Leia o texto a seguir:
“Tínhamos atingido um desenvolvimento econômico de certa forma notável. Exportava o Brasil já em fins dos seiscentos cerca de quatro mil contos anuais – ou seja, mais de cem mil em moeda atual. […] Tal progresso ia encontrar pela frente, embargando-lhe os passos, a opressão colonial da metrópole. Esta oposição de interesses é acentuada por circunstâncias especiais ao momento: o contraste da profunda decadência do Reino, apenas liberado do jugo espanhol. (...) O comércio oriental praticamente terminara, e o fracasso fora completo. A verdade é que só na época da conquista, diz um historiador, a Índia pagava o seu custo; não porém das rendas normais de um Estado, mas do eventual, proveniente de guerras: presas, tomadias, resgates. Depois da conquista dissipa-se a ilusão dos primeiros anos e Portugal, acorrentado à sua obra, foi-se dessangrando de homens e cabedais.
[…]
Era o desastre mais completo. Desfazia-se o império colonial lusitano, e o Reino ia perdendo a principal base da sua economia. Da África só lhe provinham então os proventos do tráfico de escravos, insuficiente, está visto, para alimentar por si só a economia portuguesa. Restava o Brasil, cujas riquezas de país novo e vigoroso se desdobravam não só em possibilidades imediatas, mas em promessas seguras para o futuro.”
(PRADO JÚNIOR, 1969)
A partir dos conhecimentos acerca do autor e da história econômica brasileira, assinale a alternativa correta:
A.
Caio Prado Júnior analisa a política colonial no Brasil a partir da ótica econômica, e enfatiza que a opressão portuguesa impediu o desenvolvimento do país, mesmo após a independência em 1822.
B.
Caio Prado Júnior faz parte da tradição de Gilberto Freyre, que via o mercantilismo como importante base para estabelecer as finanças do país.
C.
Assim como Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior analisou as conjunturas políticas para estabelecer o projeto colonial brasileiro, que tinha como base a legislação espanhola.
D.
Caio Prado Júnior se manteve alinhado à produção historiográfica política e econômica que surgiu com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que se conectava ao marxismo.
E.
O texto de Caio Prado Júnior fala sobre a necessidade de colonizar o Brasil depois de Portugal perder as feitorias e colônias na África e na Ásia. Assim, ele corrobora a estrutura historiográfica produzida no século XIX.
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Resposta:
A.
Caio Prado Júnior analisa a política colonial no Brasil a partir da ótica econômica, e enfatiza que a opressão portuguesa impediu o desenvolvimento do país, mesmo após a independência em 1822.
Explicação:
A abordagem de Caio Prado Júnior rompeu com a estrutura historiográfica tradicional, que enfatizava a história política do foco em fatos, personalidades e eventos. Diferentemente de contemporâneos como Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, o autor foi um expoente do marxismo, sobretudo na premissa da luta de classes. O projeto colonial português baseou-se na agro exportação, e o espanhol, na mineração de ouro e prata.