O conto Continuidade dos parques, de Julio Cortázar, ao comunicar diferentes níveis de ficção através de um processo radical de metaficção, parece invadir a nossa realidade.
O conto começa com a seguinte frase: Começara a ler o romance dias antes.
Quando lemos essa frase, percebemos que o personagem principal é também um leitor: ele estava no meio da leitura de um certo romance. Isso significa que nós nos tornamos leitores de um leitor, assim como a ficção de Cortázar contém dentro dela uma outra ficção.
A circunstância de nos encontrarmos lendo uma pessoa que lê é perturbadora: parece que somos indiscretos. Emerge a sensação desagradável de que outra pessoa também possa ler o que estamos lendo, o que nos dá a possibilidade de pelo menos três leitores:
[1] aquele que lê o conto dentro do conto;
[2] cada um de nós quando lê o homem que lê o conto dentro do conto;
[3] um leitor que talvez nos leia enquanto lemos o homem que lê o conto dentro do conto.
A sucessão de indiscrições se interrompe por aí? Não, nada garante que pare. Acima pode haver um quarto leitor, assim como abaixo pode haver um quinto leitor, e assim por diante. Essa multiplicação de leitores e leituras afeta a continuidade dos parques, transformando-a em uma multiplicação infinita de lugares. Encontramos uma série possivelmente infinita de mãos de Escher.
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Resposta:
O conto Continuidade dos parques, de Julio Cortázar, ao comunicar diferentes níveis de ficção através de um processo radical de metaficção, parece invadir a nossa realidade.
O conto começa com a seguinte frase: Começara a ler o romance dias antes.
Quando lemos essa frase, percebemos que o personagem principal é também um leitor: ele estava no meio da leitura de um certo romance. Isso significa que nós nos tornamos leitores de um leitor, assim como a ficção de Cortázar contém dentro dela uma outra ficção.
A circunstância de nos encontrarmos lendo uma pessoa que lê é perturbadora: parece que somos indiscretos. Emerge a sensação desagradável de que outra pessoa também possa ler o que estamos lendo, o que nos dá a possibilidade de pelo menos três leitores:
[1] aquele que lê o conto dentro do conto;
[2] cada um de nós quando lê o homem que lê o conto dentro do conto;
[3] um leitor que talvez nos leia enquanto lemos o homem que lê o conto dentro do conto.
A sucessão de indiscrições se interrompe por aí? Não, nada garante que pare. Acima pode haver um quarto leitor, assim como abaixo pode haver um quinto leitor, e assim por diante. Essa multiplicação de leitores e leituras afeta a continuidade dos parques, transformando-a em uma multiplicação infinita de lugares. Encontramos uma série possivelmente infinita de mãos de Escher.
Explicação:
Espero que te ajude, tchau bjs ❤