Leia os trechos da carta de Caminha sobre o primeiro contato com os indígenas do Brasil e faça uma reflexão sobre como os portugueses descreveram os nativos e como isso foi utilizado para justificar a colonização e a catequese dos indígenas. "A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos, bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. [...] Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam. [...] Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logos cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença. E portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar, aprenderam bem a sua fala e os en- tenderam, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor, que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa."
Lista de comentários
Resposta:
Na carta de Caminha, os portugueses descrevem os nativos como pessoas inocentes, simples e sem religião, que viviam da terra e de seus recursos naturais. Essa descrição foi utilizada para justificar a colonização e a catequização dos indígenas, pois os portugueses acreditavam que poderiam facilmente "civilizar" essas pessoas e convertê-las ao cristianismo.
Explicação:
Na carta de Caminha, os portugueses descrevem os nativos como pessoas inocentes e simples, que não tinham conhecimento de religião e viviam da terra e de seus recursos naturais. Essa descrição foi usada para justificar a colonização do Brasil, pois os portugueses acreditavam que poderiam facilmente "civilizar" essas pessoas e convertê-las ao cristianismo. Eles viam os nativos como uma espécie de tela em branco, prontos para serem moldados de acordo com os valores europeus. Além disso, a descrição dos nativos como pessoas que não cultivavam a terra e não criavam animais foi usada para justificar a apropriação de suas terras pelos portugueses, que consideravam a terra "desocupada" e, portanto, disponível para ser explorada. Em resumo, a descrição dos nativos como pessoas inocentes, simples e sem religião foi usada como uma justificativa para a colonização e a catequização dos indígenas, que eram vistos como "selvagens" que precisavam ser "domesticados" pelos europeus.