Queimou-se a palha desvaneceu-se a gruta apagou-se a estrela. Onde Jesus na orgia de tanta falsa luz? Desertas as igrejas repletas as lojas. Tangem sinos em surdina enquanto alto tilintam caixas registradoras. Sob fitas cujos laços não enlaçam os corações - duros que nem moedas - montanhas de embrulhos que a fé não remove. No calvário do exílio pinheiros moribundos sob um carnaval precoce murcham ao peso de lâmpadas bolas rabichos de prata! A alegria bem talhada pelo figurino do consumo enquanto a sede do vinho e a fome do pão habitam os lares de outros cristos. Vagas de náusea solapam-me a mesa cintilante e farta onde o açúcar cristal tornou-se vidro moído. E eis que minha alma náufraga lá se vai também murcha junto às passas de Málaga.
(CABRAL, Astrid. De déu em déu: poemas reunidos. Rio de Janeiro: Sete Letras, 1998, p. 286.)
Assinale a alternativa que apresenta a melhor formulação do tema central do poema.
A O Natal.
B A alegria do Natal.
C A importância das festas natalinas.
D Diferenças entre o Natal dos ricos e o dos pobres.
E A perda do espírito natalino e a mudança do Natal na sociedade de consumo
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D) Diferenças entre o Natal dos ricos e o dos pobres.
Resposta:
Alternativa E
Explicação:
O poema fala da mudança de significado do Natal, transformado em grande festa do comércio e do consumo.