Só Deus pode me julgar A maioria fala de amor no singular Se eu falo de amor é de uma forma impopular Quem não tem amor pelo povo brasileiro Não me representa aqui nem no estrangeiro Uma das piores distribuições de renda Antes de morrer, talvez você entenda Confesso para ti que é difícil de entender No país do carnaval o povo nem tem o que comer Ser artista pop star pra mim, é pouco Não sou nada disso, sou apenas mais um louco Clamando por justiça e igualdade racial (...) É, mantenho minha cabeça em pé Fale o que quiser, pode vir que já é Junto com a ralé, sem dar marcha ré Só Deus pode me julgar, por isso eu vou na fé (...) Soldado da guerra a favor da justiça Igualdade por aqui é coisa fictícia Você ri da minha roupa, ri do meu cabelo Mas tenta me imitar se olhando no espelho Preconceito sem conceito que apodrece a nação Filhos do descaso mesmo pós-abolição Mais de 500 anos de angústia e sofrimentos Me acorrentaram, mas não meus pensamentos (...) Ninguém mais quer ser boneco Ninguém quer ser controlado Vigiado, programado, calado, ameaçado Se for filho de bacana, o caso é abafado A gente é que é caçado, tratados como réu As armas que eu uso é microfone, caneta e papel MV BILL. Declaração de guerra. Manaus: BMG, 2002 (fragmento). O RAP, gênero musical que une música e poesia, surgido no final do século XX, é marcado por forte crítica social. Nesse rap, M. V. Bill nomeia claramente o que considera dois problemas sociais brasileiros, identifique-os, apontando passagens do texto que justifiquem sua resposta. Qual o papel que o rapper se atribui diante da realidade e dos problemas que ele aponta?
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