Leia o texto a seguir sobre os diferentes conhecimentos no monitoramento do tempo.
Antigas superstições e novas tecnologias ajudam a monitorar o tempo
“Aprendi com meu pai que, se a nuvem for rabo de galo, vai ter vento Sul”, conta José Generoso da Silva, 69, mais conhecido como Seu Zeca no canto sul da praia dos Ingleses, em Florianópolis [SC]. Nem sempre o golpe de vista desse pescador foi certeiro. Nesses dias, o jeito era se virar com o tempo ruim em pleno mar, às vezes tendo que voltar para casa com o barco vazio. Há alguns anos, esse “manézinho” se rendeu aos dados precisos – ou quase isso – das previsões meteorológicas que podem ser consultadas na internet ou nos telejornais.
São dados coletados em milhares de estações meteorológicas espalhadas pelo mundo, processados por computadores e especialistas, e que depois vão parar na tela do smartphone, do tablet, do computador ou da televisão. [...]
O dia começa com céu azul e poucas nuvens. No meio de tarde, tudo fica cinza e um temporal cai sobre a cidade. Se essa característica do verão, mas que também ocorre na primavera, como agora, é um problema para muitos moradores de Florianópolis, para outros é sinônimo de bons negócios. Trabalhando há 26 anos no centro da cidade, ao lado do Mercado Público, o ambulante Donizete "Maradona" Ribeiro, 48, garante que chega a vender mais de 40 guarda-chuvas num dia de tempo ruim. Mas ele explica que a chuva tem que cair na medida certa. “Se a água for muito forte, as pessoas se abrigam em algum lugar. Então, a chuva tem que ser fininha, para que todo mundo ainda possa caminhar na rua com um guarda-chuva ou capa”, detalha.
Se o dia for de Sol, Maradona comercializa relógios e joias de pequeno valor. Para saber se o dia pode ser de lucro, ele checa a previsão nos telejornais e num ponto bem conhecido do Continente. “Se estiver cinza em cima do morro do Cambirela, pode apostar que vai chover. Então, vou no depósito que fica aqui perto e busco guarda-chuva e capa para vender”, relata. [...]
No maior centro de meteorologia de Santa Catarina, a Epagri/Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina), as previsões não são feitas observando o céu por alguns minutos. Pelo contrário. Dados de mais de 300 postos de coleta em Santa Catarina e estados vizinhos, além de números de instituições nacionais e internacionais, são analisados por horas pela equipe do órgão. “Os dados chegam em números, que são traduzidos pelo computador e, depois, avaliados por nossos meteorologistas. É pura matemática e física”, informa o meteorologista Marcelo Martins.
Desde a chegada dos dados, passando pelo setor de tecnologia da informação do órgão até a análise dos meteorologistas e a disponibilização da informação para a população, se passam quase duas horas. Precipitação, altura, umidade e direção do vento são alguns dos itens essenciais para essa análise, que ainda é complicada na região. “Santa Catarina é o segundo estado do Brasil com maior número de estações meteorológicas. Só perde para São Paulo”, revela. [...]
Na diretoria de prevenção de desastres da Secretaria de Estado da Defesa Civil, os dados sobre o tempo servem como ponto de partida para evitar a perda de vidas. “Para nós, não adianta apenas saber se vai chover ou não, mas onde. Por exemplo: se for num terreno inclinado, pode ocorrer um deslizamento de terra. Precisamos da maior quantidade de informação possível para fazer o planejamento de prevenção de desastre. No final, temos que saber se é preciso fazer um alerta para a população”, detalha o major Fabiano de Souza, diretor do departamento.
O histórico catarinense de tragédias provocadas pelo clima aumenta a responsabilidade da equipe da Defesa Civil. A ajuda para o resultado ser o mais preciso possível vem de vários lugares. “Temos parcerias com várias instituições, inclusive federais e internacionais. Além dos dados da Epagri/Ciram, temos um convênio com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), do governo federal, e alguns centros meteorológicos de outros países. Nos nossos boletins, também usamos dados geológicos e hidrológicos”, explica.”
Agora responda:
a) De acordo com a reportagem, o uso de conhecimentos práticos e da sabedoria popular é mais preciso e confiável que as previsões meteorológicas?
b) Ainda de acordo com a reportagem, até empreendedores solitários podem fazer uso das previsões para tomarem decisões de seus negócios. Cite um exemplo citado no texto e outro que você pode observar na sua própria vivência.
c) Para poder fazer as previsões do tempo os meteorologistas contam com vários instrumentos de coleta de dados e computadores capazes de catalogá-los e produzir milhões de cálculos por segundo. Qual é então o papel dos meteorologistas? É correto dizer que os computadores e demais instrumentos fazem todo o seu trabalho?
d) Cite três possíveis aplicações da previsão do tempo na vida das pessoas.
Lista de comentários
Resposta:
a) Não. Apesar de muitas vezes serem usadas juntas e de forma complementar, mesmo as pessoas que detém alguma capacidade de leitura das condições meteorológicas costumam fazer uso das previsões científicas.
b) Na reportagem, o comerciante Maradona define o que vai vender de acordo com a previsão do tempo. A segunda parte da questão a resposta é pessoal.
c) Não. Sem dúvida que as máquinas e aparelhos auxiliam muito o trabalho dos meteorologistas fornecendo uma quantidade de informações precisas que é fundamental para o seu trabalho. Mas a leitura, análise e interpretação desses dados, que é o que permite termos as previsões do tempo é feita pelos profissionais formados e capacitados para exercer essa função.
d) A previsão do tempo nos auxilia em decisões cotidianas do tipo viajar ou não para a praia, levar ou não um casaco. Mas também pode auxiliar empresas a tomarem decisões estratégicas, comerciantes a definirem produtos e estratégias de venda, e até governos a prevenir catástrofes.
Explicação: Plurall