AV2 HISTÓRIA GERAL

1) Mesmo que rejeitemos o positivismo necessitamos ainda nos confrontar com noções como as de ‘realidade’, ‘prova’ e ‘verdade’. Isso não significa, claro, que os fenômenos não existentes ou os documentos falsos sejam historicamente menos relevantes para o historiador. Há setenta anos, Bloch e Febvre ensinaram o contrário. Mas a análise das representações sociais não pode fechar os olhos ao princípio da realidade.

GINZBURG, Carlo. Controlando a Evidência: o juiz e o historiador. In NOVAIS, Fernando; SILVA, Rogério Forastieri (orgs). Nova História em perspectiva, vol.1. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

De acordo com Carlo Ginzburg (1939), o historiador deve incorporar rotinas analíticas e procedimentos metodológicos que confiram a possibilidade de uma nova abordagem e reflexões diferenciadas sobre a dinâmica social e os aspectos culturais relativos ao seu objeto de estudo.

A propósito das linhas teóricas adotadas por este autor, e suas contribuições para a historiografia contemporânea, é correto apontar que:

Alternativas:

a) Ginzburg segue a tradição historiográfica positivista, que se comprova pela iniciativa deste autor em captar fatos históricos através de documentações oficiais, como as atas de julgamento dos tribunais da Inquisição.

b) conforme a abordagem de Ginzburg, deve haver uma dissociação clara entre os processos de memória cultural de natureza popular, em relação à ‘cultura erudita’, de natureza oficial.

c) a abordagem de Ginzburg rompe com o paradigma historiográfico Annales, pois enfatiza apenas os aspectos culturais para a explicação da lógica histórica.

d) Carlo Ginzburg, em obras como O Queijo e os Vermes, enfatiza a importância dos temas políticos de longa duração (décadas e séculos) para a construção historiográfica.

e) o enfoque de O Queijo e os Vermes sobre o moleiro Menocchio demonstra o foco do autor sobre os movimentos de curta duração como processos explicativos e criadores de uma síntese histórica.

2) Como pensa Foucault, a Universidade se assemelha aos ritos de passagem existentes nas sociedades primitivas. Nesse texto de 1972 Foucault vê a Universidade hoje diferente da do século XIX; nesta, “o ensino superior era exclusivamente reservado às crianças da burguesia”, ou a “essa franja da pequena burguesia”, reserva de mão-de-obra necessária à indústria e ao desenvolvimento científico e técnico. Como as Universidades de hoje acolhem estudantes de classes econômicas mais inferiores (“em vias de proletarização”), o “estatuto da Universidade torna-se problemático”.

Entenda-se isso direito: para Michel Foucault a nossa sociedade sempre buscou “rejeitar” ou “excluir” coisas – e tal foi o estudo que ele empreendeu, o que era do “seu interesse”. Uma “primeira função da Universidade [é, portanto,] colocar os estudantes fora de circulação. Sua segunda função, entretanto, é integradora: uma vez que um estudante passou seis ou sete anos de sua vida nessa sociedade artificial, ele se torna assimilável: a sociedade pode consumi-lo”; ele recebe “insidiosamente” valores, modelos de conduta socialmente desejáveis, “formas de ambição e elementos de um comportamento político”

ROCHA, Jorge Alberto. Michel Foucault: crítico-esteta-cínico mitigado [online]. Campina Grande: EDUEPB. Substractum collection, 2014, 317pp.

A abordagem de Foucault a respeito das tensões sociais e clivagens históricas produzidas ao longo do século XX impõem um novo papel ao historiador, como agente formador de pensamento e articulador de indivíduos em uma perspectiva coletiva.

Com base neste conteúdo, no texto-base e em seus conhecimentos sobre o tema proposto, analise as opções que se seguem e assinale a correta:

Alternativas:

a) Foucault defendia o isolamento analítico do intelectual em relação às questões sociais de seu tempo, à medida que definia a necessidade de uma análise desprovida de determinações sociais relativas à formação do historiador.

b) Em sua obra ‘A Operação Historiográfica’, Foucault reafirma a importância da História como espaço de memória e reflexão a partir das estruturas sociais que compõem o objeto de estudo do historiador.

c) Foucault tinha uma relação de proximidade com intelectuais como Jean-Paul Sartre, e esteve envolvido nos processos de contestação à ordem no ambiente acadêmico e social da França na década de 1960.

d) A proposta de Foucault, em ressonância com o referencial analítico de Jacques Lacan, ressalta a questão da ‘escuta do homem’ como fonte para a interpretação das relações sociais.

e) Foucault caracteriza a universidade como uma relação de poder e vigilância dos cidadãos, de modo que o Estado a criou a fim de viabilizar a formação de uma elite letrada engajada no discurso do governo.
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