Uma das maiores planícies do mundo não é um pântano, mas um ecossistema único: pelo tamanho, pela diversidade de suas formas de vida e pelo lugar onde fica.
Há pelo menos 30 milênios, um mar de água se eleva lentamente, invadindo toda a planície do centro da América do Sul. As dimensões dessa inundação são colossais. Aos poucos, dos 150 mil quilômetros quadrados do território ficam encharcados – uma área igual à do estado de Santa Catarina fica embaixo d'água. Se isso acontecesse no Sul do país, seria uma tragédia de proporções inimagináveis. Mas, no Pantanal, encravado entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a chegada das águas significa renovação. Sem as enchentes, a região seria um deserto. Por causa delas, ali se encontra uma das mais deslumbrantes paisagens das Américas.
Até os anos 1950, aproximadamente, os cientistas desconfiavam de que no passado um mar interior cobria a região, como um enorme lago de água salgada. Quando foi avistado pela primeira vez, no século XVI, a área estava inundada e recebeu o nome de Lago dos Xaraiés. Foi uma homenagem à tribo desse nome, da família dos guaranis, com quem os exploradores fizeram contato. O lago, depois se descobriu, não existia realmente. Mesmo durante a época das cheias, muitos terrenos, que os moradores do Pantanal chamam cordilheiras, escapam de ficar embaixo d'água e, por isso, ali se refugiam bois e animais silvestres. Ademais, durante os seis meses que dura a estiagem, quase toda a planície fica descoberta. Com a falta de chuvas, o gado chega a passar sede.
Se não foi um mar nem um lago, o Pantanal tampouco é um pântano, de acordo com o que dizem os pesquisadores, que implicam com o nome dado à região pelos antigos habitantes do lugar. Aparentemente, eles se referiam às primeiras áreas inundadas pelos rios como pantanais – e o termo pegou. "Jamais se descobriram ali os charcos estagnados ou os lodaçais traiçoeiros típicos dos pântanos", objeta o geógrafo Aziz Ab’Saber, da Universidade de São Paulo. Ab’Saber prefere chamar o Pantanal de planície inundável – "única pelo seu tamanho, porque está no interior do continente, e pela diversidade de domínios da natureza".
FRANÇA, Martha San Juan. Pantanal, terra das águas. Superinteressante, São Paulo, ed. 36, set. 1990. Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2016 (adaptado).
1. Explique a importância das enchentes para a região do Pantanal.
2. Por que, segundo pesquisadores, é um equívoco adotar o nome Pantanal para essa região? Qual seria a melhor forma de denominá-la?
Há pelo menos 30 milênios, um mar de água se eleva lentamente, invadindo toda a planície do centro da América do Sul. As dimensões dessa inundação são colossais. Aos poucos, dos 150 mil quilômetros quadrados do território ficam encharcados – uma área igual à do estado de Santa Catarina fica embaixo d'água. Se isso acontecesse no Sul do país, seria uma tragédia de proporções inimagináveis. Mas, no Pantanal, encravado entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a chegada das águas significa renovação. Sem as enchentes, a região seria um deserto. Por causa delas, ali se encontra uma das mais deslumbrantes paisagens das Américas.
Até os anos 1950, aproximadamente, os cientistas desconfiavam de que no passado um mar interior cobria a região, como um enorme lago de água salgada. Quando foi avistado pela primeira vez, no século XVI, a área estava inundada e recebeu o nome de Lago dos Xaraiés. Foi uma homenagem à tribo desse nome, da família dos guaranis, com quem os exploradores fizeram contato. O lago, depois se descobriu, não existia realmente. Mesmo durante a época das cheias, muitos terrenos, que os moradores do Pantanal chamam cordilheiras, escapam de ficar embaixo d'água e, por isso, ali se refugiam bois e animais silvestres. Ademais, durante os seis meses que dura a estiagem, quase toda a planície fica descoberta. Com a falta de chuvas, o gado chega a passar sede.
Se não foi um mar nem um lago, o Pantanal tampouco é um pântano, de acordo com o que dizem os pesquisadores, que implicam com o nome dado à região pelos antigos habitantes do lugar. Aparentemente, eles se referiam às primeiras áreas inundadas pelos rios como pantanais – e o termo pegou. "Jamais se descobriram ali os charcos estagnados ou os lodaçais traiçoeiros típicos dos pântanos", objeta o geógrafo Aziz Ab’Saber, da Universidade de São Paulo. Ab’Saber prefere chamar o Pantanal de planície inundável – "única pelo seu tamanho, porque está no interior do continente, e pela diversidade de domínios da natureza".
FRANÇA, Martha San Juan. Pantanal, terra das águas. Superinteressante, São Paulo, ed. 36, set. 1990. Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2016 (adaptado).
1. Explique a importância das enchentes para a região do Pantanal.
2. Por que, segundo pesquisadores, é um equívoco adotar o nome Pantanal para essa região? Qual seria a melhor forma de denominá-la?
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