3. Leia o excerto da entrevista de Marcos Bagno ao Jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul. Extra Classe - O senhor tem afirmado que a norma-padrão da língua portuguesa se transforma com frequência em ins- trumento de exclusão social. O que é preconceito linguístico? Marcos Bagno - É preciso distinguir a "norma culta", que é a língua falada e escrita pelos brasileiros com acesso à cultu- ra letrada, da "norma-padrão", fonte de preconceito social, que não é língua de ninguém, é só um ideal de língua, cada vez mais distante e difícil de ser alcançado - quase um saber esotérico! Não se pode confundir o uso real, autêntico, empiricamente co- letável da língua por parte dos falantes privilegiados (a norma culta), do modelo idealizado de língua "boa", arbitrariamente definido pelos gramáticos normativistas. O preconceito linguís- tico existe em todas as sociedades onde se estabeleceu uma tradição escolar, uma cultura literária e instituições regulado- ras dos usos da língua como a Academia Brasileira de Letras, por exemplo. Uma vez que toda e qualquer língua é essencial- mente heterogênea, o que ocorre é a exclusão da maioria dos falantes do círculo restrito do "falar bem". No caso do Brasil, nem mesmo as camadas privilegiadas da população acreditam falar bem a língua portuguesa, porque nosso modelo de "língua. certa" é extremamente arcaico, inspirado nos usos literários dos escritores de Portugal na primeira metade do século 19. Entrevista com Marcos Bagno. Jornal Extra Classe. a) Comente como o texto relaciona exclusão e preconceito social com o conceito de norma-padrão.​
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