Leia o texto a seguir. Papai Noel às avessas Papai Noel entrou pelas portas dos fundos (no Brasil as chaminés não são praticáveis), entrou cauteloso que nem marido depois da farra. Tateando na escuridão torceu o comutador e a eletricidade bateu nas coisas resignadas, coisas que continuavam coisas no mistério do Natal. Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos, achou um queijo e comeu. [...] Papai entrou compenetrado. Os meninos dormiam sonhando outros natais muito mais lindos mas os sapatos deles estavam cheinhos de brinquedos soldados mulheres elefantes navios e um presidente de república de celuloide. Papai Noel agachou‑se e recolheu aquilo tudo no interminável lenço vermelho de alcobaça. Fez trouxa e deu o nó, mas apertou tanto que lá dentro mulheres elefantes soldados presidente brigavam por causa do aperto. Os pequenos continuavam dormindo. Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo. Papai Noel voltou de manso para a cozinha, apagou a luz, saiu pela porta dos fundos. Na horta, o luar de Natal abençoava os legumes. ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. In: Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988. p. 23. Assinale o gênero a que pertence o poema:
A lírico.
B narrativo.
C dramático.
D lírico-dramático.
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