Dário, figura enigmática e solitária, percorria as ruas com o guarda-chuva no braço esquerdo, sua sombra se misturando ao emaranhado urbano. Era um homem de poucas palavras, suas ações falavam mais alto. Antes do infortúnio que o acometeu, ele vinha de um dia que, como ele próprio, era uma incógnita para os transeuntes.
Dário era visto, habitualmente, acendendo seu cachimbo, observando a vida que passava enquanto encostava o guarda-chuva na parede. Ninguém sabia ao certo de onde vinha ou para onde ia, mas sua presença era constante, uma silhueta conhecida naquelas ruas.
Naquele dia específico, antes de se sentir mal, Dário parecia envolvido em seus pensamentos, caminhando apressado sob a garoa fina. O cachimbo soltava espirais de fumaça, talvez sinalizando um momento de reflexão. A dobra da esquina foi o prelúdio de uma mudança abrupta.
E então, o que se seguiu foi um espetáculo humano de preocupação e indagação. Dário, que antes deslizava pelas calçadas com seu cachimbo, agora encontrava-se na calçada úmida, sua jornada interrompida. Os passantes, o senhor gordo, o rapaz de bigode, todos tentavam entender o que acontecia.
O mistério que envolvia Dário ganhou um novo capítulo. Aquele que acendia seu cachimbo e encostava o guarda-chuva na parede agora repousava na pedra fria da calçada. O cachimbo apagado, o corpo reclamando em murmúrios inaudíveis.
O incidente transformou-se em um espetáculo de curiosidade e desdém. Crianças de pijama acudiam às janelas, moradores trocavam informações de porta em porta, enquanto Dário era analisado como um enigma a ser decifrado.
E assim, naquela rua úmida pela chuva, Dário se tornou o centro de uma trama que envolveu polícia, curiosos e até mesmo um café repleto de espectadores da noite inusitada. O homem que antes encostava o guarda-chuva na parede agora estava sendo transportado em meio à confusão da multidão.
A narrativa culminou na chegada do rabecão, levando consigo não apenas um corpo, mas também o mistério que Dário carregava consigo. Seu dia, que começara como qualquer outro, terminou em uma peixaria, sem sapatos, sem relógio, sem o alfinete de pérola na gravata.
A vela acesa por um menino de cor, descalço e solidário, foi a derradeira cena desse enigmático personagem. Dário, agora na espera do rabecão, descansava na pedra, seu dia traçando um caminho inesperado, uma trajetória que deixou a rua e seus moradores repletos de perguntas não respondidas.
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Dário, figura enigmática e solitária, percorria as ruas com o guarda-chuva no braço esquerdo, sua sombra se misturando ao emaranhado urbano. Era um homem de poucas palavras, suas ações falavam mais alto. Antes do infortúnio que o acometeu, ele vinha de um dia que, como ele próprio, era uma incógnita para os transeuntes.
Dário era visto, habitualmente, acendendo seu cachimbo, observando a vida que passava enquanto encostava o guarda-chuva na parede. Ninguém sabia ao certo de onde vinha ou para onde ia, mas sua presença era constante, uma silhueta conhecida naquelas ruas.
Naquele dia específico, antes de se sentir mal, Dário parecia envolvido em seus pensamentos, caminhando apressado sob a garoa fina. O cachimbo soltava espirais de fumaça, talvez sinalizando um momento de reflexão. A dobra da esquina foi o prelúdio de uma mudança abrupta.
E então, o que se seguiu foi um espetáculo humano de preocupação e indagação. Dário, que antes deslizava pelas calçadas com seu cachimbo, agora encontrava-se na calçada úmida, sua jornada interrompida. Os passantes, o senhor gordo, o rapaz de bigode, todos tentavam entender o que acontecia.
O mistério que envolvia Dário ganhou um novo capítulo. Aquele que acendia seu cachimbo e encostava o guarda-chuva na parede agora repousava na pedra fria da calçada. O cachimbo apagado, o corpo reclamando em murmúrios inaudíveis.
O incidente transformou-se em um espetáculo de curiosidade e desdém. Crianças de pijama acudiam às janelas, moradores trocavam informações de porta em porta, enquanto Dário era analisado como um enigma a ser decifrado.
E assim, naquela rua úmida pela chuva, Dário se tornou o centro de uma trama que envolveu polícia, curiosos e até mesmo um café repleto de espectadores da noite inusitada. O homem que antes encostava o guarda-chuva na parede agora estava sendo transportado em meio à confusão da multidão.
A narrativa culminou na chegada do rabecão, levando consigo não apenas um corpo, mas também o mistério que Dário carregava consigo. Seu dia, que começara como qualquer outro, terminou em uma peixaria, sem sapatos, sem relógio, sem o alfinete de pérola na gravata.
A vela acesa por um menino de cor, descalço e solidário, foi a derradeira cena desse enigmático personagem. Dário, agora na espera do rabecão, descansava na pedra, seu dia traçando um caminho inesperado, uma trajetória que deixou a rua e seus moradores repletos de perguntas não respondidas.