Durante o decorrer da história da humanidade, é possível observar que o homem sempre fez uso de recursos naturais, como as plantas, por exemplo, para atender às suas necessidades básicas de sobrevivência e qualidade de vida, seja como alimento, seja para o preparo de remédios caseiros para a prevenção e o tratamento de doenças. Muitos desses conhecimentos práticos adquiridos ao longo dos anos sobre o uso de plantas com propriedades medicinais passaram de uma geração para outra e atualmente continuam válidos, inclusive servindo de base para a pesquisa e o desenvolvimento de novos medicamentos e uma série de outros produtos médicos e farmacêuticos.
Estudos revelam que cerca de 60% dos medicamentos quimioterápicos são derivados de plantas medicinais, movimentando cerca de 50 bilhões de dólares por ano. Além disso, aproximadamente 30% de todos os medicamentos disponíveis no mercado atualmente derivam (direta ou indiretamente) de alguma erva medicinal.
Atualmente, as plantas medicinais, os fitoterápicos e outros produtos naturais isolados representam um mercado de bilhões de dólares. Apenas em 2008, os fitoterápicos movimentaram US$ 21 bilhões em todo o mundo. No Brasil, os fitoterápicos movimentam cerca de US$ 400 milhões por ano.
Como se sabe, o Brasil apresenta, em seu território, quase um terço da flora mundial; inclusive, a Amazônia comporta a maior reserva de produtos naturais com ação fitoterápica do planeta. Por isso, a facilidade em adquirir plantas medicinais com potencial terapêutico e a forte tradição no uso de plantas medicinais são fatores que favorecem o desenvolvimento da fitoterapia no País.
Tudo isso contribui para que uma mesma planta medicinal seja usada em formulações caseiras e de fácil preparação para o tratamento alternativo de diferentes enfermidades, suprindo, inclusive, a falta de acesso a medicamentos convencionais na maioria dos serviços básicos de saúde pública. Porém, apesar de as plantas medicinais e os fitoterápicos serem uma opção vantajosa, é importante lembrar que também requerem uma série de cuidados, principalmente com relação à automedicação, já que muitos dos seus usuários desconhecem os diversos problemas decorrentes do uso incorreto e irracional dessas plantas, como possíveis efeitos adversos e as interações medicamentosas.
Assim, é fundamental que o farmacêutico comunitário possa orientar os usuários sobre o uso correto e racional de plantas medicinais e fitoterápicos, sem a perda de efetividade dos seus compostos bioativos (princípios ativos) e sem o risco de intoxicação por uso inadequado, seja por sobredosagens, seja por interações com outros medicamentos ou alimentos, por exemplo. Em geral, 75% das pessoas que usam fitoterápicos ou suplementos alimentares deixam de compartilhar essa informação com seus médicos.
Diante de tais circunstâncias, responda de acordo com a análise de cada paciente:
a) Você pode atender esse paciente ou deve encaminhá-lo para outro setor de atendimento? Justifique.
b) Você pode indicar algum medicamento à base de alguma planta medicinal? Em caso positivo, indique a norma oficial que regulamenta essa atividade.
c) Qual planta medicinal que poderia ser indicada para o paciente? Indique a forma caseira de preparo e a posologia correta.
Lista de comentários
Resposta:
Paciente 1
a) Sim, já que o sintoma se trata de um transtorno menor.
b) Sim. De acordo com a Resolução n.° 546, de 21 de julho de 2011, o farmacêutico tem direito de realizar indicações terapêuticas, inclusive de plantas medicinais e fitoterápicos isentos de prescrição. Além disso, a Resolução n.° 10, de 9 de março de 2010, disponibiliza informações sobre o uso de plantas medicinais isentas de prescrição.
c) A planta medicinal presente na Resolução n.° 10 e que o paciente pode usar é a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), indicada para distúrbios vinculados ao sistema digestivo (como dispepsia, azia e gastrite), já que apresenta efeito anti-inflamatório e cicatrizante.
Preparar infusão das folhas (2g) em 150ml de água fervente.
Após esfriar, tomar 1 xícara de chá de 3 a 4 vezes ao dia.
Paciente 2
a) Não. Por se tratar de um transtorno psicológico, ela deve ser direcionada para atendimento com um profissional habilitado nessa especialidade.
b) Não, porque provavelmente seja necessário prescrição médica.
c) A planta medicinal que a paciente poderia usar é a erva-de-são-joão (Hypericum perforatum), indicada para estados depressivos leves a moderados devido aos seus principais princípios ativos, hipericina e hiperforina.
Preparar infusão das flores (3g) em 500ml de água fervente.
Após esfriar, tomar 1 xícara de chá de 2 a 3 vezes ao dia.
Explicação: