Gente me ajudem eu quero o assunto da influência dos negros na sociedade Paraense valendo bastante pts!!!!
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RaFiinHa3030
A presença dos negros na Amazônia brasileira e a política colonial portuguesa deixaram marcas indeléveis na cultura e no modo de vida da região, profundamente afetada por sua presença, práticas e herança. Essa influência é analisada por diferentes ângulos pelo musicólogo, folclorista, antropólogo e historiador paraense Vicente Salles (1931 – 2013), em O negro na formação da sociedade paraense (Editora Paka-Tatu, 2015).
Obra composta por nove capítulos acompanhados por fotografias, desenhos e partituras musicais, O negro na formação da sociedade paraense esteve esgotado após sua primeira edição, em 2004, sendo reeditado em 2015 por ocasião dos 400 anos de Belém. Nele, o autor amplia a discussão iniciada em O negro no Pará (1971), considerada uma de suas obras mais importantes.
No capítulo inicial, “A escravidão Africana e a Amazônia”, o autor esclarece que um dos aspectos que caracterizou a relação entre colonizadores e escravos negros, era o fato de que o regime escravagista não distinguia os diferentes grupos étnicos africanos sob seu domínio. O contato destes com as manifestações indígenas e com o catolicismo praticado pelos portugueses, permitiu a formação do sincretismo religioso, um amálgama das manifestações da religiosidade africana, europeia e dos índios da Amazônia brasileira.
Para o autor, entre as principais devoções populares assimiladas do catolicismo pelos negros, consta a festividade de São Benedito, tradição cultural e religiosa fortemente presente no município de Bragança, nordeste do Pará, através dos festejos da Marujada. Ocorrido entre 18 a 26 de dezembro, a Marujada chega a ofuscar as festividades natalinas, comenta o historiador.
A contribuição do negro para a formação da sociedade paraense vai além de sua influência na culinária, no vocabulário e no folclore regional. A herança africana trazida com os negros pode ser vista também, segundo Vicente Salles, em festas e folguedos como o Marambiré, presente no município de Alenquer, ou o Aiué, encontrada em Oriximiná, região do Baixo Amazonas. Outro legado africano no Pará são os movimentos do Retumbão, espécie de samba de roda apresentada durante a Marujada de Bragança. Vicente Salles cita a observação feita por Luís da Câmara Cascudo (1898 – 1986), que percebeu no Retumbão as mesmas características das batidas de pé presentes em danças na Guiné Portuguesa.
No Estado vizinho do Amapá, Salles aponta a presença do Marabaixo como uma das heranças africanas na região. O Boi-Bumbá amazônico é, também, um elemento que compõe o patrimônio da cultura negra, “certamente o folguedo nacional de maior significação estética e social”, espécie de “farsa popular antiescravista”. Do mesmo modo, a capoeira, que sobreviveu à escravidão e continuou sendo praticada e aperfeiçoada pelos libertos, como “seu próprio sistema de defesa” diante das ameaças dos capitães do mato, por exemplo. Citando Câmara Cascudo, Vicente Salles aponta sua origem em Angola, “derivado do n’golo de Benguela e da bassula de Luanda”.
Em Belém, a crônica dos jornais da época é abundante em associar a prática da capoeira à promiscuidade, “a gente vil ou ralé, vadia, turbulenta”. O preconceito dispensado era o mesmo quando se tratava de abordar o batuque, o carimbó ou o samba (recentemente, um cantor sertanejo reproduziu semelhante discriminação em cadeia nacional, referindo-se ao samba como “coisa de bandido”).
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Obra composta por nove capítulos acompanhados por fotografias, desenhos e partituras musicais, O negro na formação da sociedade paraense esteve esgotado após sua primeira edição, em 2004, sendo reeditado em 2015 por ocasião dos 400 anos de Belém. Nele, o autor amplia a discussão iniciada em O negro no Pará (1971), considerada uma de suas obras mais importantes.
No capítulo inicial, “A escravidão Africana e a Amazônia”, o autor esclarece que um dos aspectos que caracterizou a relação entre colonizadores e escravos negros, era o fato de que o regime escravagista não distinguia os diferentes grupos étnicos africanos sob seu domínio. O contato destes com as manifestações indígenas e com o catolicismo praticado pelos portugueses, permitiu a formação do sincretismo religioso, um amálgama das manifestações da religiosidade africana, europeia e dos índios da Amazônia brasileira.
Para o autor, entre as principais devoções populares assimiladas do catolicismo pelos negros, consta a festividade de São Benedito, tradição cultural e religiosa fortemente presente no município de Bragança, nordeste do Pará, através dos festejos da Marujada. Ocorrido entre 18 a 26 de dezembro, a Marujada chega a ofuscar as festividades natalinas, comenta o historiador.
A contribuição do negro para a formação da sociedade paraense vai além de sua influência na culinária, no vocabulário e no folclore regional. A herança africana trazida com os negros pode ser vista também, segundo Vicente Salles, em festas e folguedos como o Marambiré, presente no município de Alenquer, ou o Aiué, encontrada em Oriximiná, região do Baixo Amazonas. Outro legado africano no Pará são os movimentos do Retumbão, espécie de samba de roda apresentada durante a Marujada de Bragança. Vicente Salles cita a observação feita por Luís da Câmara Cascudo (1898 – 1986), que percebeu no Retumbão as mesmas características das batidas de pé presentes em danças na Guiné Portuguesa.
No Estado vizinho do Amapá, Salles aponta a presença do Marabaixo como uma das heranças africanas na região. O Boi-Bumbá amazônico é, também, um elemento que compõe o patrimônio da cultura negra, “certamente o folguedo nacional de maior significação estética e social”, espécie de “farsa popular antiescravista”. Do mesmo modo, a capoeira, que sobreviveu à escravidão e continuou sendo praticada e aperfeiçoada pelos libertos, como “seu próprio sistema de defesa” diante das ameaças dos capitães do mato, por exemplo. Citando Câmara Cascudo, Vicente Salles aponta sua origem em Angola, “derivado do n’golo de Benguela e da bassula de Luanda”.
Em Belém, a crônica dos jornais da época é abundante em associar a prática da capoeira à promiscuidade, “a gente vil ou ralé, vadia, turbulenta”. O preconceito dispensado era o mesmo quando se tratava de abordar o batuque, o carimbó ou o samba (recentemente, um cantor sertanejo reproduziu semelhante discriminação em cadeia nacional, referindo-se ao samba como “coisa de bandido”).