Nos mercados e peixarias, o preço da sardinha(Sardinella brasiliensis) é oito vezes menor do que o preço do cherne (Epinerpheulus niveatus). A primeira espécie é de porte pequeno, tem peso médio de 80 gramas e se alimenta basicamente de fitoplâncton e zooplâncton. A segunda espécie é de porte grande, tem peso médio de 30.000 gramas e se alimenta de outros peixes, podendo ser considerado um predador do topo.
Considerando a eficiência do fluxo de energia entre os diferentes níveis tróficos nas redes tróficas marinhas como o principal determinante do tamanho das populações de peixes, justifique a diferença de preço entre as duas espécies.
Pense na seguinte analogia: numa fábrica, quem está mais próximo da produção, o operário ou o patrão? Qual a população mais numerosa, a de operários ou a de patrões (essa é fácil...)? Se fossemos pensar na força do trabalho em termos de energia, onde há mais energia "concentrada"? Pois bem, nas cadeias e redes alimentares é mais ou menos semelhante: os níveis mais próximos da produção do alimento (o dos Produtores ou Autótrofos, que na maioria das redes alimentares são os que fazem fotossíntese) são ocupados pelos Consumidores de 1ª e 2ª ordem (os "operários"); são eles que absorvem boa parte da energia retida na fotossíntese (o C1 absorve 90% pois é exclusivamente herbívoro), podendo ter uma alimentação menos variada (menos biomassa) mas uma população maior. Como o fluxo da energia vai diminuindo 10% a cada nível alimentar (ou trófico) - pois as atividades metabólicas "jogam" calor no ambiente - quem está nos níveis alimentares mais elevados ("topo" da cadeia alimentar) precisa ter uma alimentação mais variada (geralmente são carnívoros predadores ou onívoros, como os humanos) para obter uns 0,001% da energia retida lá no início da cadeia pelos Produtores. Todo esse "esforço" para obter energia do alimento é um dos fatores que limita a população mas possibilita o ganho de biomassa. Por isso é que aquele que está no topo de uma cadeia ou rede alimentar pode ter massa corpórea maior e, por isso também, é que devem existir mais presas do que predadores (ou: "mais operários do que patrões", sem comparação maldosa...). Portanto, sardinhas são menos caras no mercado porque sendo C1 (quando se alimentam de fitoplâncton = Produtor) ou C2 (quando o alimento é o C1 = zooplâncton), obtém maior parcela da energia que vem da fotossíntese dos Produtores; têm tamanho menor (menos biomassa) mas se reproduzem mais (população maior). Já o peixão de 30 kg, estando no topo da cadeia, precisa ter alimentação variada para ter biomassa maior e maior parcela energética, o que o faz ter uma população menor do que a das sardinhas, ou seja é espécie menos comum, portanto, mais caro. Espero ter ajudado.
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Pense na seguinte analogia: numa fábrica, quem está mais próximo da produção, o operário ou o patrão? Qual a população mais numerosa, a de operários ou a de patrões (essa é fácil...)? Se fossemos pensar na força do trabalho em termos de energia, onde há mais energia "concentrada"? Pois bem, nas cadeias e redes alimentares é mais ou menos semelhante: os níveis mais próximos da produção do alimento (o dos Produtores ou Autótrofos, que na maioria das redes alimentares são os que fazem fotossíntese) são ocupados pelos Consumidores de 1ª e 2ª ordem (os "operários"); são eles que absorvem boa parte da energia retida na fotossíntese (o C1 absorve 90% pois é exclusivamente herbívoro), podendo ter uma alimentação menos variada (menos biomassa) mas uma população maior. Como o fluxo da energia vai diminuindo 10% a cada nível alimentar (ou trófico) - pois as atividades metabólicas "jogam" calor no ambiente - quem está nos níveis alimentares mais elevados ("topo" da cadeia alimentar) precisa ter uma alimentação mais variada (geralmente são carnívoros predadores ou onívoros, como os humanos) para obter uns 0,001% da energia retida lá no início da cadeia pelos Produtores. Todo esse "esforço" para obter energia do alimento é um dos fatores que limita a população mas possibilita o ganho de biomassa. Por isso é que aquele que está no topo de uma cadeia ou rede alimentar pode ter massa corpórea maior e, por isso também, é que devem existir mais presas do que predadores (ou: "mais operários do que patrões", sem comparação maldosa...). Portanto, sardinhas são menos caras no mercado porque sendo C1 (quando se alimentam de fitoplâncton = Produtor) ou C2 (quando o alimento é o C1 = zooplâncton), obtém maior parcela da energia que vem da fotossíntese dos Produtores; têm tamanho menor (menos biomassa) mas se reproduzem mais (população maior). Já o peixão de 30 kg, estando no topo da cadeia, precisa ter alimentação variada para ter biomassa maior e maior parcela energética, o que o faz ter uma população menor do que a das sardinhas, ou seja é espécie menos comum, portanto, mais caro. Espero ter ajudado.