Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a fruição do mesmo é muito incerta e está constantemente exposta à invasão de terceiros porque, sendo todos reis tanto quanto ele, todo homem igual a ele, e na maior parte pouco observadores da equidade e da justiça, a fruição da propriedade que possui nesse estado é muito insegura, muito arriscada. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da propriedade e dos bens a que chamo de "propriedade".
LOCKE, John. In: Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.
Locke edifica um argumento no qual diz que grande parte dos produtos que servem às necessidades humanas são oriundos do trabalho e não da natureza. Partindo dessa pressuposição e da leitura do texto acima, avalie as afirmações a seguir com (V) para verdadeiras e (F) para falsas:
I. No estado de natureza, há a atuação de uma economia liberta de entraves, a qual possibilite dar condições de riqueza e liberdade a ponto de possibilitar que a sociedade eleve a condição moral de seus membros.
II. Os homens se sujeitam a viver em sociedade, a ponto de abrir mão da igualdade, da liberdade e do poder administrador que tinham no estado de natureza, com a intenção de mais bem preservar a propriedade.
III. Há a ausência de uma lei estabelecida, consolidada e aceita mediante consentimento, como modelo do justo e injusto e alcance comum para resolver qualquer desentendimento entre os homens no estado da natureza.
IV. A preservação da propriedade é o objetivo principal da união dos homens em comunidade, a ponto de se sujeitarem a um governo.
V. No estado de natureza, os homens desfrutam integralmente, e com irrestrita garantia, os direitos naturais.
As afirmações I, II, III, IV e V são, respectivamente: