Ponhamo-nos frente ao mar. Esvaziemos nossa sensibilidade. Criemos em nós um espaço livre, uma clareira, um vazio, onde o mar possa fazer-se presença. Vamos então comemorá-lo: seu murmúrio, sua brisa, seu encrespar de ondas, sua ressaca temível, sua imensidão a perder de vista. Isso tudo nos envolve. Mergulhamos numa tal solidariedade com o mar que nos percebemos na “perdição” da sua presença. Somos perdidos pelo mar. Ouvimos o marulho suave e retumbante de seu mistério. Nessa experiência somos cativos do mar. Ele nos toma, nos prende e nos fala. Ele nos ajuda a percebê-lo na ideia do belo, do fascinante, do maravilhoso. Nessa ideia encontramos e conhecemos o mar. Antes desse conhecimento, o mar era um ser a mais no quadro de nosso arranjo existencial. A partir desta experiência diante do mar, podemos afirmar: I. Analogamente, pode ser tomado qualquer objeto diante do qual se esteja, pois a postura do sujeito diante da relação de conhecimento deve ser aberta a algo sempre novo. II. Um pensamento de senso comum diz que “para bom entendedor, meia palavra basta”; mas com relação ao conhecimento verdadeiro, não bastará. Isto, pois a realidade nunca se dá a conhecer por inteira, e não é possível deduzir o que falta. III. Trazendo a reflexão para o âmbito da educação, podemos entender que não importa o método (ou teoria educacional) que seja seguido, nenhum projeto consegue desvelar totalmente o fazer educativo, já que estar diante de uma classe de alunos é como estar diante do mar. IV. A experiência do “deixar o mar ser mar” significa “deixar a realidade ser a realidade e se mostrar”; no fazer educativo, isto significa o insucesso de toda pretendida intervenção do professor diante de uma realidade qualquer de alunos. Assinale a alternativa cuja(s) proposição(ões) seja(m) analogia(s) possível(is) à ideia contida no texto: Solução esperada - reposta corrigida pelo AVA Apenas I, II e III são possíveis. Comentário A proposição IV não se mostra possível como aplicação da ideia do trecho, pois é falsa a ideia de uma impossibilidade de intervenção do professor na sala de aula. Deixar a classe de alunos “ser e se mostrar” não implica que não se pode agir; do mesmo modo que “estar diante do mar” não significa que não se possa navegá-lo.
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