LONDRES E SÃO PAULO, 15 MAR (ANSA) – O anúncio da primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, de convocar um novo plebiscito de independência do Reino Unido volta a causar tensão na Europa.
Isso porque, como se não bastasse o turbulento período à frente com a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, os britânicos poderão perder força caso os escoceses optem pela independência.
Mas, por que convocar um plebiscito menos de três anos após um referendo semelhante? Quem defende a convocação, diz que o Brexit mudou todo o panorama daquela votação.
Durante o pleito que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia, ocorrido em julho do ano passado, a maioria dos escoceses optou pela permanência no bloco. Foram 62% a favor da UE e 38% contra a permanência.
Com isso, os escoceses foram contra deixar o bloco europeu – fato completamente novo em relação ao de 2014, quando o Brexit não passava de um slogan de grupos de extrema-direita. Em 18 de setembro daquele ano, 55% dos escoceses optaram por não declarar independência do Reino Unido.
Por outro lado, quem defende a permanência no Reino Unido afirma que não é sensato convocar um novo plebiscito de tal importância em tão pouco tempo.
De fato, de acordo com os planos de Sturgeon, a ideia é de que o plebiscito ocorra entre o outono (do hemisfério norte) de 2018 e a primavera de 2019.
A escolha da data não é por acaso. Durante esse período, estará sendo finalizado o processo de saída dos britânicos da UE e estará bem claro quais serão as consequências para os escoceses dessa ruptura.
Além disso, desde 1997, os escoceses tem uma significativa independência administrativa de Londres, tendo um Parlamento local e o sistema judiciário separado – o que faz com que o país tenha um certo poder em relação ao que decide a premier britânica Theresa May.
No momento, segundo uma pesquisa do “YouGov” publicada nesta quarta-feira (15) no jornal “Times”, 57% dos escoceses afirmam não querer a independência. Já uma pesquisa do ScotCen Social Research, publicada pelo “The Scotsman” e pela “BBC” mostra que 46% dos escoceses entrevistados querem deixar o Reino Unido – o número mais alto em uma pesquisa desde 1999.
Caso os escoceses convoquem, de fato, um plebiscito e deixem a histórica aliança com o Reino Unido, o movimento poderia se espalhar. Isso porque a Irlanda do Norte também votou pela permanência na UE em julho do ano passado.
No entanto, o caso dos irlandeses é um pouco mais complicado porque segundo o Acordo de Belfast, assinado em 1998, que pôs fim à três décadas de conflito com a República da Irlanda, a consulta pública só pode ser feita se houver um pedido da maioria dos representantes políticos das comunidades nacionalistas e unionistas norte-irlandesas.
Segundo historiadores, desde o século 14, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte falam e/ou tentam separar-se do Reino Unido. (ANSA)
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LONDRES E SÃO PAULO, 15 MAR (ANSA) – O anúncio da primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, de convocar um novo plebiscito de independência do Reino Unido volta a causar tensão na Europa.
Isso porque, como se não bastasse o turbulento período à frente com a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, os britânicos poderão perder força caso os escoceses optem pela independência.
Mas, por que convocar um plebiscito menos de três anos após um referendo semelhante? Quem defende a convocação, diz que o Brexit mudou todo o panorama daquela votação.
Durante o pleito que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia, ocorrido em julho do ano passado, a maioria dos escoceses optou pela permanência no bloco. Foram 62% a favor da UE e 38% contra a permanência.
Com isso, os escoceses foram contra deixar o bloco europeu – fato completamente novo em relação ao de 2014, quando o Brexit não passava de um slogan de grupos de extrema-direita. Em 18 de setembro daquele ano, 55% dos escoceses optaram por não declarar independência do Reino Unido.
Por outro lado, quem defende a permanência no Reino Unido afirma que não é sensato convocar um novo plebiscito de tal importância em tão pouco tempo.
De fato, de acordo com os planos de Sturgeon, a ideia é de que o plebiscito ocorra entre o outono (do hemisfério norte) de 2018 e a primavera de 2019.
A escolha da data não é por acaso. Durante esse período, estará sendo finalizado o processo de saída dos britânicos da UE e estará bem claro quais serão as consequências para os escoceses dessa ruptura.
Além disso, desde 1997, os escoceses tem uma significativa independência administrativa de Londres, tendo um Parlamento local e o sistema judiciário separado – o que faz com que o país tenha um certo poder em relação ao que decide a premier britânica Theresa May.
No momento, segundo uma pesquisa do “YouGov” publicada nesta quarta-feira (15) no jornal “Times”, 57% dos escoceses afirmam não querer a independência. Já uma pesquisa do ScotCen Social Research, publicada pelo “The Scotsman” e pela “BBC” mostra que 46% dos escoceses entrevistados querem deixar o Reino Unido – o número mais alto em uma pesquisa desde 1999.
Caso os escoceses convoquem, de fato, um plebiscito e deixem a histórica aliança com o Reino Unido, o movimento poderia se espalhar. Isso porque a Irlanda do Norte também votou pela permanência na UE em julho do ano passado.
No entanto, o caso dos irlandeses é um pouco mais complicado porque segundo o Acordo de Belfast, assinado em 1998, que pôs fim à três décadas de conflito com a República da Irlanda, a consulta pública só pode ser feita se houver um pedido da maioria dos representantes políticos das comunidades nacionalistas e unionistas norte-irlandesas.
Segundo historiadores, desde o século 14, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte falam e/ou tentam separar-se do Reino Unido. (ANSA)