LÍNGUA PORTUGUESA
Atividade 2
Leia o texto abaixo.



Uma esperança



Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto. [...]

Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender. [...]

– Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.

– Sei, é assim mesmo. [...]

– Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.

Andava mesmo devagar – estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo. [...]

Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.

Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: “e essa agora? que devo fazer?” Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.



LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2013. Fragmento.



Nesse texto, o trecho que marca o conflito é:
“Aqui em casa pousou uma esperança.”. (1º parágrafo)
“... três vezes teve que retroceder caminho.”. (2º parágrafo)
“Andava mesmo devagar – estaria por acaso ferida?”. (6º parágrafo)
“... mais pousa que vive, é um esqueletinho verde...”. (7º parágrafo)
“Depois não me lembro mais o que aconteceu.”. (8º parágrafo)
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LÍNGUA PORTUGUESA Atividade 23 Leia o texto abaixo. Pesquisadores encontram “quantidades significativas de água” em Marte Marte tem sua própria versão do Grand Canyon (fissura natural resultante de constante erosão, no Arizona), e os cientistas descobriram que essa característica dramática é o lar de “quantidades significativas de água”, após uma sondagem feita por uma sonda circulando o planeta vermelho [...]. A água está localizada abaixo da superfície do sistema de cânion e foi detectada pelo Detector de Nêutrons Epitérmicos de Resolução Fina (FREND, em inglês). Este instrumento é capaz de mapear hidrogênio a quase um metro de profundidade do solo de Marte. A maior parte da água no planeta vermelho está localizada nas regiões polares e permanece congelada. [...] “FREND revelou uma área com uma quantidade invulgarmente grande de hidrogênio no colossal sistema de cânion Valles Marineris: assumindo que o hidrogênio que vemos está ligado às moléculas de água, até 40% do material próximo à superfície nesta região parece ser água.” Para que você entenda a dimensão, esta área tem quase o tamanho da Holanda. Ele se sobrepõe ao Candor Chaos, uma rede de vales dentro do sistema de desfiladeiros. O instrumento FREND procura nêutrons para mapear o conteúdo de hidrogênio no solo marciano. “Podemos deduzir quanta água há no solo olhando os nêutrons que ele emite”, disse o coautor do estudo Alexey Malakhov, cientista sênior [...], em um comunicado. [...] STRICKLAND, Ashley. Pesquisadores encontram “quantidades significativas de água” em Marte. In: CNN Brasil. 2021. Disponível em: . Acesso em: 3 mar. 2022. Fragmento. No último parágrafo desse texto, a citação do cientista foi usada para apresentar uma crítica sobre o assunto abordado. comprovar um fato por meio de comparação. destacar um conhecimento do senso comum. fazer um questionamento ao leitor do texto. reforçar a credibilidade dos fatos apresentados.
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LÍNGUA PORTUGUESA Atividade 3 Leia o texto abaixo. Uma esperança Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto. [...] Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender. [...] – Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita. – Sei, é assim mesmo. [...] – Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim. Andava mesmo devagar – estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo. [...] Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la. Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: “e essa agora? que devo fazer?” Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada. LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2013. Fragmento. No primeiro parágrafo desse texto, qual é o recurso estilístico utilizado? A comparação entre um inseto e um sentimento. A ironia em relação ao sentimento com um inseto. A presença de palavras com sonoridade semelhante. A repetição da palavra esperança de forma excessiva. A reprodução de sons produzidos pelos insetos.
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LÍNGUA PORTUGUESA Atividade 6 Leia o texto abaixo. A terceira margem do rio Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente – minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa. Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, [...] se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta. ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. Fragmento. Mantida a ortografia original do texto. Nesse texto, a organização do primeiro parágrafo tem como base a caracterização de personagens. a conversa entre personagens. a descrição do ambiente. a passagem do tempo. a sequência dos fatos.
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LÍNGUA PORTUGUESA Atividade 7 Leia o texto abaixo. A terceira margem do rio Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente – minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa. Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, [...] se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta. ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. Fragmento. Mantida a ortografia original do texto. Entende-se desse texto que o narrador brigava com os irmãos. o narrador saía em defesa da mãe. o pai do narrador foi embora na canoa. o pai do narrador queria levar os filhos. o pai do narrador tornou-se pescador.
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LÍNGUA PORTUGUESA Atividade 9 Leia o texto abaixo. No verão saímos da praia muito depois das outras crianças e dos outros pais. A areia, no alto junto à estrada, queima os pés, e toda vez a corrida final cheia de gritos é a alegria que encerra a manhã. Chegando à calçada sacodem-se as roupas, as toalhas, bate-se com força os pés no chão, em pequeno cerimonial do qual participa toda a família. Eu visto uma roupa leve, macia de muitas lavagens, abotoada na frente, clara. [...] Sinto a pele áspera de sal. A água escorre fresca dos meus cabelos [...], o vestido se cola sobre as costas e os ombros, segunda epiderme grossa e enrugada. O calor parece nascer do chão. No sol a pino, quase não temos sombra. O hotel não é muito longe; vamos a pé pela avenida que beira a praia [...]. O calor caminha conosco [...] No fundo da avenida, a praia é dos pescadores. Os barcos alinhados sobre a areia, as velas recolhidas, as redes abertas ao sol para secar, dormem, parados, à espera de que a tarde traga o terral e possam fazer-se ao mar. Não se vê ninguém; nós somos os últimos. Atravessamos a pracinha ensombrada de pinheiros. Respirando fundo [...], mergulhamos no ar subitamente leve, já aliviados do calor, já chegando. No hotel almoça-se do lado de fora [...]. A fome, contida durante tantas horas, não é mais premente, mas funda, misturada ao cansaço, confuso torpor. Há o cheiro de flores no calor, de peixe frito, de tantas pessoas vindas da praia. No ruído de pratos, talheres, vozes [...], meu corpo, mole de tanto sol, vai ficando vago, perde seus contornos, e eu continuo, ali, o longo boiar da manhã, com o mar nos meus ouvidos, num desejo de mar para o dia seguinte. COLASANTI, Marina. Eu sozinha. São Paulo: Global, 2018. Fragmento. O desfecho dessa narrativa acontece quando a narradora avista os barcos dos pescadores. chega no hotel. deseja voltar na praia no dia seguinte. sai da praia. sente o cheiro de peixe fresco.
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