October 2023 1 18 Report

O Sr. Silas retornava para casa pelos labirintos de becos e ruas estreitas do centro da cidade. Acabara de deixar as luzes douradas das grandes avenidas e seguia na direção de seu apartamento.
Nada de agitação e brilhos. Apenas figuras tardias e agasalhadas.
O homem andava devagar, de cabeça baixa. Talvez ruminasse algum problema.
Era uma noite horrível, úmida, nevoenta. A neblina penetrava a garganta e os olhos; os reflexos de luz, gordurosos, davam-lhe calafrios. O Sr. Silas desviou a vista dos sujos tijolos que formavam o horizonte e pousou-a meio quilômetro mais à frente. Viu uma cozinha iluminada e a mesa posta. Havia torradas no fogão, uma chaleira que cantava e petiscos, doces e salgados. A visão emprestou uma nova energia aos pés loloridos. Sacudiu os ombros e apressou o passo.
Mas o Sr. Silas não iria jantar naquela noite - nem em qualquer outra. O Sr. Silas iria morrer. Atrás dele a uns cem metros, caminhava um homem cujo coração estava morto. E esse homem dissera a si mesmo que o Sr. Silas nunca mais chegaria a sua casa.

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