TEMA: FILME O GRANDE DESAFIO
Pergunta: Identifiquem nas falas dos debatedores os seguintes tipos de argumentos: de autoridade, de universalidade e de experiência pessoal.

TEXTO
Tema: A desobediência civil é uma arma moral na luta pela justiça
UNIVERSIDADE DE WILEY
FARMER: Proposição: A desobediência civil é uma arma moral na luta por justiça. Mas
como pode a desobediência ser moral? Creio que isso depende da definição das
palavras. Da palavra. Em 1919, na Índia, 10 mil pessoas se reuniram em Amritsar, em
oposição à tirania da coroa britânica. O general Reginald Dyer os encurralou num
pátio e ordenou que suas tropas disparassem na multidão por 10 minutos. 379
morreram: homens, mulheres, crianças abatidas a sangue frio. Dyer disse que ensinou
a eles uma lição moral. Ghandi e seus seguidores responderam não com violência, mas
com uma campanha organizada de não cooperação. Os prédios do governo foram
ocupados, as ruas eram bloqueadas por pessoas que não se levantavam, mesmo
espancadas pela polícia. Ghandi foi preso. Mas os britânicos foram obrigados a
libertá-lo. Ele chamou isso de “Uma vitória moral”. A definição de moral é a lição
de Dyer ou a vitória de Ghandi? Você decide.
UNIVERSIDADE DE HARVARD
OPONENTE: De 1914 até 1918 durante cada minuto o mundo esteve em guerra. Quatro
homens perderam as suas vidas. Apenas pense nisso. 240 corajosos jovens eram
lançados para a eternidade a cada hora, de todos os dias e de todas as noites por
longos 4 anos. 35 mil horas, 8.281.000 baixas. 240... 240... 240 jovens. Isso foi
um massacre infinitamente maior do que o que aconteceu em Amritsar. Poderia haver
alguma moral nisso? Nada. Exceto ter impedido que a Alemanha escravizasse toda a
Europa. A desobediência civil não é moral porque não é violenta. Lutar por seu país
com violência pode ser profundamente moral, exigindo de nós o maior sacrifício de
todos: a própria vida. A não violência é a máscara que a desobediência civil usa
para esconder seu verdadeiro rosto: a Anarquia.
UNIVERSIDADE DE WILEY
SAMANTHA: Ghandi acredita que se deve sempre agir com carinho e respeito por seus
oponentes, ainda que eles sejam debatedores de Harvard. Ghandi também acredita que
os transgressores da lei devem aceitar as consequências legais de seus atos. Isso
lhes parece Anarquia? A desobediência civil não é algo que devamos temer. É enfim
um conceito americano. Vejam que Ghandi extrai sua inspiração não de uma escritura
hindu, mas de Henry David Drought, quem eu acredito ter sido formado em Harvard e
que morava próximo a um lago não muito longe daqui.
UNIVERSIDADE DE HARVARD
OPONENTE: Meu opositor está certo a respeito de uma coisa: que Drought se formou em
Harvard e, como muitos de nós, um tanto intransigente. Certa vez ele disse:
“Qualquer homem mais certo de seus semelhantes constitui uma maioria de um”.
Drought idealista jamais previu que Adolf Hitler concordaria com suas palavras.
Esta é a beleza e o peso da democracia e não há ideia que prevaleça sem o apoio da
maioria. O povo decide sobre as questões morais do dia e não a maioria de um.
UNIVERSIDADE DE WILEY
SAMANTHA: As maiorias não decidem o que é certo ou errado, sua consciência sim.
Então, por que deveria um cidadão render sua consciência a um legislador? Não, nós
não devemos jamais nos ajoelhar perante a tirania de uma maioria.
UNIVERSIDADE DE HARVARD
OPONENTE: Não podemos escolher quais leis obedecer e quais ignorar. Se pudéssemos,
não pararíamos num sinal vermelho. Meu pai é um desses homens que se situam entre
nós e o caos. Ele é um policial. Eu me lembro do dia em que seu melhor colega, seu
melhor amigo, foi morto no cumprimento do dever. E na mais vívida lembrança, me
lembro da expressão do rosto do meu pai. E nada que corrói o cumprimento da lei
pode ser moral. Não importando o nome que lhe dermos.
UNIVERSIDADE DE WILEY
FARMER: No Texas... Lincham-se negros. Meus colegas e eu vimos um homem pendurado
numa árvore. Ele foi incendiado. Fugimos do bando de linchadores. Pressionamos
nossas faces contra o piso do carro. Olhei para os meus colegas e vi o medo em seus
olhos. E pior, a vergonha. Qual foi o crime desse negro, pra que ele fosse
pendurado sem julgamento numa floresta escura e enevoada? Seria um ladrão? Um
assassino? Ou apenas um negro? Seria ele um meeiro? Um religioso? Seus filhos
estariam esperando por ele? E quem somos nós pra saber disso e nada fazer? Não
importa o que ele fez, os linchadores eram criminosos. Mas a lei nada fez. Deixou
apenas a pergunta: por quê? Meu opositor diz: “Nada que corrói o cumprimento da lei
pode ser moral”. Mas não há cumprimento da lei nos estados do Sul, não enquanto aos
negros for negada a moradia, inclusão em escolas, hospitais, e enquanto forem
linchados. Santo Agostinho disse: “Uma lei injusta não é lei alguma”. E, portanto,
eu tenho o direito, mesmo o dever de resistir: com violência ou desobediência
civil... Rezem pra que eu escolha a última.
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