O que está acontecendo na Ucrânia? No Leste Europeu, está se desenrolando uma crise geopolítica que levou os principais líderes mundiais a colocarem sob a mesa um conflito congelado desde 2014, que até recentemente representava nada mais do que alguns pequenos conflitos isolados. A mais recente escalada da violência na primavera de 2021 aumentou os combates como resultado do contundente fracasso das negociações de paz entre Rússia, Ucrânia e Europa.
A propaganda imperialista dedicou-se a mostrar que, desde então, a Rússia concentrou novamente suas tropas (mais de 100.000 soldados e veículos militares) ao lado das fronteiras ucranianas soando os alarmes no Ocidente (Estados Unidos e União Europeia) de que Moscou esteja planejando uma nova agressão militar contra o país. Os Estados Unidos responderam ameaçando enviar 8.500 soldados para o Leste Europeu e ordenaram que parentes de funcionários da embaixada dos EUA em Kiev, capital da Ucrânia, deixassem o país dando a impressão de que um ataque iminente se aproxima.
É necessário ter clareza que o movimento das tropas russas é uma forma de equilibrar as forças diante do envio ao longo de vários anos de tropas da OTAN em torno dos países da Europa Oriental. Lá, a OTAN realizou exercícios militares com dezenas de milhares de soldados ano após ano junto a Ucrânia, incluindo Sea Breeze e Rapid Trident. Esta política mais agressiva do imperialismo dos EUA foi expressa na Cúpula pela Democracia convocada por Joe Biden para impor limites à Rússia e à China em busca de uma justificativa para liderar o mundo.
Desde a queda da União Soviética, os Estados Unidos, liderando a OTAN, seguiram uma estratégia de cercar e reduzir a influência russa para evitar sua ascensão como potência, uma meta compartilhada por grande parte do establishment estadunidense durante a década de 1990. Essas principais diretrizes são expressas no pensamento do ex-acessor de Barack Obama e neorealista, Zbigniew Brzezinski em seu famoso livro O tabuleiro mundial (NdT), onde ele expõe a importância de dominar a Ucrânia para evitar que a Rússia se torne uma grande potência.
Este objetivo andava de mãos dadas com transformar o país em semi-colonial, ou seja, degradar e subjugar a oligarquia russa que emergiu após a queda da URSS. Isso pode ser interrompido em parte por Putin a partir de 1999 em parte por haver herdado o arsenal nuclear soviético e por causa do ciclo de aumento dos preços dos hidrocarbonetos nos anos 2000, o que permitiu-lhe alcançar maior autonomia relativa, mas não alcançar o status de grande potência.
Entre 1999 e 2004, o avanço da OTAN significou a adesão de países do espaço pós-soviético tanto à Aliança Atlântica quanto à União Europeia, entre eles estavam Polônia, Hungria, República Tcheca, os países bálticos como Letônia, Estônia e Lituânia, depois Romênia, Bulgária, Eslováquia e Eslovênia. Essas incorporações permitiram posicionar tropas e estruturas militares sobre o espaço de influência russo. Em 2008, ano da curta guerra na Geórgia, os Estados Unidos e a OTAN mantiveram bases militares em torno de grande parte do gigante asiático se incluíssemos países da Ásia Central, como Uzbequistão, Turquemenistão e Tajiquistão, que forneceram permissão para entrar no Afeganistão a partir daí. Avanços que implicavam não apenas a influência política e militar do “atlântico”, mas também o aprofundamento da desapropriação e do disciplinamento do movimento operário de todos esses países ao estabelecer as relações sociais capitalistas da produção dentro da ordem mundial neoliberal. E que, por outro lado, permitiram que os Estados Unidos apertassem o laço sobre a União Europeia que, após a unificação da Alemanha, convertia-se uma potência que aspirava alcançar maior autonomia, uma questão expressa não apenas na criação do euro como moeda mundial, mas no projeto do exército europeu - que foi truncado desde que a guerra no Kosovo serviu para implementação permanente de bases da OTAN na Europa.
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O que está acontecendo na Ucrânia? No Leste Europeu, está se desenrolando uma crise geopolítica que levou os principais líderes mundiais a colocarem sob a mesa um conflito congelado desde 2014, que até recentemente representava nada mais do que alguns pequenos conflitos isolados. A mais recente escalada da violência na primavera de 2021 aumentou os combates como resultado do contundente fracasso das negociações de paz entre Rússia, Ucrânia e Europa.
A propaganda imperialista dedicou-se a mostrar que, desde então, a Rússia concentrou novamente suas tropas (mais de 100.000 soldados e veículos militares) ao lado das fronteiras ucranianas soando os alarmes no Ocidente (Estados Unidos e União Europeia) de que Moscou esteja planejando uma nova agressão militar contra o país. Os Estados Unidos responderam ameaçando enviar 8.500 soldados para o Leste Europeu e ordenaram que parentes de funcionários da embaixada dos EUA em Kiev, capital da Ucrânia, deixassem o país dando a impressão de que um ataque iminente se aproxima.
É necessário ter clareza que o movimento das tropas russas é uma forma de equilibrar as forças diante do envio ao longo de vários anos de tropas da OTAN em torno dos países da Europa Oriental. Lá, a OTAN realizou exercícios militares com dezenas de milhares de soldados ano após ano junto a Ucrânia, incluindo Sea Breeze e Rapid Trident. Esta política mais agressiva do imperialismo dos EUA foi expressa na Cúpula pela Democracia convocada por Joe Biden para impor limites à Rússia e à China em busca de uma justificativa para liderar o mundo.
Desde a queda da União Soviética, os Estados Unidos, liderando a OTAN, seguiram uma estratégia de cercar e reduzir a influência russa para evitar sua ascensão como potência, uma meta compartilhada por grande parte do establishment estadunidense durante a década de 1990. Essas principais diretrizes são expressas no pensamento do ex-acessor de Barack Obama e neorealista, Zbigniew Brzezinski em seu famoso livro O tabuleiro mundial (NdT), onde ele expõe a importância de dominar a Ucrânia para evitar que a Rússia se torne uma grande potência.
Este objetivo andava de mãos dadas com transformar o país em semi-colonial, ou seja, degradar e subjugar a oligarquia russa que emergiu após a queda da URSS. Isso pode ser interrompido em parte por Putin a partir de 1999 em parte por haver herdado o arsenal nuclear soviético e por causa do ciclo de aumento dos preços dos hidrocarbonetos nos anos 2000, o que permitiu-lhe alcançar maior autonomia relativa, mas não alcançar o status de grande potência.
Entre 1999 e 2004, o avanço da OTAN significou a adesão de países do espaço pós-soviético tanto à Aliança Atlântica quanto à União Europeia, entre eles estavam Polônia, Hungria, República Tcheca, os países bálticos como Letônia, Estônia e Lituânia, depois Romênia, Bulgária, Eslováquia e Eslovênia. Essas incorporações permitiram posicionar tropas e estruturas militares sobre o espaço de influência russo. Em 2008, ano da curta guerra na Geórgia, os Estados Unidos e a OTAN mantiveram bases militares em torno de grande parte do gigante asiático se incluíssemos países da Ásia Central, como Uzbequistão, Turquemenistão e Tajiquistão, que forneceram permissão para entrar no Afeganistão a partir daí. Avanços que implicavam não apenas a influência política e militar do “atlântico”, mas também o aprofundamento da desapropriação e do disciplinamento do movimento operário de todos esses países ao estabelecer as relações sociais capitalistas da produção dentro da ordem mundial neoliberal. E que, por outro lado, permitiram que os Estados Unidos apertassem o laço sobre a União Europeia que, após a unificação da Alemanha, convertia-se uma potência que aspirava alcançar maior autonomia, uma questão expressa não apenas na criação do euro como moeda mundial, mas no projeto do exército europeu - que foi truncado desde que a guerra no Kosovo serviu para implementação permanente de bases da OTAN na Europa.