Case tinha vinte e quatro anos. Aos vinte e dois era um cowboy, cowboy fora da lei, um dos melhores no Sprawl. Ele havia sido treinado pelos melhores, McCoy Pauley e Bobby Quine, lendas do negócio. Na época, operava num barato quase permanente de adrenalina, subproduto da juventude e da proficiência, conectado num deck de ciberespaço customizado que projetava sua consciência desincorporada na alucinação consensual que era a matrix. Ladrão que trabalhava para outros ladrões, mais ricos, empregadores que forneciam o software exótico necessário para penetrar as muralhas brilhantes de sistemas corporativos, abrindo janelas para fartos campos de dados. Ele havia cometido o erro clássico, aquele que jurou jamais cometer. Roubou de seus empregadores. Guardou uma coisa para si e tentou repassá-la por um receptador em Amsterdã. Até hoje ele não sabia ao certo como havia sido descoberto, não que isso importasse agora. Na época, achou que fosse morrer, mas eles apenas sorriram. Claro que estava tudo bem, disseram a ele, estava tudo bem ele ficar com a grana. Ele ia precisar. Porque – ainda sorrindo – iam se certificar de que o cowboy nunca mais trabalhasse. Danificaram seu sistema nervoso com uma micotoxina russa dos tempos da guerra. [...] GIBSON, William. Neuromancer. São Paulo: Aleph, 2010. (adaptado) Selecione a opção que apresenta um trecho que caracteriza esse fragmento como ficção distópica. "Guardou uma coisa para si e tentou repassá-la por um receptador em Amsterdã". “Danificaram seu sistema nervoso com uma micotoxina russa dos tempos da guerra”. “Porque – ainda sorrindo – iam se certificar de que o cowboy nunca mais trabalhasse”. “Na época, operava num barato quase permanente de adrenalina, subproduto da juventude e da proficiência”.
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