Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual a branco [...].
LOBATO, M. Negrinha. 15. ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1972.
No texto, Lobato propõe-se a criticar o grupo social do qual dona Inácia faz parte: a nobreza rural paulista do início do século XX. Para alcançar seu objetivo, o autor utiliza:
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D) A ironia na descrição do caráter de dona Inácia.