texto para o exercício
O trem atracava na estação. Veio chegando manso, vagaroso; a loco- motiva, muito negra, bufando, suando gordurosamente, com a sua grande lanterna na frente, um olho de ciclope, avançava que nem uma aparição sobrenatural. Foi chegando; o comboio estremeceu todo e parou por fim. Estava repleto, muitas fardas de oficiais; a avaliar por ali o Rio devia ter uma guarnição de cem mil homens. Os militares palravam alegres, e os civis vinham calados e abatidos, e mesmo apavorados. Se falavam, era cochichando, olhando com precaução para os bancos de trás. A cidade andava inçada de secretas, "familiares" do Santo Ofício Republicano, e as delações eram moedas com que se obtinham postos e recompensas.Bastava a mínima critica, para se perder o emprego, a liberdade, — quem sabe? — a vida também. Ainda estávamos no começo da revolta, mas o regime já publicara o seu prólogo e todos estavam avisados. O chefe de polícia organizara a lista dos suspeitos. Em nome do Marechal Floriano, qualquer oficial, ou mesmo cidadão, sem função pública alguma, prendia e ai de quem caía na prisão, lá ficava esquecido, sofrendo angustiosos suplícios de uma imaginação dominicana. Os funcionários disputavam-se em bajulação, em servilismo... Era um ter- ror, um terror baço, sem coragem, sangrento, às ocultas, sem grandeza, sem desculpa, sem razão e sem responsabilidades...Os militares estavam contentes, especialmente os pequenos, os alfe- res, os tenentes e os capitães. Para a maioria a satisfação vinha da convic- ção de que iam estender a sua autoridade sobre o pelotão e a companhia, a todo esse rebanho de civis; mas, em outros muitos havia sentimento mais puro, desinteresse e sinceridade. Eram os adeptos desse nefasto e hipócrita positivismo, um pedantismo tirânico, limitado e estreito, que justificava todas as violências, todos os assassínios, todas as ferocidades em nome da manutenção da ordem, condição necessária, lá diz ele, ao progresso e tam- bém ao advento do regime normal, a religião da humanidade, a adoração do grão-fetiche, com fanhosas músicas de cornetins e versos detestáveis,
O trecho acima foi retirado da obra triste fim de policarpo quaresma, de lima Barreta, um dos autores mas importantes da literatura brasileira do século 20. de que forma o texto em questão mesmo sem citar de forma direta a ideia ditadura sugere que o governo de floriano Peixoto foi marcado pelo autoritarismo ?
Lista de comentários
Resposta:
(...)"Em nome do Marechal Floriano, qualquer oficial, ou mesmo cidadão, sem função pública alguma, prendia e ai de quem caía na prisão, lá ficava esquecido, sofrendo angustiosos suplícios de uma imaginação dominicana. Os funcionários disputavam-se em bajulação, em servilismo... Era um terror, um terror baço, sem coragem, sangrento, às ocultas, sem grandeza, sem desculpa, sem razão e sem responsabilidades...Os militares estavam contentes, especialmente os pequenos, os alferes, os tenentes e os capitães" (...)
Nesse trecho ele fala do Marechal diretamente, dando a entender o autoritarismo de um ditador.
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No livro
“ Policarpo Quaresma “ temos ,mesmo sem citar de forma direta “a ideia ditadura” sugerindo que o governo de Floriano Peixoto foi marcado pelo autoritarismo .
Vejamos partes do texto que sugerem está ideia .
…(…) Em nome do Marechal Floriano, qualquer oficial, ou mesmo cidadão, sem função pública alguma, prendia e ai de quem caía na prisão, lá ficava esquecido, sofrendo angustiosos suplícios de uma imaginação dominicana…(…)
…(..) Eram os adeptos desse •nefasto• e •hipócrita• positivismo, um •pedantismo tirânico•, limitado e estreito, que justificava todas as violências, todos os assassínios, todas as ferocidades em nome da manutenção da ordem, condição necessária, lá diz ele, ao progresso e também ao advento do regime normal, a religião da humanidade, a adoração do •grão-fetiche•, com fanhosas músicas de cornetins e versos detestáveis,…(…)
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