PERGUNTA 2

1. “E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.”

(O cortiço, Aluísio Azevedo)


“Naquela tarde Ponciá Vicêncio olhava o arco-íris e sentia um certo temor. Fazia tanto tempo que ela não via a cobra celeste. Na cidade, depois de tantos anos fora da terra, até se esquecia de contemplar o céu. Entretanto, desde cedo, ao acordar com a costumeira angústia no peito, sem querer olhou o céu, como se pedisse a Deus em socorro.”

(Ponciá Vicêncio, Conceição Evaristo)


As abordagens das personagens negras Rita Baiana e Ponciá Vicêncio, nos trechos citados, evidenciam como:


o humor pode ser uma diferente estratégia para contar a história de mulheres negras, tornando as narrativas mais leves, de fácil leitura, mas sem perder a perspectiva irônica e o tom crítico.


nas narrativas em que os negros ocupam posição central, pode-se encontrar, ainda hoje, a reprodução acrítica de representações sociais estereotipadas sobre os negros, que, de algum modo, reforça e legitima o preconceito racial.


existe profundidade humana na abordagem com que escritor e escritora, respectivamente, branco e negra, representam os questionamentos, dúvidas e a existência de suas personagens.


uma literatura de autoria negra pode revelar identidades distintas dos estereótipos de personagens escravizados, sexualizados ou maternais, aprofundando suas angústias existenciais e desenvolvendo subjetividades complexas. RESPOSTA CORRETA


não existe em nenhuma delas a elaboração efetiva de personagens negras, uma vez que na primeira há apenas o aproveitamento de clichês e na segunda a tentativa de desmonte deles.