A filosofia dos frankfurtianos é conhecida como teoria crítica, concluem que a razão, exaltada tradicionalmente por ser "iluminada", também traz sombras em seu bojo, quando se torna instrumento de dominação. Na obra Eclipse da razão, Horkheimer distingue dois tipos de razão: a cognitiva e a instrumental. A primeira, como o nome diz, é a que busca conhecer a verdade, enquanto a razão instrumental é operacional, aquela que visa a agir sobre a natureza e transformá-la. No entanto, no capitalismo com o desenvolvimento das ciências aplicadas à técnica (que permitiu o progresso da tecnologia a patamares jamais vistos), a razão instrumental tomou tal vulto que se sobrepôs à razão cognitiva.
Esses teóricos identificam a origem do irracional ao exercício desse tipo de racionalidade, que, em última análise, visa à dominação da natureza para fins lucrativos e coloca a ciência e a técnica a serviço do capital. Anteriormente, com o Iluminismo, acreditava-se na força da razão para combater o obscurantismo. No entanto, quando a valorização dos meios se sobrepõem aos fins humanos, desvanece a ideia de que a ciência e a técnica seriam condição de emancipação social. Em vez de emancipar, provocaram o desaparecimento do sujeito autônomo, engolido pela uniformidade imposta pela indústria cultural, como disseram Adorno e Horkheimer; criticam a razão de dominação, o controle da natureza exterior e também interior pela repressão das paixões, recusam a racionalidade que apenas quer dominar em vez de compreender a natureza.
Nas últimas décadas do século XIX ocorreram transformações cruciais na nossa sociedade por conta da revolução da informática e da fragmentação dos grandes blocos dos saberes, como as concepções sistemáticas da ciência, literatura, pintura e arquitetura. Surgindo o que se denomina pós-modernidade.
O conceito de pós-moderno não é de fácil definição, pois há diferentes explicações para o fenômeno. De maneira geral, consiste no estado de espírito que descrê na herança das Luzes: não se aceitam mais os grandes sistemas, como o marxismo, o liberalismo, a esperança depositada no progresso da ciência, nem faz mais sentido a ilusão de que a razão haveria de nos orientar para uma sociedade mais harmônica. Tudo parece envelhecido e ultrapassado, cada vez mais distante do sonho iluminista da libertação humana pelo conhecimento. Em que tipo de descrença nos lançam os novos tempos? Na descrença na razão iluminista, diante de malogros como: os da Alemanha letrada, da qual emergiu o Holocausto; do mais alto conhecimento da física contemporânea, capaz de gestar a bomba que destruiu Hiroshima e Nagasaki.
Diante dos impasses da razão que produz o irracionalismo (sobretudo quando ela se torna arma do poder e agente do autoritarismo,ao invés de instrumento da Liberdade humana), diversos filósofos seguiram caminhos às vezes conflitantes e muitos que polemizam entre si, culminando com a crítica mais severa levada a efeito pelos pós-modernos. Outros procuram recuperar o impulso crítico nascido com a Ilustração, que acenara com a esperança de construção racional do nosso destino, livres da tirania e da superstição. O paradigma da racionalidade moderna precisa ser contestado, não por meio do irracionalismo, mas sim pela atividade crítica da razão mais completa e mais rica, que dialoga e se exerce na intersubjetividade.

1 - Como o modelo de racionalidade moderna pode ser contestado, segundo o texto?
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