A FADA QUE TINHA IDÉIAS Clara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos, que morava lá no céu, com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo livro das fadas. Queria inventar suas próprias mágicas. º Mas, minha filha – dizia a Fada-Mãe – todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender? º Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto de mundo parado. º Mundo parado? º É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou? º Não... º Pois repare só. A Fada-Mãe ia cuidar de seu serviço, muito preocupada. Ela morria de medo do dia em que a Rainha das fadas descobrisse que Clara Luz nunca saíra da Lição Um do Livro. A Rainha era uma velha muito rabugenta. Felizmente vivia num palácio do outro lado do céu. Clara Luz e a mãe moravam numa rua toda feita de estrelas, chamada Via Láctea. A casinha delas era de prata e tinha um jardim todo de flores prateadas. º Minha filha, faça uma forcinha, passe ao menos para a Lição Dois! – pedia a Fada-Mãe, aflita. º Não vale a pena, mamãe. A Lição Um já é tão enjoada, que a Dois tem que ser duas vezes pior. º Mas enjoada por quê? º Ensina a fabricar tapete mágico. º Pois então? Já pensou que maravilha saber fazer um tapete mágico? º Não acho, não. Tudo quanto é fada só pensa em tapete mágico. Ninguém tem uma idéia nova! Clara Luz estava sempre fazendo experiências com a sua vara de condão. Já de manhã cedo, reparava no bule de prata (tudo na casinha delas era de prata, até a mobília). Olhava para ele e tinha uma idéia: º Tem bico. Dar um bom passarinho. E transformava o bule em passarinho. Mas o passarinho saía com três asas: duas dele mesmo e uma do bule, que tinha sobrado. A Fada-Mãe entrava na sala e levava um susto danado: º Que bicho esquisito é esse? º É o bule, mamãe, que eu transformei em passarinho. Clara Luz! E agora? Onde vou coar o pó-de-meia-noite para fazer o nosso café? E que idéia foi essa de fazer passarinho com três asas? Ao menos ponha duas asas nele! º Mas, mamãe, ele gosta de ter três asas! O passarinho, furioso, entrava na conversa: º Não gosto, não senhora! Faça o favor de me consertar já! º Clara Luz não acertava e quem acabava consertando era a Fada-Mãe. O passarinho agradecia muito: º Se não fosse a senhora eu não sei como seria! Essa sua filha é muito intrometida. E saíra pela janela, resmungando ainda: º Veja só! Inventar que eu gosto de ter três asas! º Mas essas eram apenas as idéias menores de Clara Luz. Havia outras maiores.
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A FADA QUE TINHA IDÉIASClara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos, que morava lá no céu, com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo livro das fadas. Queria inventar suas próprias mágicas. º Mas, minha filha – dizia a Fada-Mãe – todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender? º Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto de mundo parado. º Mundo parado? º É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou? º Não... º Pois repare só. A Fada-Mãe ia cuidar de seu serviço, muito preocupada. Ela morria de medo do dia em que a Rainha das fadas descobrisse que Clara Luz nunca saíra da Lição Um do Livro. A Rainha era uma velha muito rabugenta. Felizmente vivia num palácio do outro lado do céu. Clara Luz e a mãe moravam numa rua toda feita de estrelas, chamada Via Láctea. A casinha delas era de prata e tinha um jardim todo de flores prateadas. º Minha filha, faça uma forcinha, passe ao menos para a Lição Dois! – pedia a Fada-Mãe, aflita. º Não vale a pena, mamãe. A Lição Um já é tão enjoada, que a Dois tem que ser duas vezes pior. º Mas enjoada por quê? º Ensina a fabricar tapete mágico. º Pois então? Já pensou que maravilha saber fazer um tapete mágico? º Não acho, não. Tudo quanto é fada só pensa em tapete mágico. Ninguém tem uma idéia nova! Clara Luz estava sempre fazendo experiências com a sua vara de condão. Já de manhã cedo, reparava no bule de prata (tudo na casinha delas era de prata, até a mobília). Olhava para ele e tinha uma idéia: º Tem bico. Dar um bom passarinho. E transformava o bule em passarinho. Mas o passarinho saía com três asas: duas dele mesmo e uma do bule, que tinha sobrado. A Fada-Mãe entrava na sala e levava um susto danado: º Que bicho esquisito é esse? º É o bule, mamãe, que eu transformei em passarinho. Clara Luz! E agora? Onde vou coar o pó-de-meia-noite para fazer o nosso café? E que idéia foi essa de fazer passarinho com três asas? Ao menos ponha duas asas nele! º Mas, mamãe, ele gosta de ter três asas! O passarinho, furioso, entrava na conversa: º Não gosto, não senhora! Faça o favor de me consertar já! º Clara Luz não acertava e quem acabava consertando era a Fada-Mãe. O passarinho agradecia muito: º Se não fosse a senhora eu não sei como seria! Essa sua filha é muito intrometida. E saíra pela janela, resmungando ainda: º Veja só! Inventar que eu gosto de ter três asas! º Mas essas eram apenas as idéias menores de Clara Luz. Havia outras maiores.
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Clara Luz é uma fada com uma fada e outras histórias que você conhece Justifique sua resposta