a revolução que não se radicaliza morre melancolicamente, como a burguesa. A rigor, uma só revolução existe, a que se deflagrou em 1789: enquanto viveu, ela quis expandir-se, e, assim, a República Francesa se considerou e tentou universal — até o momento em que a pretensão de libertar o mundo se converteu na de anexá-lo, em que os ideais republicanos se reduziram ao imperialismo bonapartista” (RIBEIRO, 1993). Qual alternativa corresponde corretamente à Era Napoleônica? A. Durante o processo revolucionário iniciado em 1789, Napoleão Bonaparte foi um partidário dos girondinos, o que lhe garantiu certo prestígio social em relação aos representantes da burguesia. Todo esse apoio o levou ao poder, por meio de um Golpe de Estado, onde se tornou o líder do Diretório em 1799, até ser coroado imperador. B. A Era Napoleônica pôs fim ao modelo republicano, iniciado em 14 de julho de 1789 na França, e lançou ao mundo um novo modelo de sociedade, o Absolutismo. Todo processo revolucionário francês foi derrotado em relação ao bonapartismo, que encerrou de vez todo e qualquer propósito liberal e republicano que fazia parte do governo napoleônico. C. No início da Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte apoiou os jacobinos, terminando preso em 1794 na cidade de Nice. Foi solto devido às suas habilidades no exército, onde conseguiu uma ascensão meteórica, chegando ao ponto de participar do Golpe de Estado do 18 Brumário, fechando o Diretório e criando o Consulado em 1799, para em seguida ser coroado Imperador em 1804. D. As Guerras Napoleônicas foram utilizadas como forma de política pelo I Império francês. Além de uma questão bélica, elas devem ser entendidas como uma cultura política. Os reflexos geopolíticos desses conflitos de proporções épicas só foram solucionados com o final da Grande Guerra em 1918, que solapou de vez os ideais revolucionários iniciados no século XIX. E. Pensar na Era Napoleônica é enxergar uma transformação lenta e gradual na longa duração da história francesa e europeia. O bonapartismo faz parte do ideal iluminista e racional que caracterizou os movimentos de ruptura com o autoritarismo existente no final do século XVIII e início do XIX na Europa em geral, e, particularmente, na França.
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Leia o texto a seguir: “Tínhamos atingido um desenvolvimento econômico de certa forma notável. Exportava o Brasil já em fins dos seiscentos cerca de quatro mil contos anuais – ou seja, mais de cem mil em moeda atual. […] Tal progresso ia encontrar pela frente, embargando-lhe os passos, a opressão colonial da metrópole. Esta oposição de interesses é acentuada por circunstâncias especiais ao momento: o contraste da profunda decadência do Reino, apenas liberado do jugo espanhol. (...) O comércio oriental praticamente terminara, e o fracasso fora completo. A verdade é que só na época da conquista, diz um historiador, a Índia pagava o seu custo; não porém das rendas normais de um Estado, mas do eventual, proveniente de guerras: presas, tomadias, resgates. Depois da conquista dissipa-se a ilusão dos primeiros anos e Portugal, acorrentado à sua obra, foi-se dessangrando de homens e cabedais. […] Era o desastre mais completo. Desfazia-se o império colonial lusitano, e o Reino ia perdendo a principal base da sua economia. Da África só lhe provinham então os proventos do tráfico de escravos, insuficiente, está visto, para alimentar por si só a economia portuguesa. Restava o Brasil, cujas riquezas de país novo e vigoroso se desdobravam não só em possibilidades imediatas, mas em promessas seguras para o futuro.” (PRADO JÚNIOR, 1969) A partir dos conhecimentos acerca do autor e da história econômica brasileira, assinale a alternativa correta: A. Caio Prado Júnior analisa a política colonial no Brasil a partir da ótica econômica, e enfatiza que a opressão portuguesa impediu o desenvolvimento do país, mesmo após a independência em 1822. B. Caio Prado Júnior faz parte da tradição de Gilberto Freyre, que via o mercantilismo como importante base para estabelecer as finanças do país. C. Assim como Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior analisou as conjunturas políticas para estabelecer o projeto colonial brasileiro, que tinha como base a legislação espanhola. D. Caio Prado Júnior se manteve alinhado à produção historiográfica política e econômica que surgiu com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que se conectava ao marxismo. E. O texto de Caio Prado Júnior fala sobre a necessidade de colonizar o Brasil depois de Portugal perder as feitorias e colônias na África e na Ásia. Assim, ele corrobora a estrutura historiográfica produzida no século XIX.
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Leia o texto a seguir, de Boris Fausto (2002): "Sem o mesmo colorido mas com maior eficácia, ganhou força, no Brasil dos anos 30, a corrente autoritária. O padrão autoritário era e é uma marca da cultura política do país. A dificuldade de organização das classes, da formação de associações representativas e de partidos fez das soluções autoritárias uma atração constante. Isso ocorria não só entre os conservadores convictos como das oligarquias; a partir daí, não dava muito valor à chamada democracia formal. Os liberais contribuíram para justificar essa visão. Temiam as reformas sociais e aceitavam, ou até mesmo incentivavam, a interrupção do jogo democrático toda vez que ele parecesse ameaçado pelas forças subversivas." A partir do contexto de formação da historiografia brasileira na década de 1930, é correto afirmar que: A. Celso Furtado e Mircea Buescu fizeram parte da tradição historiográfica que rompeu com a estrutura narrativa política e cultural, privilegiando a economia. Os estudos marxistas e liberais impulsionaram a produção de obras baseadas na economia brasileira. B. Celso Furtado e Caio Prado Júnior ampliaram a produção historiográfica ao abordar os aspectos políticos da Revolução de 1930. O contexto autoritário descrito no texto foi visto como necessário para que os ideais revolucionários fossem mantidos. C. Pesquisadores como Caio Prado Júnior e Roberto Simonsen foram influenciados pelas mudanças políticas e econômicas da década de 1930 e produziram obras que questionavam o status quo e a produção da historiografia econômica e geral. D. A historiografia econômica brasileira sofreu menos impacto com as mudanças políticas ocorridas no Brasil, pois seu mote era analisar o desenvolvimento econômico. Celso Furtado e Caio Prado Júnior criaram estruturas explicativas que fugiam do debate do presente. E. Roberto Simonsen e Celso Furtado produziram obras alheias aos problemas políticos do país. As macroexplicações econômicas tratavam do processo colonial, que acabou em 1822. Por sua vez, as ideologias marxistas e liberais influenciaram seus escritos.
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Leia o trecho a seguir: "No Brasil, as representações da vida íntima na senzala permaneceram quase constantes, desde antes da Abolição até a década de 1970. [...] Entretanto, se o quadro continuava o mesmo, a moldura havia mudado. Uma frase de Gilberto Freyre assinala a mudança de paradigma [...]: 'essa animalidade dos negros [escravos], essa falta de freio aos instintos, essa desbragada prostituição dentro de cada, animavam-na os senhores brancos [...]'. Sentencia Freyre: 'o negro foi patogênico, mas a serviço do branco'." (SLENES, 2011). Analise as informações e assinale a alternativa correta: A. Apesar de a escravidão ser um assunto muito discutido desde o século XIX, cada época retoma a discussão e imprime uma interpretação própria. Freyre aborda a violência sexual que ocorria dentro do sistema patriarcal, mas imputa a problemática ao homem branco. B. Slenes afirma que Freyre mantém a tradição de discurtir o sistema escravista brasileiro mas, apesar da "diferente moldura", continua com os grandes esquemas explicativos e atenua a violência sexual que existiu nas senzalas brasileiras. C. Freyre dá protagonismo ao homem negro e o absolve do olhar preconceituoso de que a violência sexual que ocorria no sistema patriarcal brasileiro era iniciada pelo homem branco. Seu tom é pessimista, já que o trato dado aos ex-escravizados e seus descentes não mudou muito. D. Freyre pertenceu a uma tradição que questionava a história tradicional produzida até então, mas não fugia da interpretação racista que vigorava na época. Para ele, apesar de o negro não ser o foco da problemática sexual, sua própria natureza atestava ao contrário do argumento. E. Freyre e Caio Prado Júnior construíram argumentos que, além de refutarem a historiografia tradicional que inferiorizava os africanos do período colonial, propõem mudanças práticas para a compensação material aos negros dos danos causados pela escravidão.
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Leia o texto a seguir: "Nos anos 1970, a história acadêmica entrou no campo dos estudos operários , que até então estava limitado à sociologia e em menor grau àciência política. [...] Ainda que desenvolvida no campo dos estudos da imigração, a tese de doutorado de Michael Hall (1969), cujas posições são parcialmente sintetizadas em um artigo do autor com Paulo Sérgio Pinheiro (Hall e Pinheiro, 1990), teve um peso fundamental para a revisão da composição da classe operária proposta pela produção sociológica, ao apontar a origem rural da maioria dos imigrantes, sem experiência industrial anterior, e sem participação política nos seus países de origem. [...] Menos preocupados com grandes explicações teóricas do que uma parte significativa da produção brasileira de até então, os brasilianistas introduziram um uso muito mais vasto e rigoroso das fontes, particularmente da imprensa operária." (BATALHA, 2007). Levando em consideração seu conhecimento acerca da produção historiográfica brasileira, assinale a alternativa correta: A. A década de 1970 foi muito fecunda para as análises da história do trabalho, da história marxista e da história social, questionando as grandes estruturas explicativas. B. Apesar dos brasilianistas, a partir da década de 1970 poucos estrangeiros puderam pesquisar no Brasil devido ao recrudescimento do Regime Militar, limitando o número de vistos para historiadores. C. A partir dos anos 1970, com o relaxamento do Regime Militar, os historiadores puderam pesquisar nos arquivos nacionais eventos como as greves gerais de 1917 ou sobre as organizações sindicais. D. A historiografia do trabalho ganhou força a partir da República Velha, quando os presidentes oligarcas abriam espaço para a pesquisa dos movimentos sociais que surgiam nas grandes cidades. E. Assim como a historiografia da escravidão, a historiografia do trabalho esteve relacionada aos eventos do presente. Por isso, foi silenciada a partir da década de 1980, já que a redemocratização a deixava redundante.
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O episódio que envolve a vinda da família real portuguesa para a América foi interpretado de diferentes formas pela historiografia. Alguns o chamam de “fuga”, outros de “exílio”. Para além dessas nomenclaturas, autores o inserem em uma sequência de eventos, como causas e consequências, de forma a dar inteligibilidade ao processo histórico brasileiro da primeira metade do século XIX. Leia o trecho a seguir, escrito pela historiadora Maria Fernanda Vieira Martins (2014, p. 685): “É hoje difícil imaginar o imenso volume de projetos, expectativas, esperanças e prognósticos sombrios que se reuniam entre aqueles que deixavam o porto de Lisboa naquela madrugada de 29 de novembro de 1807, quando a esquadra portuguesa, comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior, levantou âncora rumo aos Estados da América. Aquelas naus, fragatas e escunas, que conduziam ao Brasil príncipes, rainhas e nobres de Portugal, além das gentes, bagagens e utensílios de todo tipo, destinados a garantir-lhes um mínimo conforto nas selvagens terras da conquista, levavam também, em alguma medida, os destinos de Brasil e Portugal. Assim, é difícil imaginar o quanto se sabia que esse evento iria trazer profundas transformações, alterando, sem possibilidade de retorno, os caminhos da história de ambos os países e daqueles que a faziam dos dois lados do Atlântico.” Leia as afirmativas a seguir, escritas a partir da citação do texto de Martins: I – O excerto evidencia a importância do olhar atento do historiador para não construir visões teleológicas da história. II – O excerto explicita um estilo narrativo descritivo e romantizado, típico da escrita da história do século XIX. III – O excerto rememora que o processo de independência do Brasil já era evidente, e a vinda da família real portuguesa para a América tentou impedi-lo. Está correto o que se afirma em:
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Em 1815, Napoleão estava exilado e foi resgatado por oficiais partidários do antigo imperador, retomando o governo na França e iniciando um período conhecido como Governo dos Cem Dias. Descrição da imagem não disponível ​​​​​​​Sobre o processo histórico referente a esse período do governo napoleônico, considere a alternativa correta. A. Após ser exilado na Ilha de Santa Helena, Napoleão Bonaparte foge em 14 de julho de 1815, resgatado por oficiais partidários do seu governo. Quando chega na França, percebe que seu prestígio ainda é alto e reúne um exército, tomando o poder do Rei Luís XVI ao iniciar o Governo dos Cem Dias. Sua derrota final ocorre na Batalha de Trafalgar, na Bélgica. B. O Governo dos Cem Dias corresponde ao período anterior à coroação de Napoleão Bonaparte como Imperador, realizada na Catedral de Notre-Dame, em cerimônia realizada pelo Papa Pio VIII. Esse nome se dá devido ao processo organizado pela Igreja Católica, quando os imperadores passam por um período de análise, que corresponde ao prazo de cem dias. C. Após o fracasso na Campanha da Rússia de 1812, Napoleão Bonaparte é preso e exilado na Ilha de Santa Helena, onde fica até a sua morte, em 1815. Abandonado pelos seus antigos aliados, viu a família Bourbon voltar ao poder com a coroação de Luís XVIII, primo do rei guilhotinado no processo revolucionário inciado em 1789. D. Após fugir da Ilha de Elba, em 26 de fevereiro de 1815, Napoleão Bonaparte viaja inicialmente para a Itália, procurando auxílio dos seus antepassados para tentar tomar o poder na França. Com a ajuda dos Reinos das Duas Sicílias, Napoleão monta um exército e derrota em batalha as tropas do Rei Luís XVIII, iniciando o Governo dos Cem Dias. E. Após ser exilado na Ilha de Elba, Napoleão Bonaparte foge em 26 de fevereiro de 1815, resgatado por oficiais partidários do seu governo. Quando chega na França, percebe que seu prestígio ainda é alto e reúne um exército, tomando o poder do Rei Luís XVIII ao iniciar o Governo dos Cem Dias. Sua derrota final ocorre na Batalha de Waterloo, na Bélgica.
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As práticas religiosas no Brasil têm suas especificidades, que podem ser explicadas pelas características de sua formação social desde o período colonial. A seguir, leia o texto escrito pela historiadora Mary del Priore: “Quem toma a estrada BR 166 no trecho que liga o Rio de Janeiro à Bahia encontra, na altura do quilômetro 90, a Santinha da Serra: escondida no meio da exuberante Mata Atlântica que cobre a Serra dos Órgãos, perto de uma cascata, uma ermida singela abriga uma imagem de Nossa Senhora com estrela na testa e véu azul. Maria ou Iansã? As duas... A seus pés, velas coloridas e círios brancos, gamelas de barro com despachos, ex-votos de madeira narrando episódios milagrosos ocorridos na estrada. Nas mãos, flores de plástico, amuletos e terços.” A partir do texto apresentado e sobre as práticas religiosas no Brasil durante o período colonial, é correto afirmar que estas se caracterizam:​​​​​​​ A. pela aculturação dos povos africanos frente à predominância da religião católica. B. pelo sincretismo entre a religião católica e as religiosidades africanas, além das contribuições indígenas. C. pelo mimetismo das práticas religiosas europeias e africanas, que não sofreram transformações na colônia. D. pela submissão da Igreja Católica aos rituais africanos, já que a maior parte da população era negra. E. pela total dominância da religião católica, por meio da repressão promovida pela Inquisição.
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