“Pobre Luís Dutra! Apenas publicava alguma coisa, corria à minha casa, e entrava a girar em volta de mim, à espreita de um juízo, de uma palavra, de um gesto, que lhe aprovasse a recente produção, e eu falava-lhe de mil coisas diferentes, — do último baile do Catete, da discussão das câmaras, de berlindas e cavalos, — de tudo, menos dos seus versos ou prosas. Ele respondia-me, a princípio com animação, depois mais frouxo, torcia a rédea da conversa para o seu assunto dele, abria um livro, perguntava-me se tinha algum trabalho novo, e eu dizia-lhe que sim ou que não, mas torcia a rédea para o outro lado, e lá́ ia ele atrás de mim, até que empacava de todo e saía triste. Minha intenção era fazê-lo duvidar de si mesmo, desanimá-lo, eliminá-lo. E tudo isto a olhar para a ponta do nariz...” (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, 1981) Machado é um intérprete da alma humana. Traça perfis psicológicos muito bem delimitados, como no caso de Luís Dutra, que necessitava das opiniões para se sentir bem. No trecho selecionado, Brás Cubas descreve como reagia quando o amigo vinha à sua casa para ouvir alguma palavra sobre seus versos. Qual era a intenção de Brás Cubas e por que ele agia dessa forma? A) Convencer o Luís Dutra a conversar sobre outros temas, já que Brás Cubas não tinha interesse em assuntos literários. B) Desanimar Luís Dutra, fazê-lo duvidar de si mesmo, como um favor, já que ele era péssimo escritor. C) Fazer o amigo se sentir mal, pois como ele, Brás Cubas, tinha impulsos sádicos, sentia-se assim feliz. - ERRADA D) Destituir de Luís Dutra sua vontade de escrever, pois seus versos agradavam e valiam mais que os de Brás Cubas. E) Brás Cubas era demasiadamente controlador, por isso sentia necessidade de tomar as rédeas da conversa e impor os seus assuntos de interesse.
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