Importância do sócio-econômicaO rebanho ovino no Rio Grande do Sul, que representou 91 % do rebanho brasileiro, teve no decorrer do século XX uma enorme variação, refletindo os momentos de crescimento e de crise que aconteceram nesse período. Em 1940, o rebanho tinha cerca de 6 milhões de cabeças, com uma produção em torno de 11 mil toneladas de lã, e alcançou, em 1964, cerca de 12 milhões de cabeças e 30 mil toneladas de lã. Durante as décadas seguintes continuou a crescer até atingir 13,5 milhões de cabeças por volta de 1988/1989 (Nocchi, 2000). . Com a diminuição dos preços e a crise da lã, os criadores diminuíram os rebanhos, buscaram alternativas de rentabilidade e aumentaram os cruzamentos e os plantéis das raças especializadas na produção de carne. Além disso, as formas de comercialização da lã foram muito afetadas com a crise do setor cooperativista, responsável pela maior parte da comercialização do produto. Estes fatos provocaram modificações na realidade da atividade, até então pouco estudadas, e que refletem uma diferenciação pouco conhecida. Apesar disso, as informações disponíveis (extensão rural, pesquisa, associações de produtores, fiscalização sanitária) permitem afirmar que a ovinocultura tem uma grande importância sócio-econômica na região. Grosso modo, e necessitando um aprofundamento dos dados e trabalhos de pesquisa, os ovinocultores têm se constituído em dois grandes grupos: Os produtores patronais que têm na ovinocultura uma atividade que compõe o sistema de produção em conjunto com os bovinos de corte e alguma agricultura;
Os agricultores familiares, os chamados "pecuaristas familiares", que se dedicam à ovinocultura como uma atividade importante do seu sistema de produção como fonte de proteína animal. No primeiro grupo, embora internamente existam variações e diferenças importantes, a ovinocultura diminuiu significativamente sua importância econômica, passando a ser uma atividade secundária que serve de fonte de alimentação para as propriedades, que assim evitam o abate de bovinos ou a compra de proteína animal. Não é raro a existência de propriedades com áreas significativas e com pequena quantidade de ovinos. É importante ressaltar também, a existência de criadores patronais que ainda possuem grande número de ovinos e que têm a atividade como importante no seu sistema de produção e renda. Mas não são em número significativo. O segundo grupo, dos pecuaristas familiares, de acordo com Ribeiro (2001), atinge um número de 10.000 famílias na Região da Campanha e Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul que abrange a maioria dos rebanhos do estado (outras estimativas mostram que são 40.000 famílias no Estado). Deste número, de acordo com o mesmo autor, grande número tem na ovinocultura uma atividade de grande importância, não apenas no ponto de vista de geração de renda, mas especialmente na composição da dieta da família. A este grupo de produtores, a ovinocultura, embora também tenha diminuído em número, é uma atividade que não tem substituto devido às condições das unidades de produção em termos de área, solo, ambiente e mercado. Por isso mesmo se caracteriza como uma atividade de grande potencial, pois agrega, às condições referidas, o conhecimento, a afinidade, o gosto pela ovinocultura, fatores importantes para o sucesso da atividade.Este público, apesar de existente em número significativo, não tem sido reconhecido pelas entidades representativas da sociedade rural rio-grandense e pelos governos que se sucedem, essencialmente por sua pouca representatividade política. A contradição entre a sua representação numérica e o pouco reconhecimento da sua existência, associada à baixa rentabilidade das atividades de pecuária, têm contribuído para excluir grande parte desta população do meio rural, agravando também, os problemas do meio urbano da metade Sul. Além disso, os programas e políticas públicas criados e implementados desconsideram e/ou desconhecem esta realidade. A "pecuária familiar", em trabalhos realizados pela EMATER / RS (Ribeiro e Villela, 1999; Ribeiro, 2001; Coimbra Filho e Cachapuz, 2000; EMATER / RS, 2000; Miranda, 2000) apresenta uma diversidade enorme de tipos de produtores. Entretanto, na sua maioria, a ovinocultura tem papel importante na propriedade e suas receitas anuais variam entre R$ 5.000 e R$ 10.000 em áreas de até 200 ha. Enfim, este tipo de produtor familiar, embora pouco considerado, está presente em toda a região. . A necessidade de identificar com clareza qual é o perfil dos ovinocultores do novo século, quais os pontos de estrangulamento, quais os seus potenciais, quais as formas de inserção na cadeia produtiva e as relações internas da propriedade, são fundamentais para traçar um perfil sócio-econômico mais real e atualizado.
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Importância do sócio-econômicaO rebanho ovino no Rio Grande do Sul, que representou 91 % do rebanho brasileiro, teve no decorrer do século XX uma enorme variação, refletindo os momentos de crescimento e de crise que aconteceram nesse período. Em 1940, o rebanho tinha cerca de 6 milhões de cabeças, com uma produção em torno de 11 mil toneladas de lã, e alcançou, em 1964, cerca de 12 milhões de cabeças e 30 mil toneladas de lã. Durante as décadas seguintes continuou a crescer até atingir 13,5 milhões de cabeças por volta de 1988/1989 (Nocchi, 2000). . Com a diminuição dos preços e a crise da lã, os criadores diminuíram os rebanhos, buscaram alternativas de rentabilidade e aumentaram os cruzamentos e os plantéis das raças especializadas na produção de carne. Além disso, as formas de comercialização da lã foram muito afetadas com a crise do setor cooperativista, responsável pela maior parte da comercialização do produto. Estes fatos provocaram modificações na realidade da atividade, até então pouco estudadas, e que refletem uma diferenciação pouco conhecida. Apesar disso, as informações disponíveis (extensão rural, pesquisa, associações de produtores, fiscalização sanitária) permitem afirmar que a ovinocultura tem uma grande importância sócio-econômica na região. Grosso modo, e necessitando um aprofundamento dos dados e trabalhos de pesquisa, os ovinocultores têm se constituído em dois grandes grupos: Os produtores patronais que têm na ovinocultura uma atividade que compõe o sistema de produção em conjunto com os bovinos de corte e alguma agricultura;
Os agricultores familiares, os chamados "pecuaristas familiares", que se dedicam à ovinocultura como uma atividade importante do seu sistema de produção como fonte de proteína animal. No primeiro grupo, embora internamente existam variações e diferenças importantes, a ovinocultura diminuiu significativamente sua importância econômica, passando a ser uma atividade secundária que serve de fonte de alimentação para as propriedades, que assim evitam o abate de bovinos ou a compra de proteína animal. Não é raro a existência de propriedades com áreas significativas e com pequena quantidade de ovinos. É importante ressaltar também, a existência de criadores patronais que ainda possuem grande número de ovinos e que têm a atividade como importante no seu sistema de produção e renda. Mas não são em número significativo. O segundo grupo, dos pecuaristas familiares, de acordo com Ribeiro (2001), atinge um número de 10.000 famílias na Região da Campanha e Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul que abrange a maioria dos rebanhos do estado (outras estimativas mostram que são 40.000 famílias no Estado). Deste número, de acordo com o mesmo autor, grande número tem na ovinocultura uma atividade de grande importância, não apenas no ponto de vista de geração de renda, mas especialmente na composição da dieta da família. A este grupo de produtores, a ovinocultura, embora também tenha diminuído em número, é uma atividade que não tem substituto devido às condições das unidades de produção em termos de área, solo, ambiente e mercado. Por isso mesmo se caracteriza como uma atividade de grande potencial, pois agrega, às condições referidas, o conhecimento, a afinidade, o gosto pela ovinocultura, fatores importantes para o sucesso da atividade.Este público, apesar de existente em número significativo, não tem sido reconhecido pelas entidades representativas da sociedade rural rio-grandense e pelos governos que se sucedem, essencialmente por sua pouca representatividade política. A contradição entre a sua representação numérica e o pouco reconhecimento da sua existência, associada à baixa rentabilidade das atividades de pecuária, têm contribuído para excluir grande parte desta população do meio rural, agravando também, os problemas do meio urbano da metade Sul. Além disso, os programas e políticas públicas criados e implementados desconsideram e/ou desconhecem esta realidade. A "pecuária familiar", em trabalhos realizados pela EMATER / RS (Ribeiro e Villela, 1999; Ribeiro, 2001; Coimbra Filho e Cachapuz, 2000; EMATER / RS, 2000; Miranda, 2000) apresenta uma diversidade enorme de tipos de produtores. Entretanto, na sua maioria, a ovinocultura tem papel importante na propriedade e suas receitas anuais variam entre R$ 5.000 e R$ 10.000 em áreas de até 200 ha. Enfim, este tipo de produtor familiar, embora pouco considerado, está presente em toda a região. . A necessidade de identificar com clareza qual é o perfil dos ovinocultores do novo século, quais os pontos de estrangulamento, quais os seus potenciais, quais as formas de inserção na cadeia produtiva e as relações internas da propriedade, são fundamentais para traçar um perfil sócio-econômico mais real e atualizado.