Qual foi a posição de Lutero diante da revolução dos camponeses na Alemanha, liderada por Thomas Munzer?
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nicolenickNo contexto da história da Reforma, Thomas Müntzer é uma das personagens mais controvertidas, capaz de suscitar julgamentos díspares. O sociólogo Ernst Bloch diz que "quando o analisamos enquanto homem de ação, ressaltam nele o presente e o absoluto, numa perspectiva mais altaneira e mais ampla que numa experiência demasiado vivida, e apesar disto, com vigor idêntico, Müntzer é, antes de tudo, História, no sentido fecundo (…) para comprometer-nos, entusiasmar-nos, para apoiar, sempre mais amplamente, nosso desígnio".2Já o teólogo Paul Althaus viu nele "o lúgubre, o negro fervor das idéias teocrático-taboritas" que o ligavam à "exasperação dos camponeses" confrontados com a "pureza ética" do posicionamento de Lutero.3Por seu turno, o teólogo luterano Eric Gritsch, chama-o de "reformador sem Igreja".4Thomas Müntzer era um teólogo e jamais deixou de sê-lo, mesmo quando enveredou pela arriscada trilha da política revolucionária.Embora seja geralmente apresentado como um anabatista e líder dos camponeses rebeldes, a verdade é que Müntzer jamais demonstrou grande interesse pela questão do quando e como batizar (pedra angular do anabatismo) e sua participação efetiva na Guerra dos camponeses deu-se apenas no fim de sua vida, quando comandou o grupo de campônios massacrado em Frankenhausen.Malgrado sua retórica inflamada e revolucionária estabelecer muitos pontos de contato com a doutrina anabatista e as reivindicações sociais dos camponeses, Muntzer seguiu seu próprio caminho, pautado por interpretações apocalípticas da Bíblia, onde se via como um profeta empenhado em construir o Reino de Deus na Terra.5Mas ao associar o advento desse Reino a uma radical reforma social, que eliminaria distinções e privilégios, ele se indispôs com as nobrezas católica e luterana - que disputavam o poder de definir os rumos da cristandade ocidental -, comprando uma briga que não podia ganhar.Foi esmagado nela.
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O sociólogo Ernst Bloch diz que "quando o analisamos enquanto homem de ação, ressaltam nele o presente e o absoluto, numa perspectiva mais altaneira e mais ampla que numa experiência demasiado vivida, e apesar disto, com vigor idêntico, Müntzer é, antes de tudo, História, no sentido fecundo (…) para comprometer-nos, entusiasmar-nos, para apoiar, sempre mais amplamente, nosso desígnio".2Já o teólogo Paul Althaus viu nele "o lúgubre, o negro fervor das idéias teocrático-taboritas" que o ligavam à "exasperação dos camponeses" confrontados com a "pureza ética" do posicionamento de Lutero.3Por seu turno, o teólogo luterano Eric Gritsch, chama-o de "reformador sem Igreja".4Thomas Müntzer era um teólogo e jamais deixou de sê-lo, mesmo quando enveredou pela arriscada trilha da política revolucionária.Embora seja geralmente apresentado como um anabatista e líder dos camponeses rebeldes, a verdade é que Müntzer jamais demonstrou grande interesse pela questão do quando e como batizar (pedra angular do anabatismo) e sua participação efetiva na Guerra dos camponeses deu-se apenas no fim de sua vida, quando comandou o grupo de campônios massacrado em Frankenhausen.Malgrado sua retórica inflamada e revolucionária estabelecer muitos pontos de contato com a doutrina anabatista e as reivindicações sociais dos camponeses, Muntzer seguiu seu próprio caminho, pautado por interpretações apocalípticas da Bíblia, onde se via como um profeta empenhado em construir o Reino de Deus na Terra.5Mas ao associar o advento desse Reino a uma radical reforma social, que eliminaria distinções e privilégios, ele se indispôs com as nobrezas católica e luterana - que disputavam o poder de definir os rumos da cristandade ocidental -, comprando uma briga que não podia ganhar.Foi esmagado nela.