A
alienação se exprime numa “teoria” do conhecimento espontânea, formando
o senso comum da sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas
explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente
percebida e vivida. Um exemplo desse senso comum aparece no caso da
“explicação” da pobreza, em que o pobre é pobre por sua própria culpa
(preguiça, ignorância) ou por vontade divina ou por inferioridade
natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado de uma
elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou
intelectuais da sociedade – sacerdotes, filósofos, cientistas,
professores, escritores, jornalistas, artistas -, que descrevem e
explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe a que pertencem e
que é a classe dominante de uma sociedade. Essa elaboração intelectual
incorporada pelo senso comum social é a ideologia. Por meio dela, o
ponto de vista, as opiniões e as ideias de uma das classes sociais – a
dominante e dirigente – tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas
as classes e de toda a sociedade. A função principal da ideologia é
ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a
aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos.
Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer
que somos todos iguais porque participamos da ideia de “humanidade”, ou
da ideia de “nação” e “pátria”, ou da ideia de “raça”, etc. Diferenças
naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e
políticas não são produzidas pela divisão social das classes, mas por
diferenças individuais dos talentos e das capacidades, da inteligência,
da força de vontade maior ou menor, etc. A produção ideológica da ilusão
social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais
aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais,
corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente,
sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições
reais em que vivemos e as ideias. (CHAUÍ, 2011, p. 176). Você
deve lembrar que na aula 2, quando vimos em Severino (1990) a função
epistemológica da filosofia da educação, que inclui a necessidade de um
trabalho contínuo de denúncia e crítica e de ‘superação’ da consciência
alienada e do discurso ideológico, agora fica mais compreensível o que
ele quis dizer? Escolha uma:
a.A Filosofia da Educação deve preparar o universitário da Licenciatura para o trabalho de educador.
b.
A Filosofia da Educação deve viabilizar a construção de uma consciência
crítica, e isso só é possível através do campo epistemológico, mas
também social e político.
c. A Filosofia da Educação deve promover a construção de valores morais que superem o consumismo da sociedade capitalista.
d. A Filosofia da Educação tem a função de superar as diferenças sociais e culturais do educando.
Lista de comentários
A RESPOSTA CORRETA É A LETRA "B"
b. A Filosofia da Educação deve viabilizar a construção de uma consciência
crítica, e isso só é possível através do campo epistemológico, mas
também social e político.
Eu fiz e está correta!