Antes de citar como podemos interpretar atualmente, devemos ter conhecimento do que é o Complexo de Édipo.
Complexo de Édipo, presente inicialmente em "Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade", de 1905, foi uma alegoria criada por Sigmund Freud, baseada no mito de Édipo Rei, de Sófocles. A alegoria trata de um processo de castração que toda criança passa, para que possa conviver como um “Ser Social”.
No mito, sem ter conhecimento do parentesco, Édipo mata seu pai biológico e desposa sua mãe, objeto pulsional pelo qual estava apaixonado.
Pensando no meio em que estava inserido, Freud faz uma analogia do mito com as figuras que eram mais comuns nas famílias: paterna (que era um indivíduo do sexo masculino), materna (que era um indivíduo do sexo feminino) e a criança.
Um detalhe importante é que a criança passa pelo Complexo de Édipo entre 3 à 6 anos, em uma fase pré-genital¹ que posteriormente começou a ser nomeada de Fase Fálica².
Carregando laços afetivos com a mãe, que foram criados e acumulados desde o nascimento, na Fase Fálica a criança passa a desejar ainda mais sua progenitora, querendo tê-la exclusivamente para si. O Complexo de Édipo acontece quando alguma figura (que geralmente era a paterna) precisa tirar da criança a exclusividade da posse da mãe, fazendo com que ela (criança) reaja de forma agressiva. Essa figura que tira a exclusividade da mãe, é comumente representada como “inimiga da criança”. Podemos dizer que a criança é excessivamente possesiva e ciumenta com mãe.
Como um indivíduo adulto tem outras necessidades, por vezes a mãe precisa ser separada da criança, para que possa ter seus desejos e necessidades satisfeitas. No pequeno círculo em que a criança está inserido, a figura que mais separa a criança da mãe é a figura paterna.
Considerando o Complexo de Édipo como uma competição entre a criança e a figura paterna, tendo como prêmio a mãe, o pai deve ser sempre o que ganha, levando a criança a se sentir castrada e buscar outros meios de ter o objeto.
A castração faz com que a criança busque assimilar padrões comportamentais que possam leva-la a conseguir a posse de sua mãe, em outras palavras, podemos afirmar que a criança busca se assemelhar ao pai para também conseguir possuir a mãe como ele.
Como podemos interpretar o complexo de Edipo nas sociedades atuais?
Desde quando foi escrito o livro, em 1905, o que principalmente mudou foi a concepção da sexualidade, que deixou de ser diretamente associada ao sexo biológico do indivíduo.
Com a alteração da concepção de sexualidade, os relacionamentos também se alteraram, fazendo com que indivíduos homossexuais tivessem possibilidade publicamente formarem suas famílias. Com a formação da família, ter filhos (biológicos ou adotivos) também se tornou uma possibilidade.
Em uma família homossexual, os objetos da criança deixam de seguir o padrão criado por Freud: a figura materna pode ser feita por alguém sexo masculino, assim como a figura paterna pode ser feita por alguém do sexo feminino.
A interpretação do Complexo de Édipo hoje deve ser pensada levando em consideração a plasticidade nos modelos sexuais, que não mais precisam estar ligados ao sexo biológico. Outro ponto que deve ser pensado é a parentalidade, que não mais precisa estar ligada ao DNA. As figuras paterna e maternas não precisam necessariamente serem as progenitoras da criança.
Notas de Rodapé ¹ - Em 1905, em “Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade”, Freud nomeia o que hoje chamamos de Fase Fálica de “fase pré genital que antecede o período de latência”.
² - “Fase Fálica” surge em 1923, em “O Ego E O Id E Outros Trabalhos”.
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Olá.
Antes de citar como podemos interpretar atualmente, devemos ter conhecimento do que é o Complexo de Édipo.
Complexo de Édipo, presente inicialmente em "Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade", de 1905, foi uma alegoria criada por Sigmund Freud, baseada no mito de Édipo Rei, de Sófocles. A alegoria trata de um processo de castração que toda criança passa, para que possa conviver como um “Ser Social”.
No mito, sem ter conhecimento do parentesco, Édipo mata seu pai biológico e desposa sua mãe, objeto pulsional pelo qual estava apaixonado.
Pensando no meio em que estava inserido, Freud faz uma analogia do mito com as figuras que eram mais comuns nas famílias: paterna (que era um indivíduo do sexo masculino), materna (que era um indivíduo do sexo feminino) e a criança.
Um detalhe importante é que a criança passa pelo Complexo de Édipo entre 3 à 6 anos, em uma fase pré-genital¹ que posteriormente começou a ser nomeada de Fase Fálica².
Carregando laços afetivos com a mãe, que foram criados e acumulados desde o nascimento, na Fase Fálica a criança passa a desejar ainda mais sua progenitora, querendo tê-la exclusivamente para si. O Complexo de Édipo acontece quando alguma figura (que geralmente era a paterna) precisa tirar da criança a exclusividade da posse da mãe, fazendo com que ela (criança) reaja de forma agressiva. Essa figura que tira a exclusividade da mãe, é comumente representada como “inimiga da criança”. Podemos dizer que a criança é excessivamente possesiva e ciumenta com mãe.
Como um indivíduo adulto tem outras necessidades, por vezes a mãe precisa ser separada da criança, para que possa ter seus desejos e necessidades satisfeitas. No pequeno círculo em que a criança está inserido, a figura que mais separa a criança da mãe é a figura paterna.
Considerando o Complexo de Édipo como uma competição entre a criança e a figura paterna, tendo como prêmio a mãe, o pai deve ser sempre o que ganha, levando a criança a se sentir castrada e buscar outros meios de ter o objeto.
A castração faz com que a criança busque assimilar padrões comportamentais que possam leva-la a conseguir a posse de sua mãe, em outras palavras, podemos afirmar que a criança busca se assemelhar ao pai para também conseguir possuir a mãe como ele.
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Como podemos interpretar o complexo de Edipo nas sociedades atuais?
Desde quando foi escrito o livro, em 1905, o que principalmente mudou foi a concepção da sexualidade, que deixou de ser diretamente associada ao sexo biológico do indivíduo.
Com a alteração da concepção de sexualidade, os relacionamentos também se alteraram, fazendo com que indivíduos homossexuais tivessem possibilidade publicamente formarem suas famílias. Com a formação da família, ter filhos (biológicos ou adotivos) também se tornou uma possibilidade.
Em uma família homossexual, os objetos da criança deixam de seguir o padrão criado por Freud: a figura materna pode ser feita por alguém sexo masculino, assim como a figura paterna pode ser feita por alguém do sexo feminino.
A interpretação do Complexo de Édipo hoje deve ser pensada levando em consideração a plasticidade nos modelos sexuais, que não mais precisam estar ligados ao sexo biológico. Outro ponto que deve ser pensado é a parentalidade, que não mais precisa estar ligada ao DNA. As figuras paterna e maternas não precisam necessariamente serem as progenitoras da criança.
Notas de Rodapé
¹ - Em 1905, em “Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade”, Freud nomeia o que hoje chamamos de Fase Fálica de “fase pré genital que antecede o período de latência”.
² - “Fase Fálica” surge em 1923, em “O Ego E O Id E Outros Trabalhos”.
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Bons estudos.