É correto afirmar que se tornaram banais no decorrer da história as imagens que relegam às mulheres o papel de meros objetos, cuja finalidade é atender aos desejos masculinos, ou em que elas sofrem violências praticadas por figuras masculinas, como nas abundantes representações de mulheres sendo perseguidas, subjugadas e até mesmo mortas.
As abundantes representações do corpo feminino objetificado na arte que conhecemos hoje foram por muito tempo acompanhadas de poderosos entraves à inserção das mulheres como artistas. O ato representacional era incumbência quase que exclusivamente masculina, perpetuando uma visão parcial sobre as mulheres e seu lugar no mundo. Considerando as tradicionais representações sensuais do corpo feminino como indissociáveis do olhar preferencialmente masculino aos quais estas eram endereçadas, é notório que essa configuração social e simbólica que atribui às mulheres o lugar de objeto de desejo e apreciação sobreviveu à passagem do tempo, e seus rastros na sociedade e na mídia contemporâneas são facilmente verificáveis. Evidencia-se, assim, que a construção simbólica do gênero é reflexo de sua construção social.
Ao abrir um livro de história da arte, é quase certo que iremos nos deparar com alguma representação de “rapto”, e ao ler o texto que a acompanha, é muito provável que os comentários ignorem completamente esse aspecto da imagem, focando muito mais nos méritos do artista e na qualidade estética da obra. Decerto, imagens muito mais aterradoras, por vezes embasadas na realidade ou a expondo, foram e ainda são produzidas e reproduzidas. Frente a essas imagens, no entanto, a sensação de empatia muitas vezes não é a primeira reação despertada em muitos espectadores. A anestesia do olhar ou o prazer escópico são facilmente verificados.
A partir dessas ponderações, impõe-se a questão: como romper com a cumplicidade do olhar? Crendo que um dos primeiros passos para isso é a problematização da mesma, a fim de viabilizar sua desconstrução, este simpósio se propõe a convidar todos, todas e todes a questionar seus próprios modos de ver no que tange aos estereótipos e às violências de gênero, nas representações e na realidade, a partir da proposição de reflexões a respeito de imagens recortadas da arte e da mídia oriundas de contextos diversos.
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Resposta:
Olá Estudante
Explicação:
É correto afirmar que se tornaram banais no decorrer da história as imagens que relegam às mulheres o papel de meros objetos, cuja finalidade é atender aos desejos masculinos, ou em que elas sofrem violências praticadas por figuras masculinas, como nas abundantes representações de mulheres sendo perseguidas, subjugadas e até mesmo mortas.
As abundantes representações do corpo feminino objetificado na arte que conhecemos hoje foram por muito tempo acompanhadas de poderosos entraves à inserção das mulheres como artistas. O ato representacional era incumbência quase que exclusivamente masculina, perpetuando uma visão parcial sobre as mulheres e seu lugar no mundo. Considerando as tradicionais representações sensuais do corpo feminino como indissociáveis do olhar preferencialmente masculino aos quais estas eram endereçadas, é notório que essa configuração social e simbólica que atribui às mulheres o lugar de objeto de desejo e apreciação sobreviveu à passagem do tempo, e seus rastros na sociedade e na mídia contemporâneas são facilmente verificáveis. Evidencia-se, assim, que a construção simbólica do gênero é reflexo de sua construção social.
Ao abrir um livro de história da arte, é quase certo que iremos nos deparar com alguma representação de “rapto”, e ao ler o texto que a acompanha, é muito provável que os comentários ignorem completamente esse aspecto da imagem, focando muito mais nos méritos do artista e na qualidade estética da obra. Decerto, imagens muito mais aterradoras, por vezes embasadas na realidade ou a expondo, foram e ainda são produzidas e reproduzidas. Frente a essas imagens, no entanto, a sensação de empatia muitas vezes não é a primeira reação despertada em muitos espectadores. A anestesia do olhar ou o prazer escópico são facilmente verificados.
A partir dessas ponderações, impõe-se a questão: como romper com a cumplicidade do olhar? Crendo que um dos primeiros passos para isso é a problematização da mesma, a fim de viabilizar sua desconstrução, este simpósio se propõe a convidar todos, todas e todes a questionar seus próprios modos de ver no que tange aos estereótipos e às violências de gênero, nas representações e na realidade, a partir da proposição de reflexões a respeito de imagens recortadas da arte e da mídia oriundas de contextos diversos.
By: BBzinha do Mal
12/11/2022