2. No prefácio de sua obra The Making of the English Working Class (traduzida para o português como “A formação da classe operária inglesa”), Edward Thompson faz a seguinte afirmação: “Este livro tem um título um tanto desajeitado, mas adequado ao seu propósito. Fazer-se, porque é um estudo sobre um processo ativo que se deve tanto à ação humana como aos condicionamentos. A classe operária não surgiu tal com sol numa hora determinada. Ela estava presente ao seu próprio fazer-se” (THOMPSON, 1987a, p. 9). Sobre o conceito de classe deste autor, é possível afirmar: a) Pressupõe uma relação entre questões econômicas e sociais que acabam por criar uma nova categoria de trabalhadores que, ao serem lançados dentro de uma nova realidade, abandonam suas práticas e costumes anteriores. b) É criada no fazer-se do capitalismo industrial, quando novas formas de ser e estar no mundo são impostas aos trabalhadores por meio de aparatos ideológicos que criam uma nova categoria social: o operário. 72 U2 - A história repensada: os excluídos da história c) Traz consigo uma noção de relação histórica e como toda relação não pode ser compreendida ou observada como algo estanque e único, envolve diversas dimensões e operações que transitam entre aqueles que a envolvem e que por ela são envolvidos. d) É uma relação histórica, entretanto não precisa estar encarnada em pessoas e contextos específicos, sendo possível identificar, por exemplo, duas classes constituindo-se de formas paralelas e independentes num mesmo período, sendo colocadas em contato na medida em que a infraestrutura econômica lhes impõe essa relação. e) É dependente da experiência de diversos grupos em contextos de opressão e exploração, que impõem aos subalternos novas realidades obrigando-os a abandonarem seus costumes tradicionais e a assumirem os novos impostos pelas classes dominantes.