Em busca do tempo certo
Por Malu Delgado | De São Paulo
Na infância ele importunava a mãe quando havia uma viagem marcada. Incapaz de controlar a ansiedade, exigia estar presente na estação de trem da pequena Santa Maria (RS) horas antes do embarque, o que fazia a família despachá-lo com bastante antecedência ao local acompanhado apenas da empregada da casa, para que se conseguisse algum sossego no término das arrumações e das malas. “Eu sou um sujeito muito complicado”. É que Nelson Jobim aprecia o tempo certo. Não aceita perder a hora.
Talvez essa característica tenha garantido a ele dar passos precisos na cronologia de sua carreira na política, no Judiciário e, mais recentemente, no mundo financeiro. O desassossego de criança ainda o acompanha quando tem de viajar – “se mandam chegar uma hora antes do embarque ao aeroporto, chego duas; se mandam chegar duas horas antes, chego três”. Porém, na vida profissional, seja em qual papel exerça hoje ou já tenha exercido, ele domina a inquietude. Incorporou a preciosa lição que “Doutor Ulysses” costumava repetir aos políticos jovens, retirada da Bíblia: “A cada dia, sua agonia”.
Sempre pontual, inexiste a possibilidade de Jobim não ser notado. Ao chegar ao Parigi, em São Paulo, o ex-ministro da Justiça e da Defesa e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) dirige-se rapidamente à mesa onde é aguardado. Por ser próximo a seu trabalho na Brigadeiro Faria Lima, onde fica a sede do BTG Pactual, Jobim e os assessores do banco costumam marcar ali alguns encontros. Altíssimo e detentor de timbre de voz inconfundível, ele retira o paletó, se acomoda na cadeira e começa a falar com empolgação de suas funções no banco e de como já aprendeu “60% daquele dialeto” do mercado financeiro – “sim, porque aquilo é um dialeto, praia nova”.
Aos 72 anos, o ex-ministro parece feliz com seu novo papel. “Está ótimo. Era um tema que não conhecia internamente. Agora estou aproveitando muitíssimo”. Responsável, desde agosto de 2016, pelo setor de relações institucionais e políticas de compliance do BTG e membro do conselho de administração do banco, Jobim foi um dos profissionais escalados para reerguer a imagem da instituição financeira após seu, então presidente, André Esteves, ser citado nas investigações da Lava-Jato e, posteriormente, preso, em novembro de 2015 (fonte: ).
Este excerto, publicado no jornal Valor Econômico, serve de exemplo para definir qual tipo de entrevista?
a.
Texto corrido.
b.
Pingue-pongue.
c.
De opinião.
d.
Perfil.
e.
De informação.
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