Um encontro inesperado - O que está fazendo por aqui, garoto? - perguntou o detetive Andrade, saltando do carro e segurando Miguel pelo braço. - O que você quer nesta casa? - Eu? Nada... -respondeu Miguel, tentando livrar-se do aperto. - Você não sabe que casa é esta? Vamos, responda! O detetive Rubens colocou-se entre os dois. Afastou Andrade firmemente com uma das mãos e passou o outro braço em torno dos ombros de Miguel. - Calma, Andrade. Deixe o garoto comigo. - Não se meta, Rubens. Eu quero saber o que esse moleque está fazendo aqui. Esta é a casa daquele garoto que desapareceu lá do Dante. Eu quero saber... Miguel tentou manter a cabeça no lugar. Percebeu que o jeito era bancar o garoto assustado: - Eu... eu não sabia. O que é que tem essa casa? Eu ia falar com um amigo que... - Ah, é? - gozou Andrade. - E você também estava visitando amiguinhos quando foi fazer perguntas na casa daquela menina que desapareceu do Equipe? E na casa daquele garoto que sumiu do Vera? Hein? Responda! Por um instante Miguel não soube o que responder. Ele estava sendo seguido o tempo todo! Por quê? Será que Magrí, Calú e Crânio também estavam sendo seguidos? Era preciso pensar depressa. Se a polícia desconfiava dele, era por causa de alguma coisa que ele tinha dito ou feito no interrogatório lá na sala do professor Cardoso, o diretor do Elite. Então não haveria razão para desconfiar dos outros três, a menos que a polícia soubesse da existência dos Karas. Impossível! Ou não? Ou... teria o Chumbinho aberto o bico? Aos poucos, a voz calma do detetive Rubens trouxe de novo o líder dos Karas à realidade: - Desculpe, Miguel, mas é verdade. Você andou visitando as casas de dois dos garotos desaparecidos. Nós sabemos. Por quê? O que você tem a ver com isso? - Nada. É que... Pela primeira vez Miguel estava atordoado. Sua presença de espírito, tão brilhante em situações inesperadas, não lhe trazia qualquer inspiração. Andrade não estava para brincadeiras: - Você não acha suspeitas essas suas visitinhas, garoto? Logo quando um colega seu também sumiu? - O senhor está enganado. Eu vim... - Garoto, acho melhor me acompanhar até à delegacia. Acho que temos umas coisinhas a esclarecer. - Espera aí, Andrade - interrompeu Rubens. - O rapaz é menor. Você não pode... - Posso. Eu não estou prendendo o garoto. Estou apenas querendo interrogar uma possível testemunha. (BANDEIRA, Pedro. A droga da obediência. São Paulo: Moderna. 1999 - FragmentoEm relação à flexão de gênero, os substantivos podem ser classificados de variadas formas. Um exemplo de substantivo comum de dois gêneros, retirado do texto, é A “líder”. B “moleque”. C “instante”. D “polícia”​
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