Um dos estudos, com participação de três pesquisadores da USP, descreve uma
série de descobertas feitas na Caverna Chiquihuite, a quase 3 mil metros de altitude,
numa região árida e remota do norte do México. Soterradas pelo tempo no chão da
caverna, os cientistas encontraram quase 2 mil ferramentas de pedra, além de ossos de
animais e restos de carvão, pólen e plantas. A datação dos artefatos e dos sedimentos
nos quais eles foram encontrados indica que seres humanos já estavam presentes no
local entre 31 mil e 33 mil anos atrás.
Isso significa que o homem adentrou o continente antes do Último Máximo Glacial,
ocorrido entre 27 mil e 19 mil anos atrás – quando grande parte do Hemisfério Norte estava
coberta por um espesso manto de gelo –, e não apenas ao final dele, como se pensava.
[...] Antes do máximo glacial [...], houve um período de temperaturas mais amenas, e
com menos gelo, que teria possibilitado a travessia da Beríngia – a ponte de terra firme
formada temporariamente entra a Sibéria e o Alasca por causa do rebaixamento do nível
do mar naquele período.
As datações incluídas no trabalho para sustentar essas conclusões foram feitas
por diferentes técnicas, sobre diferentes materiais, e são “bastante robustas”, garante
Jennifer*. Ela é especialista em análise de fitólitos (partículas de sílica que se formamno interior das plantas e ficam preservadas no solo depois que elas morrem) e colabora
desde 2012 com o pesquisador que liderou as escavações em Chiquihuite, o arqueólogo
Ciprian Ardelean, da Universidade Autônoma de Zacatecas, no México.
Explique com suas palavras a teoria sobre o povoamento da América publicada na
reportagem.
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