Nos relatos dos europeus, o Brasil sempre apareceu como um misto de paraíso e terra repleta de perigos, onde a selva (e a selvageria) se sobrepõe à realidade urbana; onde praias paradisíacas e animais estranhos convivem em uma paisagem marcada pela abundância, pela fertilidade e pelo erotismo desprendido. Antes eram os relatos misturando ficcional e narrativa documental e os livros de viagem ilustrados com imagens (muitas vezes irreais) de animais bizarros, florestas infindas e estranhos habitantes nus. Hoje, são os panfletos turísticos, as imagens televisivas, as reportagens e fotografias que difundem cenas de uma mistura de paraíso e “terra incógnita”, cheia de emboscadas e perigos.
Desde os primórdios, a concepção europeia do novo continente teve duas facetas, completamente opostas: por um lado, a terra era vista quase sempre como um éden; por outro, o homem aparecia demonizado. São, pois, intermináveis os exemplos de exaltação da abundância de vegetação, da quantidade de espécies – seja da fauna ou da flora – da exuberância e até da longevidade (relatos mencionam que os índios chegavam a 180 anos!) proporcionada pelo clima esplêndido do Brasil. Com o mesmo peso, registrava-se o espanto diante dos ritos canibalescos do selvagem.
É curioso que, para os europeus, os nativos eram um povo sem “fé, sem rei e sem lei”; daí concluírem que a língua tupi não tinha os fonemas “f”, “r” nem “l”. Conforme afirma a historiadora Laura de Mello e Souza em seu livro O diabo e a terra de Santa Cruz, “Colombo inaugurou assim o movimento duplo que perduraria por séculos em terras americanas: a edenização da natureza, a desconsideração dos homens – bárbaros, animais, demônios”.
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tainaaaaa
o Brasil sempre foi explorado desde que foi descoberto.
tainaaaaa
inicialmente os europeus nao sabiam da existencia dos metais preciosos , entao lucravam com o comercio com as indias .Com o fracasso do comercio com as indias começou a busca por metais preciosos
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Nos relatos dos europeus, o Brasil sempre apareceu como um misto de paraíso e terra repleta de perigos, onde a selva (e a selvageria) se sobrepõe à realidade urbana; onde praias paradisíacas e animais estranhos convivem em uma paisagem marcada pela abundância, pela fertilidade e pelo erotismo desprendido. Antes eram os relatos misturando ficcional e narrativa documental e os livros de viagem ilustrados com imagens (muitas vezes irreais) de animais bizarros, florestas infindas e estranhos habitantes nus. Hoje, são os panfletos turísticos, as imagens televisivas, as reportagens e fotografias que difundem cenas de uma mistura de paraíso e “terra incógnita”, cheia de emboscadas e perigos.
Desde os primórdios, a concepção europeia do novo continente teve duas facetas, completamente opostas: por um lado, a terra era vista quase sempre como um éden; por outro, o homem aparecia demonizado. São, pois, intermináveis os exemplos de exaltação da abundância de vegetação, da quantidade de espécies – seja da fauna ou da flora – da exuberância e até da longevidade (relatos mencionam que os índios chegavam a 180 anos!) proporcionada pelo clima esplêndido do Brasil. Com o mesmo peso, registrava-se o espanto diante dos ritos canibalescos do selvagem.
É curioso que, para os europeus, os nativos eram um povo sem “fé, sem rei e sem lei”; daí concluírem que a língua tupi não tinha os fonemas “f”, “r” nem “l”. Conforme afirma a historiadora Laura de Mello e Souza em seu livro O diabo e a terra de Santa Cruz, “Colombo inaugurou assim o movimento duplo que perduraria por séculos em terras americanas: a edenização da natureza, a desconsideração dos homens – bárbaros, animais, demônios”.