técnicos administrativos e mil terceirizados: “Essa grande família constrói a história da UFV, que entende a importância de cada um”. A cerimônia terminou com um bolo, servido a todos os participantes. Izabel Morais
Mérito em Ensino
Mérito em Extensão
“Recebo essa homenagem não com a sensação de dever cumprido, mas como estímulo adicional para continuar desenvolvendo minhas atividades nessa grandiosa universidade”.
“Precisamos formar estudantes críticos e com espírito de transformação social. E, para isso, o envolvimento desses estudantes com a extensão, sei que não é o único caminho, mas, com certeza, terá papel diferenciado na sua formação.”
Oderli de Aguiar
João Paulo Viana Leite
Mérito em Pesquisa “Procurei exercitar, nessa trajetória, uma ação docente que, no meu entendimento, tinha que ser ampla, transcendendo o aspecto conteudista e enfatizando a crítica e o comprometimento com a dinâmica da sociedade e com os valores sociais e éticos.” José Eduardo Serrão
Mérito Administrativo “Atuei como secretária de expediente do Departamento de Economia Rural nos mandatos de 12 chefes, todos muito importantes para mim, aos quais agradeço pela confiança. Os desafios foram muitos, mas o reconhecimento de cada um foi gratificante e compensador.” Terezinha de Castro Fontes
O Coral da UFV apresentou repertório variado, da MPB ao pop rock
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ENTREVISTA
JOSÉ MANUEL MORAN
Estamos ensinando assuntos demais e de forma pouco eficiente O uso de metodologias ativas, como o PBL (aprendizagem baseada em problemas), e de novas tecnologias tem crescido na educação em todo o mundo e foi tema da 1ª Semana de Debates do Programa Primeiro Ano, realizada em agosto, no campus Viçosa. O evento contou com a participação de especialistas do Brasil e do exterior. Dentre eles, o pesquisador José Manuel Moran, que tem se destacado nessas duas áreas. Ele é professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e vem atuando em projetos educacionais inovadores com metodologias ativas nas modalidades presencial e a distância. Nesta entrevista, o professor Moran falou sobre a situação da educação no Brasil tanto no ensino fundamental quanto no superior – e sobre as perspectivas de mudança com a utilização de tecnologias e metodologias ativas. Ele comentou ainda sobre o Programa Primeiro Ano da UFV e sobre a eficiência e o futuro dos MOOCs, que oferecem para um grande número de alunos a oportunidade de ampliar seus conhecimentos, principalmente por meio de aulas e palestras disponíveis na internet. Para conhecer mais sobre as ideias do professor José Moran, acesse: www2.eca.usp.br/moran
- Desde que começou a trabalhar com educação, o senhor considera que houve mudanças significavas nesta área no Brasil? A educação tem avançado em alguns pontos importantes, como a universalização e a consciência da sua importância para o futuro dos cidadãos e do país. Mas, com as mudanças aceleradas atuais, é muito mais complexo ensinar e aprender. Estamos ensinando assuntos demais e de forma pouco eficiente. Anos de ensino fragmentado dificilmente conseguem preparar crianças e jovens para compreender e viver num mundo tão complexo e mutável. A formação, em geral, deixa de lado competências fundamentais, como saber conviver, empreender, ser criativo, desenvolver um projeto de vida que faça sentido e que nos ajude a desenvolver todo nosso potencial como pessoas, profissionais e cidadãos. A boa notícia é que hoje temos inúmeras oportunidades de aprender, mesmo morando em lugares distantes dos grandes
centros. Podemos aprender com pessoas interessantes perto de nós (sempre há algumas) e com muitas outras no mundo inteiro, estando conectados, participando de cursos abertos, projetos e grupos com os quais sintonizamos. - Questiona-se muito a qualidade da educação brasileira que, segundo muitos, tem piorado sensivelmente a cada ano. A que fatores o senhor, como educador, atribuiria essa situação? São muitos fatores, alguns estruturais (descaso, desvalorização profissional, corrupção). Mas está acontecendo algo mais profundo, no mundo inteiro: uma defasagem entre os modelos de ensinar e as formas de aprender, mesmo nos países considerados líderes na educação. Os modelos disciplinares e transmissivos de informações estão em profunda crise e ainda estamos construindo outros, testando-os, avaliando-os, para ver se podem ser úteis para todos. O que sempre fizemos (o modelo industrial de ensinar) não nos satisfaz, mas também não
sabemos como educar de forma mais interessante milhões de pessoas a um custo razoável. - Para o senhor, a tendência no ensino superior no Brasil é a de que as disciplinas se tornem, cada vez mais, semipresenciais, com mais atividades fora de sala de aula e utilização de metodologias ativas e tecnologia? A tendência no ensino superior é a de preparar pessoas para desenvolver competências mais amplas como pessoas, profissionais e cidadãos, de forma que possam adaptar-se a mudanças, ser mais empreendedores e realizar-se mais, porque as formas de exercício profissional também estão mudando mais profundamente do que a maioria pensa. O ideal seria abolir o modelo disciplinar – que separa tudo em pedaços – e organizar um currículo mais centrado em problemas reais, em desafios interessantes e complexos, com professores orientando os projetos de cada aluno e os dos grupos. Para a maior parte das instituições, esse
modelo é difícil de implementar a curto prazo. O caminho viável imediatamente é inserir metodologias ativas no modelo disciplinar, ampliando o grau de integração entre áreas de conhecimento, por meio de projetos comuns, de atividades desafiadoras significativas e modificando o que tradicionalmente é feito na sala de aula. Não precisamos explicar os conceitos básicos em classe, inicialmente, porque podem ser estudados pelos alunos em casa, no ambiente virtual ou em outro espaço. Dessa forma, podemos concentrar na sala de aula as atividades de ampliação de conhecimentos, de aprofundamento, de problematização, de construção de novos cenários, que exigem a presença de um professor mais experiente. O blended learning (ensino híbrido), com aula invertida (básico antes, aprofundamento depois) e metodologias ativas, é uma combinação interessante para começar a sair do impasse onde nos encontramos. - Mas o senhor acredita que hoje os estudantes e professores estão preparados e acessíveis a essa nova realidade? Ninguém está preparado, porque é um modelo diferente do convencional e a tendência imediata sempre é repetir o que sempre se fez. Estou impressionado como muitas pessoas, mesmo bem jovens, ainda estudem só por obrigação, para obter um certificado. Muitos alunos, professores e gestores não conseguem redescobrir o prazer de aprender, nem perceber que está também nas mãos deles aprender de forma diferente num mundo conectado. - Normalmente, observamos dois comportamentos frequentes entre os professores: ou de total descrédito quanto ao uso de tecnologias
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA na educação ou de deslumbramento com a tecnologia, sem se preocupar em articulá-la com a metodologia adequada, nem com instrumentos didáticos adequados. Como o senhor avalia esses posicionamentos? Nem descrédito nem deslumbramento resolvem. Educação é um processo complexo, demorado, que exige motivação, curiosidade, método e perseverança. As tecnologias hoje não são só apoio para melhorar a aula; são espaços constitutivos da aprendizagem, isto é, com elas podemos ir muito além do que antes: permitem-nos aprender em qualquer tempo, lugar, de múltiplas formas, sem sair da nossa realidade local. As tecnologias estão pressionando nessa redefinição de espaços e formas de aprender. Elas nos libertam dos maus professores, porque podemos comparar as informações sobre um assunto com outras aulas abertas, disponíveis na Internet, e ir muito além do previsível num currículo engessado. As tecnologias devem estar a serviço de metodologias ativas de aprendizagem.
“
Anos de ensino fragmentado dificilmente conseguem preparar crianças para compreender e viver num mundo tão complexo e mutável
”
- No caso dos ensinos fundamental e médio, a tecnologia seria um grande aliado do educador não só para interessar o aluno, como também para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais efetivo. Mas o que falta para que isso ocorra: políticas públicas específicas; vontade política; recursos financeiros, etc.? No ensino fundamental, a pressão por mudanças é muito maior, porque as crianças, desde que nascem, já percebem que o mundo é outro: podem aprender o que interessa, que tudo está disponível e que sempre há colegas para tirar qualquer dúvida. Elas aprendem muito informalmente. Nosso modelo tradicional
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é insuportável para elas. Ensinamos assuntos demais, de forma inadequada. O ensino focado em problemas, jogos, desafios, projetos pessoais e grupais é fundamental para que eles aprendam de forma mais rica, aberta, interligada, ativa, prazerosa, motivadora. Faltam recursos, formação e valorização docente, mas principalmente mudar o foco do ensino fragmentado para a aprendizagem mais próxima do que o aluno percebe, deseja, sonha. Os alunos mais novos não percebem o sentido da maior parte do que ensinamos.
“
O ideal seria abolir o modelo disciplinar – que separa tudo em pedaços – e organizar um currículo centrado em problemas reais e desafios
”
- É inegável a importância dos Massive Open On-line Courses ou MOOCs (Cursos Massivos Abertos On-line) para a socialização do conhecimento. O senhor acredita na eficiência do formato de longas palestras ou aulas, como têm sido desenvolvidas, até mesmo no Brasil? Os MOOCs são um fenômeno recente, de grande impacto, que ainda estão em evolução e consolidação. O fator positivo inegável é que permitem a quem quiser aprender algum assunto do seu interesse que ele tenha muitas possibilidades de escolher onde fazê-lo grátis ou a um custo baixo (se quiser certificação). Temos cursos livres muito tradicionais disponíveis ao lado de outros muito mais participativos e adaptados às necessidades de cada aluno. Os melhores utilizam vídeos curtos, interessantes, atividades pessoais e, em pequenos grupos, várias formas de avaliação: por pares, autoavaliação, portfólios (percursos de aprendizagem). - E quais seriam os formatos mais adequados para os MOOCs? O importante não é pensar em MOOCs, mas sim em cursos on-line ou blended, cursos semipresenciais ou totalmente na
web. Blended, isto é, misturados, flexíveis, adaptáveis ao ritmo de cada aluno, às suas necessidades. On-line, para aqueles que moram longe, que não podem se deslocar frequentemente para encontrar-se com colegas e professores ou que viajam muito profissionalmente. Tanto no blended como no on-line, os alunos podem aprender, parte sozinhos e parte do tempo com alguns colegas, nos modelos de formação. Professores podem acompanhar o progresso de cada aluno com plataformas adaptativas e dimensionar as atividades de acordo com o perfil de cada aluno e o avanço realizado. - O senhor participou dos debates promovidos pela Comissão do Primeiro Ano da UFV. Qual área (metodologia, carga horária, etc.) o senhor apontaria como mais importante para ser avaliada e/ou reformulada no primeiro ano da graduação, a fim de obter resultados imediatos e consistentes? Só posso falar como alguém que não conhece toda a complexidade da realidade local e minhas opiniões são meramente sugestões. O primeiro ano tem que integrar muito mais as disciplinas, por meio de alguns projetos importantes comuns; desenvolver muito mais o ensino com pesquisa, com o modelo de aula invertida - uma parte do currículo (o básico) no modelo on-line e o aprofundamento em sala de aula. Isso exige combinação de tempos presenciais e virtuais, que reduzam o número de horas de contato físico. No começo, as competências de pesquisa e aprendizagem on-line podem ser aprendidas presencialmente nos laboratórios, para depois implementar a aula invertida em um modelo híbrido, com muita ênfase em atividades e projetos. A universidade precisa testar esses novos modelos com alguns cursos que tiverem mais professores dispostos ou em algumas disciplinas nas quais os professores são mais proativos e fazer um planejamento mais institucional para ampliar para todos os cursos em um ou dois anos. João Batista Mota Jornalista da Cead-UFV
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Professor recebe prêmio do International Plant Nutrition Institute
O professor da UFV Victor Hugo Alvarez foi agraciado com o prêmio do International Plant Nutrition Institute (IPNI) na categoria pesquisador sênior. A premiação aconteceu durante a assembleia geral da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, realizada no dia 17 de setembro, em Araxá (MG), onde aconteceu a FertBio 2014 - Reunião Anual de Fertilidade e Biologia do Solo. O IPNI oferece, anualmente, prêmios em níveis nacional e internacional com os objetivos de reconhecer e homenagear os profissionais que realizam trabalhos de excelência nas áreas de nutrição de plantas, fertilidade do solo e fertilizantes. Esta foi a primeira vez que um professor da UFV recebeu a premiação, concedida desde 2009. O prêmio foi entregue pelo diretor do IPNI no Brasil, Luiz Ignácio Procnow. Em seu discurso de agradecimento, o professor Victor
Hugo dividiu o mérito da premiação com a equipe de pesquisadores da área de fertilidade do solo e nutrição de plantas do Departamento de Solos da UFV: “Sem falsa modéstia, nossa equipe construiu na UFV uma boa escola baseada na química, na física e físico-química para tratarmos de entender esta maravilhosa propriedade que é a fertilidade do solo”. O professor Victor Hugo nasceu no Equador, onde se formou em Engenharia Agronômica. Ele fez especialização em Estatística Experimental pelo Instituto Superior de Estatística da Universidade de Paris (ISSUP), mestrado em Fitotecnia pela UFV e doutorado em Ciência do Solo, no México. É professor titular do Departamento de Solos da Universidade desde 1974. Mesmo depois de aposentado, continua ministrando aulas e orientando estudantes de pósgraduação como professor voluntário.
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PESQUISA
Pesquisas conquistam Prêmio Henry Nestlé
A pesquisa é parte da dissertação de mestrado de Flávia Galvão (dir.), orientada pela professora Rita de Cássia (esq.)
Incluir produtos derivados de leite desnatado em dietas pode ajudar a perder peso, a manter o novo peso conquistado e a prevenir doenças causadas pelo excesso de ácido úrico. Estas são as conclusões da pesquisa que deu às suas autoras o Prêmio Henry Nestlé 2014, na categoria Nutrição Clínica, destinada a pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. A premiação aconteceu no mês de agosto, em São Paulo. A pesquisa é parte da dissertação de mestrado da nutricionista Flávia Galvão Cândido, orientada pela professora Rita de Cássia Gonçalves Alfenas. Também participaram do trabalho as nutricionistas Dayse Mara e Raquel Duarte. Durante 45 dias, elas avaliaram o emagrecimento de 33 mulheres de Viçosa que estavam com excesso de peso e consumiam pouco cálcio. As mulheres foram clinicamente avaliadas e, para cada uma, foi prescrita uma dieta com redução de 500 calorias por dia, o suficiente para perder cerca de dois quilos em um mês. Diariamente, recebiam um café da manhã preparado especialmente para elas no Laboratório de Metabolismo Energético e Composição Corporal do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV. Um grupo recebia alimentos derivados de leite desnatado; o outro apenas suplementos medicamentosos contendo cálcio e havia o terceiro, o grupo controle, comum em pesquisas deste tipo. As pesquisadoras concluíram que as mulheres que ingeriram quatro ou cinco porções diárias de laticínios desnatados perderam mais que o dobro de peso que as participantes dos outros grupos. Além disso, elas também
reduziram mais rapidamente a circunferência da cintura onde, geralmente, acumula-se mais gordura. “Esta gordura na região da barriga e dos quadris é a que mais predispõe as pessoas a riscos cardiovasculares e ao diabetes”, explica a professora Rita Alfenas. O que mais surpreendeu as pesquisadoras foi o fato de que a dieta rica em leite desnatado e seus derivados reduziu os níveis de ácido úrico que também predispõem ao diabetes e a hipertensão arterial. Algumas pesquisas anteriores já haviam demonstrado que populações que consomem mais leite são mais magras e têm menos acúmulo de gordura corporal localizada. A ingestão de leite desnatado aumenta o percentual de massa magra, ou seja, a porção de músculos. “Leite é proteína de boa qualidade, desde que seja desnatado. Se a pessoa não tiver intolerância, é um ótimo alimento para dietas”, ressalta Flávia. Algas em sua mesa Outro projeto ganhador do Henry Nestlé 2014 foi Algas em Sua Mesa, com duas premiações
nas categorias Nutrição e Saúde Pública e Ciência e Tecnologia de Alimentos. O prêmio foi recebido pela coordenadora do projeto e professora Ana Vládia Bandeira Moreira, pela mestranda Camila Gonçalves de Oliveira Chagas e pela ex-estudante de graduação Nathália Silva de Paula. A professora Ana Vládia explica que os desafios do projeto eram apresentar uma alternativa para as comunidades carentes que vivem do mar, minimizar a pressão sobre os recursos marinhos e desenvolver produtos alimentícios a base de algas que garantissem boa qualidade sensorial e nutricional. Ao mesmo tempo deveriam representar uma opção de renda para as maricultoras dos municípios de Rio do Fogo (RN) e Pitimbu (PB), além da Comunidade de Pedrinhas (CE). A equipe de Viçosa procurou formas de utilizar uma alga vermelha, típica de região, cujo principal componente é o hidrocoide, conhecido como Agar, que tem características geleificantes e espessantes, muito usado nas indústrias de alimentos, medicamentos e cosméticos. As pesquisadores da UFV desenvolveram produtos para serem comercializados pelas maricultoras. O trabalho resultou em uma cartilha com receitas fáceis de sorvetes, panquecas, pães, bolos, saladas, gelatinas e manjares que utilizam a alga e outros produtos típicos da região nordestina. Para isso, a equipe trabalhou desde a caracterização química até o desenvolvimento de produtos inovadores que garantem a qualidade sensorial e nutricional dos alimentos. Léa Medeiros
A equipe das pesquisadoras premiadas é coordenada pela professora Ana Vládia (segunda da esq. para dir.)
Videogames ativos podem trazer benefícios para crianças Jogar videogames ativos, daqueles que permitem o movimento do jogador com o próprio corpo, sem o controle nas mãos, equivale a uma caminhada na velocidade de cinco quilômetros/ hora numa esteira. Isso quer dizer que jogar games ativos não é uma atividade tão sedentária assim, como muitos pais acreditam. A descoberta foi feita por
ca energia quando jogam os games tradicionais, sentadas, apenas controlando a manete. Isso quer dizer que há uma geração de crianças e adolescentes cultivando o sedentarismo, o que pode resultar em crianças acima do peso, com pouco condicionamento aeróbico e possibilidades de desenvolver problemas de saúde, como obesidade, hipertensão e diabetes.
Michel Henriques, de 9 anos, foi um dos meninos que fizeram os testes
pesquisadores do Departamento de Educação Física da UFV e a conclusão está na dissertação de mestrado da pesquisadora Karina Lúcia Ribeiro Canabrava. Ela foi orientada pelo professor Paulo Roberto dos Santos Amorim, que lidera o grupo de pesquisas com comportamentos sedentários na UFV. Karina avaliou mais de 3.600 crianças e adolescentes, meninos e meninas, que estudam entre o quinto e o nono ano do ensino fundamental em 19 escolas de Viçosa. A pesquisa mostra que cerca de 80% dos entrevistados têm o hábito de jogar videogames quase todos os dias. Também foi avaliado o tempo em que as crianças passam diariamente em frente à tela dos videogames. A recomendação de especialistas é que o tempo de tela total aquele gasto também com computador, TV e outras mídias eletrônicas - não ultrapasse duas horas por dia. A conclusão não deve surpreender os pais acostumados a, pelo menos, tentar controlar o tempo dos filhos: a maioria das crianças e adolescentes passa em torno de quatro horas só jogando videogames, isso sem contar a TV e o computador. Segundo Karina, as crianças gastam pou-
A pesquisadora também avaliou o gasto energético de meninos e meninas, com idade entre 8 e 13 anos, durante jogos ativos. Foram usados diversos parâmetros definidos pela metodologia da pesquisa, tais como consumo de oxigênio, frequência cardíaca, composição corporal e até o nível econômico de quem se submeteu aos testes. Os mesmos parâmetros serviram para avaliar o gasto calórico em caminhadas moderadas, o que equivale às atividades físicas tradicionais como brincar ao ar livre. Karina Canabrava concluiu que os videogames tradicionais contribuem para o comportamento sedentário e que os resultados favoráveis, no caso dos games ativos, não eximem os pais de insistir na prática de outros exercícios físicos. “As atividades virtuais ativas não devem substituir, mas sim complementar as habituais de crianças e adolescentes”. Segundo ela, as brincadeiras e jogos ao ar livre trazem outros benefícios, além do condicionamento aeróbico: “as crianças aprendem a competição saudável, a conviver bem com os colegas e muitas outras coisas que os jogos virtuais não favorecem”. Léa Medeiros
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Pesquisadores usam tecnologia de luz síncrotron no estudo de alternativas para produção de fertilizantes no Brasil Pesquisadores do Departamento de Solos da UFV são os pioneiros das geociências no Brasil no uso da tecnologia de luz síncrotron em pesquisas que podem levar à produção de novos fertilizantes, à melhor compreensão da dinâmica e ao destino de nutrientes e elementos tóxicos no ambiente e ao estudo de processos biogeoquímicos que ocorrem em áreas remotas, como a Antártica. As pesquisas estão sendo realizadas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), e já estão trazendo resultados para a produção de fertilizantes a partir de fontes alternativas de minerais. O GeFert, como é chamado o Grupo de Estudos em Fertilizantes da UFV, também tem conseguido sucesso na busca por alternativas viáveis para produção de Fósforo (P) e Potássio (K) que, juntamente com o Nitrogênio (N), formam o NPK, principal composto químico das fórmulas dos fertilizantes minerais usados para obtenção de produtividades economicamente satisfatórias. A importância da pesquisa se justifica pela extrema dependência que o Brasil tem de importação de fertilizantes minerais. O mundo sabe que a agricultura movimenta a economia brasileira e que os grandes cultivos do Cerrado geram as tão desejáveis commodities do agronegócio para produção de alimentos, exportação e crescimento econômico. Mas não seria assim se não fossem os fertilizantes. Os solos do Cerrado são pobres e dependentes desses fertilizantes para produzir alimentos, fibras e biocombustíveis. O problema é que, se o Brasil é grande exportador do agronegócio, ele é também um grande importador de fertilizantes. E não é só o Brasil. A maioria dos países produtores agrícolas depende de fontes externas de Nitrogênio, Potássio, Fósforo e Enxofre. O Brasil compra 90% do Potássio e 55% do Fósforo que utiliza nos fertilizantes agrícolas e
No LNLS, em Campinas, os professores Leonardus Vergutz (esq.) e Edson Mattielo (dir.) realizam pesquisas com o estudante Rodolfo Fagundes utilizando luz síncrotron
essa demanda tende a aumentar 3% ao ano apenas para manter a produção agrícola atual. Estima-se que o consumo brasileiro deverá ultrapassar 200 milhões de toneladas em 2015. É por isso que, há muito tempo, os principais gigantes agrícolas discutem como reduzir a dependência dos países produtores de fertilizantes, que controlam os preços dos produtos como querem e podem se tornar uma ameaça à segurança alimentar, no caso de conflito internacional ou boicote à comercialização destes minerais. Fontes alternativas Nos países onde estão as principais jazidas, o Fósforo e o Potássio são facilmente retirados das minas onde foram sedimentados em rochas durante a evolução do planeta. Mas há outros minerais que contêm estes elementos químicos e é neles que o GeFert procura alternativas para aumentar a produção e reduzir a dependência dos produtos importados. “Nunca vamos ter as mesmas fontes abundantes destes países, mas temos alternativas possíveis no Brasil. Contudo, não basta apenas descobrir as fontes. É preciso descobrir meios eficientes de retirar os elementos dos minerais sem custos que inviabilizariam a produção”, diz o pro-
fessor Leonardus Vergütz, membro do GeFert. O professor Edson Mattielo, também integrante do grupo, explica que algumas fontes destes nutrientes são até abundantes no Brasil, mas apresentam baixas solubilidade e eficiência agronômica e, por isso, já foram descartadas. Este era o caso do verdete, uma rocha rica em Potássio, comum na região central de Minas Gerais. O problema é que, comparado às jazidas tradicionais, no verdete, o Potássio é encontrado em baixas concentrações e está muito preso a estruturas químicas difíceis de serem liberadas, o que encarece a extração. Para isso, os pesquisadores estudam tratamentos térmicos com a adição de diferentes fundentes e de microrganismos capazes de solubilizar o mineral e de produzir adubos potássicos. Estas pesquisas envolvem parcerias com os departamentos de Microbiologia e Fitopatologia da UFV. Os resultados obtidos pelo GeFert são promissores e poderão gerar novas patentes para o Brasil e reduzir a dependência internacional. “As pesquisas serão fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias de produção de fertilizantes, com fontes alternativas e viabilidade econômica e ambiental”, comenta o professor Ed-
son Mattiello. Luz síncrotron Além dos problemas de produção, as tecnologias para uso de fertilizantes não evoluíram muito nos últimos 30 anos. Por isso, a equipe do GeFert também se dedica a compreender como são as estruturas moleculares dos principais elementos nesses fertilizantes. De uma mesma rocha podem sair, por exemplo, proporções diferentes de cloretos, silicatos e outros compostos químicos que a indústria classifica genericamente apenas como Potássio. Com as tecnologias disponíveis, a identificação precisa de cada composto ainda não era possível. Foi então que os pesquisadores de Viçosa buscaram o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Esta tecnologia permite conhecer, com precisão, a espécie química de cada elemento presente na rocha e o ambiente químico no qual está inserido. Todo o acompanhamento das transformações ocorridas durante os diferentes tratamentos aplicados ao verdete, por exemplo, só foi possível pelo uso das técnicas espectroscópicas avançadas disponíveis no LNLS. Numa mesma amostra do fertilizante potássico obtido, eles identificaram a formação de diferentes
proporções de silicato e cloreto de potássio. Os cloretos são os sais de potássio mais utilizados nos fertilizantes. Porém, os silicatos são materiais nobres e mais caros, que podem ter aplicações na indústria farmacêutica e cerâmica. O desenvolvimento de um processo de separação dessas duas formas poderia viabilizar economicamente a extração de potássio do verdete, mesmo que em baixas concentrações. A equipe está procurando entender mecanismos e interações que acontecem em escalas ínfimas, mas os dados obtidos podem gerar resultados surpreendentes para o agronegócio no país. “Embora, esse tipo de trabalho possa parecer uma ciência muito básica, sem aplicação prática, é somente através do conhecimento gerado por essas pesquisas que novas tecnologias podem ser propostas e testadas”, explica o professor Leonardus. Além do Grupo de Fertilidade do Solo, outros professores do Departamento de Solos da UFV também têm desenvolvido estudos no LNLS relacionados ao sequestro de carbono na matéria orgânica do solo, disponibilidade e destino de elementos tóxicos e de metais terras raras no ambiente e caracterização e processos de formação de solos antárticos. Dentre eles, estão os professores Leonardus Vergütz, Edson Márcio Mattiello, Leônidas Carrijo de Azevedo Melo, Ivo Ribeiro da Silva, Roberto Ferreira de Novais, Nairam Félix de Barros, Liovando Marciano da Costa, Jaime Wilson Vargas de Mello, Maurício Paulo Ferreira Fontes e Carlos Ernesto Gonçalves Reynaud Schaefer.
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EVENTOS
SIF: 40 anos de história
O atual presidente da SIF (à dir.) entregou uma placa ao precursor da Sociedade, o professor Roberto da Silva Ramalho
A Sociedade de Investigações Florestais (SIF) comemorou 40 anos. Em uma cerimônia realizada no dia 19 de setembro, foram lembrados nomes e ações importantes para que a SIF fosse considerada, hoje, um exemplo de parceria público-privado, atuante em todas as etapas do desenvolvimento florestal brasileiro e reconhecida internacionalmente. O engenheiro florestal Roosevelt de Paula Amado, que desde 2013 está na presidência da Sociedade, onde cumpre um mandato de dois anos, lembrou exemplos positivos de inovação e de melhorias no setor florestal, dos quais a SIF foi protagonista. Dentre eles, o avanço do controle de pragas e doenças, a definição e diversificação de material genético que dominam as práticas de clonagem, a elevação da produtividade – em poucas décadas passou-se de 12 metros cúbicos por hectare para 40 metros cúbicos -, a adoção de práticas silviculturais ambientalmente corretas e a formação de um banco genético bastante completo das espécies de
eucalipto e pinus existentes no mundo. O presidente, que é ex-aluno da UFV, chamou a atenção, contudo, para os desafios que estão colocados em função de algumas tendências globais. Uma delas diz respeito ao aumento da população do mundo que, até 2050, deverá ser de nove bilhões de pessoas. Isso, em sua avaliação, provocará uma competição acirrada pelo uso da terra e um aumento da pressão sobre os recursos naturais. Roosevelt citou ainda o fato de que serão necessários 250 milhões de hectares de florestas plantadas para atender à demanda mundial. Por isso, “plantações bem manejadas serão uma alternativa para superar desafios”. E ressaltou: “a ciência e tecnologia serão um grande diferencial competitivo entre países”. Em sua opinião, “a SIF deve estar preparada para a promoção do desenvolvimento do setor florestal por meio da pesquisa científica, da geração de conhecimento e do treinamento, a partir de projetos de cunho técnico, econômico e socioambiental”.
Prêmio Novos Talentos para Agricultura Sustentável Os estudantes da UFV ganharam uma nova oportunidade de aplicar seus conhecimentos em prol da sociedade: o Prêmio Novos Talentos para Agricultura Sustentável. A iniciativa do Instituto Fórum do Futuro, que conta com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), foi lançada no campus Viçosa, em outubro. Sua proposta é desafiar os universitários a pensarem no aumento da produção de alimentos em escala planetária a partir de sistemas produtivos sustentáveis. A UFV está participando do Prêmio juntamente com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Lavras (Ufla) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O lançamento foi realizado pelo diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, integrante da Academia Brasileira de Ciências e ex-reitor da UFV, Evaldo Ferreira Vilela, que falou sobre a crise de oferta de alimentos projetada para as próximas décadas e a necessidade de utilizar novos conhecimentos e tecnologias para expandir a produção agrícola do Brasil de uma maneira sustentável. Para ele, é importante a participação de estudantes: “existe muito talento e inteligência que precisam ser canalizados. Por isso, o Prêmio foi criado. O potencial dos alunos da UFV de contribuir é enorme”. O professor Evaldo foi acompanhado pelo gerente executivo do Fórum do Futuro e jornalista, Fernando Barros, que ministrou uma palestra sobre a imagem projeta-
da da agricultura sobre a opinião pública urbana. Ele explicou que o foco é mudar a percepção da sociedade urbana do que significa a agricultura para o país, dos pontos de vista social, econômico e ambiental. A agricultura, segundo ele, “é a vocação do Brasil” e, por isso, é tão importante. No campus Viçosa, o lançamento do Prêmio foi coordenado pelo diretor do Centro de Ciências Agrárias, Rubens Alves de Oliveira, que parabenizou a iniciativa por instigar os jovens a pensar diferente, a inovar e a transformar. Para a reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares, os estudantes da UFV estão preparados para enfrentar o desafio e
apresentar boas ideias. “Esse é o momento em que vamos poder usar o conhecimento a favor da sociedade”, destacou. Inscrição e premiação O Prêmio Novos Talentos para Agricultura Sustentável escolherá as melhores ideias de cada uma das quatro universidades envolvidas. Informações sobre inscrições e seu regulamento estão disponíveis no site www.premionovostalentos.com. A premiação final será em Brasília, no dia 25 de novembro. No total, serão R$ 55 mil em prêmios: 1º colocado: R$ 30 mil; 2º colocado: R$ 15 mil; 3º e 4º colocados: R$ 5 mil.
Da esq. para dir., os professores Rubens Alves, Evaldo Vilela, Nilda Soares e Demetrius David da Silva e o gerente executivo do Fórum do Futuro, Fernando Barros
Universidade ganha Coral Infantil No dia 11 de outubro, aconteceu a estreia do Coral Infantil da UFV, composto por 32 crianças de 7 a 12 anos. Sob o comando do maestro Ciro Tabet, o grupo mostrou o resultado de um trabalho que vem sendo realizado há cerca de seis meses. Embora esse tempo, na avaliação do maestro, não seja suficiente para se alcançar o ideal vocal – o que se consegue por
volta de dois anos -, a apresentação agradou ao público e, mais do que isso, reforçou as expectativas de pais que acreditam na arte como elemento de formação. O repertório escolhido para o espetáculo de estreia, que incluiu músicas populares e do folclore brasileiro, foi montado de maneira didática, com o objetivo de estruturar a base vocal dos inte-
grantes. De acordo com Ciro Tabet, o Coral “traz à tona um anseio de muitos anos da Universidade de ter crianças, filhos de funcionários, fazendo alguma atividade artística”. É também um pontapé inicial para um trabalho de música para as crianças que Ciro pretende desenvolver na UFV, com aulas de teoria e de instrumentos.
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Workshop fortalece projeto de
A reitora Nilda Soares e o vice-reitor Demetrius David da Silva (centro da foto) participaram da abertura do evento, juntamente com pesquisadores da UFV e de universidades norte-americanas
Professores e pesquisadores da UFV e das universidades norte-americanas University of Washington e Washington State University se reuniram, pela primeira vez, no âmbito do projeto de cooperação internacional Saúde Unificada (One Health). Eles participaram do Workshop One Health entre 1º e 3 de outubro, no campus Viçosa, apresentando as iniciativas e pesquisas que desenvolvem em relação às saúdes humana, animal e ambiental. O evento aconteceu no auditório da Biblioteca Central. O projeto foi iniciado em 2012, quando representantes da UFV realizaram uma série de visitas às instituições dos Estados Unidos. Além da parceria acadêmica, ele propõe congregar aspectos relacionados à saúde global. De acordo com o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFV, Eduardo Seiti Gomide Mizubuti, o Workshop correspondeu à primeira etapa do projeto, focando questões sobre doenças que afetam animais e que também podem afetar o ser humano. Em Viçosa, estão diretamente vinculados ao Saúde Unificada os programas de pós-graduação em Medicina Veterinária, Ciência da Nutrição, Microbiologia Agrícola e Ciência e Tecnologia de Alimentos e o Departamento de Enfermagem e Medicina. A partir de agora, o professor Eduardo explicou que estão previstos intercâmbios de professores e estudantes, o de-
senvolvimento conjunto de projetos de pesquisa e buscas por recursos financeiros que tornem as realizações das atividades programadas possíveis. De uma maneira geral, o pró-reitor acredita que o projeto proporcionará formações de recursos humanos altamente qualificadas e soluções para problemas que afligem países como a África, onde novas invasões biológicas vêm trazendo problemas sérios. “Acreditamos que um projeto dessa envergadura contribuirá bastante”, ressaltou. Entre os participantes, a professora do Departamento de Medicina Comparativa da University of Washington Klaisy Christina Batista Pettan-Brewer considerou o momento como histórico, já que, segundo ela, o Workshop é o primeiro do tipo realizado na América Latina. Ela, que é brasileira e graduada em Medicina Veterinária pela UFV, disse sentir orgulho por saber que a Universidade é uma das líderes na academia, na pesquisa e na comunidade e que está à frente da parceria sólida e duradoura. A professora Klaisy destacou que, sem o empenho da UFV, a iniciativa não seria possível. O coordenador do Workshop, o professor do Departamento de Medicina Veterinária Luís Augusto Nero, contou que a iniciativa foi bem sucedida e elogiada pelos participantes e que a segunda etapa do projeto também viabilizará a titulação dupla de douto-
rado. Segundo ele, dois estudantes de Medicina Veterinária já estão realizando atividades no exterior; um na University of Washington e um na Washington State University. A UFV, de acordo com a reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares, está se tornando uma das primeiras universidades brasileiras a possibilitar esse tipo de treinamento. “Levamos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) a demanda de aumentar de 12 para 24 meses o período da bolsa, para que os estudantes pudessem ficar nas universidades estrangeiras. A Capes entendeu e aceitou o nosso pedido. Ficamos felizes em saber que os nossos estudantes terão mais essa oportunidade”, disse. O Workshop One Health foi organizado pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, com o apoio dos programas de pós-graduação em Medicina Veterinária, Ciência da Nutrição, Microbiologia Agrícola e Ciência e Tecnologia de Alimentos e do Departamento de Enfermagem e Medicina. O evento contou com a participação de cerca de dez professores e pesquisadores estrangeiros, das universidades norte-americanas citadas e da Austrália. Houve ainda um tributo póstumo ao médico veterinário norte-americano Murray E. Fowler, que morreu em maio deste ano. Também acompanharam as atividades pró-reitores, professores e pesquisadores da UFV. Izabel Morais
UFV adota medidas de redução do consumo de água Em função do longo período de estiagem e da consequente redução do abastecimento de água em Viçosa, várias medidas estão sendo implementadas no campus Viçosa, em parceria com a cidade, para a diminuição do consumo. Para isso, a administração da UFV tem realizado constantes reuniões com representantes do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e professores, técnicos administrativos e estudantes. De acordo com a pró-reitora de Administração da UFV, Leiza Granzinolli, no momento não é necessária a suspensão das aulas, pois a medida não resultaria em efeito significativo na redução do consumo de água no campus. Até porque, segundo ela, outras atividades relacionadas à pós-graduação, à pesquisa e à extensão não seriam interrompidas e muitos alunos e funcionários continuariam em Viçosa, mesmo se as aulas fossem suspensas. A pró-reitora solicitou o envolvimento de toda a comunidade na redução do consumo de água e no monitoramento do desperdício. Ela também afirmou que a UFV conseguiu reduzir em aproximadamente 25% o consumo de água, em função de medidas como: uso de água não tratada em atividades de construção e manutenção de imóveis e de irrigação de jardins; trabalho intenso da equipe de bombeiros hidráulicos no vistoriamento de torneiras e descargas, para evitar vazamentos; cancelamento de eventos de grande impacto; suspensão temporária das atividades da lavanderia da Universidade e da lavagem de veículos na Divisão de Transportes e monitoramento dos gastos de água nos alojamentos, cantinas e restaurante universitário. O chefe da Divisão de Água e Esgotos da UFV, professor Rafael Bastos, informou que o campus Viçosa já conseguiu re-
duzir sua produção e distribuição de água tratada aos patamares típicos de períodos de férias. Segundo ele, atualmente, “a UFV-Viçosa capta e trata em torno de 15 litros por segundo, enquanto o Saae produz e distribui cerca de 140 litros por segundo para dar conta da demanda da cidade”. Isso significa que o impacto do campus no abastecimento de Viçosa é menor do que se possa pensar. O diretor-presidente do Saae, Antônio de Lima Bandeira, que participou de uma coletiva de imprensa, no dia 10 de outubro, para falar sobre o racionamento, disse que um possível recesso escolar da Universidade, por enquanto, “não passa de especulação e que só deverá ocorrer se a situação se tornar verdadeiramente insustentável”. Redução do consumo Segundo o diretor administrativo-financeiro da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe), Brício dos Santos Reis, foi firmado um acordo com a administração da UFV, que prevê adoção de medidas para redução de 50% do consumo de água em todas as suas atividades, incluindo o setor de Laticínios e o Supermercado Escola. Ele comentou que uma das ações adotadas foi ampliar a produção de doce de leite em pote, já que o produto em lata exige mais água durante o processo de envasamento. A assessora especial da próreitoria de Assuntos Comunitários, Silvia Priore, afirmou que nos restaurantes Universitário (RU) e Multiuso o consumo de alimentos folhosos já foi reduzido. Isso se justifica pelo fato de que esses alimentos requerem um processo maior de lavagem e higienização. Ela também destacou que está sendo feita uma substituição adequada de cardápio, que garanta a preservação do consumo de nutrientes necessários. Sabrina Areias
Foto:Elpídio Filho
cooperação internacional de saúde unificada
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A estiagem reduziu os níveis de água das lagoas do campus Viçosa
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De 7 a 13 de setembro, a UFV sediou o Encontro Nacional dos Estudantes de Arte (Enearte). O objetivo foi promover a integração das mais diversas linguagens artísticas, por meio da divulgação e discussão de trabalhos de diferentes regiões do país. Participaram cerca de 250 pessoas. Dentre elas, Andréia Oliveira Araújo da Silva, Uildemberg da Silva Cardeal e Fábio Santos Silva, alunos da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Eles são integrantes do grupo Liga do Corpo e fizeram a intervenção Índio Boca Azul A atividade envolveu movimentos corporais e tinta guache.
Desde 8 de setembro, o Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) está com novo chefe. O professor Rogério Fuscaldi Lelis assumiu o cargo antes ocupado pela professora Teresa Cristina de Almeida Faria. O professor destacou o ritmo de crescimento do Departamento, o que possibilitou a oferta do mestrado em Arquitetura e Urbanismo, e disse que pretende fortalecê-lo ainda mais ao conhecer suas demandas administrativas. O DAU reúne atualmente cerca de 250 alunos e 25 professores. Em 25 e 26 de setembro, uma plateia numerosa prestigiou o V Seminário de Desenvolvimento e Políticas Públicas. Nesta edição, as discussões giraram em torno do tema Infraestrutura e serviços públicos: entraves ao desenvolvimento e abordaram alternativas para o crescimento do país nas áreas da educação, política e economia. Pela primeira vez no evento, a professora Flávia Lúcia Chein
Feres, da Universidade Federal de Juiz de Fora, abriu o Seminário com a palestra Investimento em Capital Humano, Desigualdade de Oportunidades e Desenvolvimento: qual o papel das Políticas Públicas? De acordo com o coordenador do evento, professor Luciano Dias de Carvalho, do Departamento de Economia, é muito importante discutir o papel do Estado no desenvolvimento de políticas públicas, sobretudo em um momento que o país passa por uma baixa taxa de crescimento e uma semiestagnação econômica. “É importante discutir esse papel para a retomada do desenvolvimento econômico brasileiro”, avaliou.
Em 26 e 27 de setembro, a discussão sobre produtividade conciliada com a preservação dos recursos naturais esteve em pauta no VI Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável (Simbras) e no III Congresso Internacional de Agropecuária Sustentável. Os eventos aconteceram no campus Viçosa e contaram com participações de especialistas do país e do exterior, dentre eles o professor Aaron Hoshide, da University of Maine. O professor abriu o Congresso com a palestra Simulação de fazendas orgânicas de gado de leite no sul do Brasil e Maine, usando o modelo IFSM.
Vai acontecer...
De 9 a 11 de novembro, o Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ) receberá o encontro do World Food Innovation Network (WoFIN), uma rede de cooperação internacional de parques tecnológicos, clusters e instituições de pesquisa científica e tecnológica. Por meio do WoFIN, os parceiros realizam a troca de informações estratégicas, colaboram para o aumento de competitividade de suas empresas e constroem alianças para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e inovação. Eles ainda prospectam oportunidades de novos negócios, desenvolvem soluções para as suas demandas tecnológicas e de negócios, além de promoverem de forma conjunta seminários e eventos. As datas e os horários para a realização das atividades do WoFIN Viçosa/Brazil foram estrategicamente definidas para que os participantes do Encontro também pudessem estar presentes à 8ª edição do INNOVET (Conferência Internacional de Veterinária e Agropecuária 2014). Ambos os eventos ocorrerão no tecnoPARQ. O INNOVET 2014 terá como temática a cadeia produtiva dos alimentos. A programação, que pode ser conferida no link: www.innovet.ufv.br, incluirá palestrantes nacionais e internacionais. Eles debaterão desde as etapas iniciais de produção até aspectos relevantes para a segurança e inocuidade dos alimentos disponíveis para os mercados consumidores. O tecnoPARQ é o único Parque Tecnológico da América Latina membro do WoFIN. Também fazem parte da rede - e estarão representados no evento o Saint Hyacinthe Technopole (Canadá), o Parco Tecnológico de Padano (Itália), o Wagralim:
The Agro-Industry’s Competitive Cluster in Wallonia (Bélgica),o AgriMip Innovation (França), o Vitagora: Pôle de Compétitivité (França), o Valorial: Pôle de Compétitivité Agroalimentaire (França), o Campden BRI: Food and Drink Research (Inglaterra) e o IFR: Institute of Food Research (Inglaterra). As inscrições para WoFIN podem ser realizadas pelo link www.b2bcentev.ufv.br.
Em 3 de dezembro, no campus Viçosa, a quinta edição do Seminário sobre Empreendedorismo, Inovação e Desenvolvimento (Inovar), um evento anual realizado pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (CenTev/UFV). Os objetivos são disseminar a cultura do empreendedorismo e inovação, incentivar a criação de novos negócios locais e promover o networking entre os participantes. O evento é um dos maiores da Zona da Mata mineira dentro da Semana Global do Empreendorismo, que ocorre simultaneamente em mais de 120 países todo ano e tem como objetivos fomentar e inspirar práticas empreendedoras que visem melhorias no mundo. Ao longo das edições realizadas foram capacitados e impactados mais de 1.900 participantes e já participaram dessa discussão importantes personalidades do mundo do empreendedorismo e inovação. Para mais informações sobre o evento acesse o site www.centev.ufv.br/ inovar ou ligue para (31) 38992602.
A Editora UFV (EDT) lançou os regulamentos do 5º Concurso Viçosense de Literatura (contos e poemas) e do 4º Concurso Viçosense de Literatura Infantil. As inscrições serão realizadas de 3 de novembro de 23014 a 31 de março de 2015. O objetivo dos concursos é contribuir para o desenvolvimento cultural e artístico da Zona da Mata mineira, promovendo e divulgando a produção literária de escritores das comunidades universitária e viçosense, bem como da microrregião de Viçosa. Da comunidade universitária, poderão participar alunos e exalunos do ensino médio, técnico, graduação, pós-graduação e de cursos a distância e funcionários ativos ou inativos dos três campi, dos escritórios de representação de Belo Horizonte e Brasília e da Central de Experimentação, Pesquisa e Extensão do Triângulo Mineiro. Com temática livre, os candidatos poderão enviar até dois trabalhos inéditos, utilizando pseudônimos diferentes. As inscrições serão gratuitas e deverão ser realizadas pessoalmente ou por procuração, de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8h30 às 17h, na Seção de Expediente da EDT, no campus Viçosa. Os trabalhos também poderão ser entregues pelos correios, por meio de carta registrada, até a data de encerramento das inscrições. A divulgação do resultado está prevista para a primeira quinzena de maio de 2015. Todas as informações sobre os concursos estão nos regulamentos disponíveis no site da Editora http://www.editora.ufv.br ou podem ser obtidas pelos telefones (31) 3899-2220 e 3899-3139.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
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