Ondjaki é um escritor de Luanda que acumula vários prêmios literários. Os seus livros já foram traduzidos para países da Europa, Ásia e América. O escritor luandense é romancista, contista, roteirista e poeta.
''Gosto de ler escritores pouco conhecidos no Brasil, sobretudo de países menos comerciais e atrativos para as editoras brasileiras. É inegável que, para elas, o que vale é o lucro. Afinal, publicar autores americanos e europeus.''
Cabe então aos leitores privilegiar e buscar as editoras que valorizam essa literatura, principalmente de países africanos, asiáticos e até mesmo latinos — que vemos pouco nas livrarias e e-commerce.
O livro “Os da minha rua” é uma publicação da editora Língua Geral e faz parte de uma coleção “Ponta de Lança”, que apresenta livros e escritores desconhecidos para nós, mas que trazem consigo a semelhança da língua portuguesa e um passado comum aos brasileiros.
Costumo dizer que é uma leitura de conhecimento. Por meio desta literatura conhecemos um pouquinho da cultura destes países, seus costumes, tabus e influências. É muito legal ver a cultura brasileira aparecendo nesses livros! No livro “Os da minha rua”, a novela Roque Santeiro é tema de alguns capítulos e faz parte da vida dos personagens, assim como o cantor Roberto Carlos, sua música embalou a nostalgia de um personagem querido em um capítulo triste desta história. A novela “O bem amado” também é assistida pelos personagens.Ondjaki reúne em micro-histórias, que deixam com um gostinho de “quero mais”, o desenrolar da vida de pessoas que marcaram a infância do personagem Ndalu. A poeira diária, os cheiros e sons são partilhados conosco em uma nostalgia boa da infância de quem viveu no interior, por exemplo.
Enxergar o mundo pelos olhos de Ndalu é poético e singelo. Ele envolve a família, os amigos, vizinhos em histórias com ambientes distintos, ora é a escola e os professores carrancudos, ora é na casa do vizinho que possui uma televisão a cores e outras no quintal de casa ou da avó ou simplesmente na rua.
“Nós as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários de verdade. Para nós segunda-feira era um dia de começar a semana de aulas e sexta-feira significava que íamos ter dois dias sem aula.” (pág.59).
Ao mesmo tempo ele expõe as dificuldades da população, onde uma família precisa dividir os óculos entre 4 filhas. Fala sobre o alcoolismo, a presença dos soviéticos no país, a ausência de alimentos em algumas casas, mudança para uma escola cuja aulas era realizada diferentemente da sua.
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Ondjaki é um escritor de Luanda que acumula vários prêmios literários. Os seus livros já foram traduzidos para países da Europa, Ásia e América. O escritor luandense é romancista, contista, roteirista e poeta.
''Gosto de ler escritores pouco conhecidos no Brasil, sobretudo de países menos comerciais e atrativos para as editoras brasileiras. É inegável que, para elas, o que vale é o lucro. Afinal, publicar autores americanos e europeus.''
Cabe então aos leitores privilegiar e buscar as editoras que valorizam essa literatura, principalmente de países africanos, asiáticos e até mesmo latinos — que vemos pouco nas livrarias e e-commerce.
O livro “Os da minha rua” é uma publicação da editora Língua Geral e faz parte de uma coleção “Ponta de Lança”, que apresenta livros e escritores desconhecidos para nós, mas que trazem consigo a semelhança da língua portuguesa e um passado comum aos brasileiros.
Costumo dizer que é uma leitura de conhecimento. Por meio desta literatura conhecemos um pouquinho da cultura destes países, seus costumes, tabus e influências. É muito legal ver a cultura brasileira aparecendo nesses livros! No livro “Os da minha rua”, a novela Roque Santeiro é tema de alguns capítulos e faz parte da vida dos personagens, assim como o cantor Roberto Carlos, sua música embalou a nostalgia de um personagem querido em um capítulo triste desta história. A novela “O bem amado” também é assistida pelos personagens.Ondjaki reúne em micro-histórias, que deixam com um gostinho de “quero mais”, o desenrolar da vida de pessoas que marcaram a infância do personagem Ndalu. A poeira diária, os cheiros e sons são partilhados conosco em uma nostalgia boa da infância de quem viveu no interior, por exemplo.
Enxergar o mundo pelos olhos de Ndalu é poético e singelo. Ele envolve a família, os amigos, vizinhos em histórias com ambientes distintos, ora é a escola e os professores carrancudos, ora é na casa do vizinho que possui uma televisão a cores e outras no quintal de casa ou da avó ou simplesmente na rua.
“Nós as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários de verdade. Para nós segunda-feira era um dia de começar a semana de aulas e sexta-feira significava que íamos ter dois dias sem aula.” (pág.59).
Ao mesmo tempo ele expõe as dificuldades da população, onde uma família precisa dividir os óculos entre 4 filhas. Fala sobre o alcoolismo, a presença dos soviéticos no país, a ausência de alimentos em algumas casas, mudança para uma escola cuja aulas era realizada diferentemente da sua.