a) A ditadura militar se estendeu de 31 de março de 1964 (historiadores apontam a hipótese do golpe ter ocorrido em 1° de abril) até 15 de março de 1985.
b) Os principais protestos ocorridos a favor da ditadura foram chamados de Marcha da Família com Deus pela Liberdades, ocorridos entre 19 de março e 8 de junho de 1964 no Brasil, em resposta ao que foi considerado por militares e setores conservadores, uma "ameaça comunista" do governo de João Goulart.
c) Entre 1964 e 1985, o Brasil se modernizou, mas a desigualdade social aumentou, assim como a repressão política, a dívida externa e a inflação, que voltou a ser galopante nos anos 80. Alguns setores militares e da polícia se especializaram em torturar, matar e esconder cadáveres. A censura barrava o acesso à informação e forçava artistas a viver no exílio. E demorou para o povo retomar o hábito de ir às ruas para se manifestar e cobrar por seus direitos.
Depoimento:
"Eu sou Severina de Souza Pontes e nasci em uma fazenda no município de Pilar. Em 1957, me mudei com toda a minha família para João Pessoa, onde realizei meu sonho de estudar no Lyceu Paraibano, e foi lá, em 1958, que eu comecei a ter uma visão diferente das coisas. No Lyceu eu entrei para o Grêmio e para o Cine Clube, e conheci meu marido Breno Matos, que me conduziu à Juventude Comunista.
Em 60 começa-se um movimento já bem definido da juventude comunista e eis que em 64 temos o golpe militar. Nosso sonho de ver um Brasil diferente, um Brasil alfabetizado, foi silenciado. Tive amigos que foram presos e torturados, inclusive o próprio Breno. Ele e os amigos foram pegos quando estavam em uma reunião na Faculdade de Direito.
Com o golpe eu tive que deixar de estudar, porque eles me procuravam. Como falei no início, meu nome de batismo é Severina de Souza Pontes, mas, no Lyceu, eu era conhecida como Zezita de Souza. Eles me procuraram e não me encontraram. Acredito que alguém no Lyceu me protegeu, já que todos sabiam o meu verdadeiro nome. Assim eu me livrei de ser presa. Em 1972, quando fiz o exame de madureza e entrei para o curso de Letras, descobrimos que havia um olheiro na minha sala. Ele participava das aulas se passando por aluno só para observar nossas discussões.
O tempo foi passando e hoje podemos dizer: houve sim tortura, houve sim mortes, a exemplo de pessoas que eu conheci. Podemos falar ainda de Manoel Alves, que foi torturado e teve todas as suas unhas arrancadas.
Hoje estou aqui, viva, e continuo gritando. As cicatrizes e as tremendas injustiças que aconteceram em 64 têm que ser ditas, têm que ser gritadas, não podem ficar silenciadas. E não só houve tortura física como houve, também, a tortura psíquica, porque meus irmãos não podiam ver um carro do exército que ficavam horrorizados de medo.
Por fim, volto a falar: houve golpe, houve ditadura, houve tortura, houve perseguição. Lamentavelmente, o Brasil parece estar caminhando para um rumo semelhante. Mas é isso o que eu tenho a dizer: ditadura nunca mais!”
d) "Diretas Já" foi um movimento político de cunho popular que teve como objetivo a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República no Brasil. O movimento começou em maio de 1983 e foi até 1984, tendo mobilizado milhões de pessoas, como representantes de partidos políticos, da sociedade civil, artistas e intelectuais em comícios e passeatas.
Na perspectiva de eleições diretas, o deputado mato-grossense Dante de Oliveira apresentou em 1983 uma emenda constitucional*. A proposta previa, ainda, o fim do Colégio Eleitoral*. Se fosse aprovada, o voto direto ocorreria nas eleições de 1985. Políticos e artistas dividiram o palanque em vários atos até o dia 25 de maio, quando foi votada a emenda de Dante de Oliveira. A sessão foi de intenso movimento e tensão. Ainda assim, a Câmara dos Deputados não aprovou a emenda e as eleições daquele ano não contaram com a participação do povo, ocorrendo apenas em 1989.
*Emenda Constitucional: É uma modificação da constituição de um Estado, resultando em mudanças pontuais do texto constitucional.
*Colégio Eleitoral: Órgão formado por um conjunto de eleitores com o poder de um corpo deliberativo para eleger alguém a um posto particular
A música "Coração de Estudante" se tornou representativa pelos Diretas Já, um símbolo de esperança criado por Milton Nascimento e composta por Wagner Tiso Veiga, trazendo um toque de esperança e anseio por novos tempos. A letra foi baseada no jovem Edson Luis, um estudante universitário morto pelo regime militar na época.
Coração de Estudante
Milton Nascimento
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê flor
Flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração, juventude e fé
FONTES:
Toda Matéria: Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)
Wikipédia: Marcha da Família com Deus pela Liberdade
Super Interessante: Como era a vida no Brasil da ditadura?
Nossa Fala: 64 nunca mais: conheça os relatos de quem viveu a Ditadura
Toda Matéria: Diretas Já
Rádio Social Plus Brasil: Diretas Já e Coração de Estudante: Do que falava a música de Milton Nascimento?
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a) A ditadura militar se estendeu de 31 de março de 1964 (historiadores apontam a hipótese do golpe ter ocorrido em 1° de abril) até 15 de março de 1985.
b) Os principais protestos ocorridos a favor da ditadura foram chamados de Marcha da Família com Deus pela Liberdades, ocorridos entre 19 de março e 8 de junho de 1964 no Brasil, em resposta ao que foi considerado por militares e setores conservadores, uma "ameaça comunista" do governo de João Goulart.
c) Entre 1964 e 1985, o Brasil se modernizou, mas a desigualdade social aumentou, assim como a repressão política, a dívida externa e a inflação, que voltou a ser galopante nos anos 80. Alguns setores militares e da polícia se especializaram em torturar, matar e esconder cadáveres. A censura barrava o acesso à informação e forçava artistas a viver no exílio. E demorou para o povo retomar o hábito de ir às ruas para se manifestar e cobrar por seus direitos.
Depoimento:
"Eu sou Severina de Souza Pontes e nasci em uma fazenda no município de Pilar. Em 1957, me mudei com toda a minha família para João Pessoa, onde realizei meu sonho de estudar no Lyceu Paraibano, e foi lá, em 1958, que eu comecei a ter uma visão diferente das coisas. No Lyceu eu entrei para o Grêmio e para o Cine Clube, e conheci meu marido Breno Matos, que me conduziu à Juventude Comunista.
Em 60 começa-se um movimento já bem definido da juventude comunista e eis que em 64 temos o golpe militar. Nosso sonho de ver um Brasil diferente, um Brasil alfabetizado, foi silenciado. Tive amigos que foram presos e torturados, inclusive o próprio Breno. Ele e os amigos foram pegos quando estavam em uma reunião na Faculdade de Direito.
Com o golpe eu tive que deixar de estudar, porque eles me procuravam. Como falei no início, meu nome de batismo é Severina de Souza Pontes, mas, no Lyceu, eu era conhecida como Zezita de Souza. Eles me procuraram e não me encontraram. Acredito que alguém no Lyceu me protegeu, já que todos sabiam o meu verdadeiro nome. Assim eu me livrei de ser presa. Em 1972, quando fiz o exame de madureza e entrei para o curso de Letras, descobrimos que havia um olheiro na minha sala. Ele participava das aulas se passando por aluno só para observar nossas discussões.
O tempo foi passando e hoje podemos dizer: houve sim tortura, houve sim mortes, a exemplo de pessoas que eu conheci. Podemos falar ainda de Manoel Alves, que foi torturado e teve todas as suas unhas arrancadas.
Hoje estou aqui, viva, e continuo gritando. As cicatrizes e as tremendas injustiças que aconteceram em 64 têm que ser ditas, têm que ser gritadas, não podem ficar silenciadas. E não só houve tortura física como houve, também, a tortura psíquica, porque meus irmãos não podiam ver um carro do exército que ficavam horrorizados de medo.
Por fim, volto a falar: houve golpe, houve ditadura, houve tortura, houve perseguição. Lamentavelmente, o Brasil parece estar caminhando para um rumo semelhante. Mas é isso o que eu tenho a dizer: ditadura nunca mais!”
d) "Diretas Já" foi um movimento político de cunho popular que teve como objetivo a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República no Brasil. O movimento começou em maio de 1983 e foi até 1984, tendo mobilizado milhões de pessoas, como representantes de partidos políticos, da sociedade civil, artistas e intelectuais em comícios e passeatas.
Na perspectiva de eleições diretas, o deputado mato-grossense Dante de Oliveira apresentou em 1983 uma emenda constitucional*. A proposta previa, ainda, o fim do Colégio Eleitoral*. Se fosse aprovada, o voto direto ocorreria nas eleições de 1985. Políticos e artistas dividiram o palanque em vários atos até o dia 25 de maio, quando foi votada a emenda de Dante de Oliveira. A sessão foi de intenso movimento e tensão. Ainda assim, a Câmara dos Deputados não aprovou a emenda e as eleições daquele ano não contaram com a participação do povo, ocorrendo apenas em 1989.
*Emenda Constitucional: É uma modificação da constituição de um Estado, resultando em mudanças pontuais do texto constitucional.
*Colégio Eleitoral: Órgão formado por um conjunto de eleitores com o poder de um corpo deliberativo para eleger alguém a um posto particular
A música "Coração de Estudante" se tornou representativa pelos Diretas Já, um símbolo de esperança criado por Milton Nascimento e composta por Wagner Tiso Veiga, trazendo um toque de esperança e anseio por novos tempos. A letra foi baseada no jovem Edson Luis, um estudante universitário morto pelo regime militar na época.
Coração de Estudante
Milton Nascimento
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê flor
Flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração, juventude e fé
FONTES:
Toda Matéria: Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)
Wikipédia: Marcha da Família com Deus pela Liberdade
Super Interessante: Como era a vida no Brasil da ditadura?
Nossa Fala: 64 nunca mais: conheça os relatos de quem viveu a Ditadura
Toda Matéria: Diretas Já
Rádio Social Plus Brasil: Diretas Já e Coração de Estudante: Do que falava a música de Milton Nascimento?