Segundo filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, a morte de seu irmão primogénito, D. António, encaminhou-o para a herança da coroa de Portugal.
A sua infância decorreria em ambiente carregado, entre o instável ambiente familiar e os acontecimentos sociais e políticos, desde os ecos da Revolução Francesa, às ameaças napoleónicas, culminando pela fuga da corte para o Brasil perante as invasões francesas (1807). Contava então 9 anos de idade e a sua educação decorreu à rédea solta, sem estudos sistemáticos. Sofria de epilepsia, elemento de grande importância a considerar na compreensão da sua personalidade. Educado sem «luzes excessivas», os anos depressa lhe atribuem funções cada vez mais elevadas.
No Brasil casou com a arquiduquesa Leopoldina de Áustria, de quem teve dois filhos: D. Maria da Glória (1819) e D. Pedro (1825). A partir da revolução liberal portuguesa de 1820, os acontecimentos, quer no Brasil quer em Portugal, atropelam-se em ritmo acelerante para o feitio de D. João VI; por intimativas de Lisboa, nomeia regente do Brasil seu filho D. Pedro (devido à agitação popular no Rio, Pará e na Baía, de inspiração liberal) e volta a Portugal. Aqui, as Cortes Gerais, preocupadas com os acontecimentos brasileiros e a ascendência a reino da antiga colónia, pensam mandar o infante D. Pedro em viagem pela Europa. Mas antes que o regente do Brasil tomasse conhecimento, escreve ele a seu pai acerca das ideias de independência que alastravam no Brasil, e das quais D. Pedro viria a ser uma pedra fundamental: com efeito, a independência cobrir-se-ia com D. Pedro que, a dada altura, se teria convencido que em vez de movido, era o motor dos acontecimentos.
Em 7 de Setembro de 1822, o regente proclamava formalmente a independência brasileira, junto ao lpiranga (estado de São Paulo), sendo, mais tarde, proclamado imperador do Brasil. Quando em 1826, D. João VI morre imprevistamente, e se abre o problema da sucessão, o imperador brasileiro passa a ser uma das personagens fundamentais do drama nacional, que principiou a desenrolar-se e que termina em 1834 com a vitória dos liberais. D. Pedro foi proclamado rei de Portugal, conforme as determinações paternais. No decurso do seu breve e longínquo reinado, confirma D. Isabel Maria na regência, e outorga aos seus súbditos uma Carta Constitucional e abdica, condicionalmente, em sua filha D. Maria da Glória, com a condição do casamento desta com seu tio D. Miguel, ausente em Viena de Áustria, e que devia jurar a Carta. Após a doação da Carta os acontecimentos precipitaram-se: em Portugal, D. Miguel começa a governar como rei absoluto (1827), os liberais expatriados, presos ou a espernearem nas forcas; no Brasil, o choque, cada vez mais patente entre os sopros dos ventos liberais, e o autoritarismo do imperador, arrasta-o à gradual perda de prestígio e à dramática abdicação em seu filho D. Pedro II (7-4-1831).
Tendo abdicado duas coroas, o ex-imperador do Brasil e ex-rei de Portugal, reduzido ao título de duque de Bragança, abandona o Brasil e dirige-se para a Europa com a filha D. Maria II, rainha de nome, por cujo trono se batiam os liberais portugueses espalhados pela Europa, ou reunidos na ilha Terceira. O duque de Bragança decide empenhar-se pessoalmente na solução do pleito e a 3 de Março de 1832 assume a regência e nomeia um ministério do qual faz parte Mouzinho da Silveira. Data de então a fase decisiva da luta entre liberais e absolutistas, caracterizada, fundamentalmente, pela revolucionária legislação de Mouzinho e pelo entusiasmo e abnegação de D. Pedro, na preparação da expedição militar que, dos Açores, chegará às costas portuguesas (no Norte, próximo de Mindelo), para sentar no trono a jovem soberana e impor a Carta. E nos longos meses do cerco do Porto que o regente, não obstante os defeitos de carácter e de educação, dá a plena medida da pertinácia e dedicação pela causa que encabeçava. A convenção de Évora Monte põe fim a esta cruel guerra civil, e exila o rei absoluto. Pouco mais viveria D. Pedro: só o tempo suficiente para ver as Cortes reunidas de acordo com a carta, tendo falecido 4 dias após o começo do reinado de D. Maria II; apenas com 36 anos. Apaixonado, incoerente e corajoso, o nome e a actuação de D. Pedro são indissociáveis da experiência liberal portuguesa, que assinala o início do Portugal contemporâneo: mal ou bem, melhor ou pior, o possível Portugal contemporâneo e europeu principiou aí.
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Segundo filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, a morte de seu irmão primogénito, D. António, encaminhou-o para a herança da coroa de Portugal.
A sua infância decorreria em ambiente carregado, entre o instável ambiente familiar e os acontecimentos sociais e políticos, desde os ecos da Revolução Francesa, às ameaças napoleónicas, culminando pela fuga da corte para o Brasil perante as invasões francesas (1807). Contava então 9 anos de idade e a sua educação decorreu à rédea solta, sem estudos sistemáticos. Sofria de epilepsia, elemento de grande importância a considerar na compreensão da sua personalidade. Educado sem «luzes excessivas», os anos depressa lhe atribuem funções cada vez mais elevadas.
No Brasil casou com a arquiduquesa Leopoldina de Áustria, de quem teve dois filhos: D. Maria da Glória (1819) e D. Pedro (1825). A partir da revolução liberal portuguesa de 1820, os acontecimentos, quer no Brasil quer em Portugal, atropelam-se em ritmo acelerante para o feitio de D. João VI; por intimativas de Lisboa, nomeia regente do Brasil seu filho D. Pedro (devido à agitação popular no Rio, Pará e na Baía, de inspiração liberal) e volta a Portugal. Aqui, as Cortes Gerais, preocupadas com os acontecimentos brasileiros e a ascendência a reino da antiga colónia, pensam mandar o infante D. Pedro em viagem pela Europa. Mas antes que o regente do Brasil tomasse conhecimento, escreve ele a seu pai acerca das ideias de independência que alastravam no Brasil, e das quais D. Pedro viria a ser uma pedra fundamental: com efeito, a independência cobrir-se-ia com D. Pedro que, a dada altura, se teria convencido que em vez de movido, era o motor dos acontecimentos.
Em 7 de Setembro de 1822, o regente proclamava formalmente a independência brasileira, junto ao lpiranga (estado de São Paulo), sendo, mais tarde, proclamado imperador do Brasil. Quando em 1826, D. João VI morre imprevistamente, e se abre o problema da sucessão, o imperador brasileiro passa a ser uma das personagens fundamentais do drama nacional, que principiou a desenrolar-se e que termina em 1834 com a vitória dos liberais. D. Pedro foi proclamado rei de Portugal, conforme as determinações paternais. No decurso do seu breve e longínquo reinado, confirma D. Isabel Maria na regência, e outorga aos seus súbditos uma Carta Constitucional e abdica, condicionalmente, em sua filha D. Maria da Glória, com a condição do casamento desta com seu tio D. Miguel, ausente em Viena de Áustria, e que devia jurar a Carta. Após a doação da Carta os acontecimentos precipitaram-se: em Portugal, D. Miguel começa a governar como rei absoluto (1827), os liberais expatriados, presos ou a espernearem nas forcas; no Brasil, o choque, cada vez mais patente entre os sopros dos ventos liberais, e o autoritarismo do imperador, arrasta-o à gradual perda de prestígio e à dramática abdicação em seu filho D. Pedro II (7-4-1831).
Tendo abdicado duas coroas, o ex-imperador do Brasil e ex-rei de Portugal, reduzido ao título de duque de Bragança, abandona o Brasil e dirige-se para a Europa com a filha D. Maria II, rainha de nome, por cujo trono se batiam os liberais portugueses espalhados pela Europa, ou reunidos na ilha Terceira. O duque de Bragança decide empenhar-se pessoalmente na solução do pleito e a 3 de Março de 1832 assume a regência e nomeia um ministério do qual faz parte Mouzinho da Silveira. Data de então a fase decisiva da luta entre liberais e absolutistas, caracterizada, fundamentalmente, pela revolucionária legislação de Mouzinho e pelo entusiasmo e abnegação de D. Pedro, na preparação da expedição militar que, dos Açores, chegará às costas portuguesas (no Norte, próximo de Mindelo), para sentar no trono a jovem soberana e impor a Carta. E nos longos meses do cerco do Porto que o regente, não obstante os defeitos de carácter e de educação, dá a plena medida da pertinácia e dedicação pela causa que encabeçava. A convenção de Évora Monte põe fim a esta cruel guerra civil, e exila o rei absoluto. Pouco mais viveria D. Pedro: só o tempo suficiente para ver as Cortes reunidas de acordo com a carta, tendo falecido 4 dias após o começo do reinado de D. Maria II; apenas com 36 anos. Apaixonado, incoerente e corajoso, o nome e a actuação de D. Pedro são indissociáveis da experiência liberal portuguesa, que assinala o início do Portugal contemporâneo: mal ou bem, melhor ou pior, o possível Portugal contemporâneo e europeu principiou aí.