Deleuze afirma: “É muito curioso. Tenho a impressão de que
as concepções filosóficas modernas da imaginação não levam em conta o cinema:
ou crêem no movimento, mas suprimem a imagem, ou elas mantêm a imagem, mas
suprimem dela o movimento.// É verdade que os filósofos se ocuparam pouco do
cinema, mesmo quando o freqüentavam. E, no entanto, há uma coincidência. É ao
mesmo tempo que o cinema surge e que a filosofia se esforça em pensar o
movimento. Mas talvez seja esta a razão pela qual a filosofia atribui
suficiente importância ao cinema; ela está demasiado ocupada em realizar por si
só uma tarefa análoga ao cinema; ela quer pôr o movimento no pensamento, como o
cinema põe na imagem.// A crítica de cinema esbarra num duplo obstáculo: é
preciso evitar simplesmente descrever os filmes, mas também aplicar-lhes
conceitos vindos de fora.// Uma imagem nunca está só. O que conta é a relação
entre imagens.// O olho já está nas coisas, ele faz parte da imagem, ele é a
visibilidade da imagem”. (DELEUZE, Conversações, pág. 63-75, 1998).

Escolha uma:

a. Nessa afirmação o autor realça que há um vinculo entre
filosofia e cinema que é dada pela noção de movimento. Pois, enquanto o cinema
se afirma pelos movimentos de imagens, a filosofia é uma atividade de exercício
sobre os movimentos do pensamento. Embora, a crítica cinematográfica ainda não
tenha notado que a imagem cinematográfica dependa dos movimentos do pensamento
do sujeito. Tanto que o autor menciona: “Uma imagem nunca está só. O que conta
é a relação de imagens. O olho já está nas coisas, ele faz parte da imagem, ele
é a visibilidade da imagem”.

b. A afirmação de que cinema e filosofia encontram em
coincidência refere-se tanto a concepção de movimento quanto a de imagem. Pois,
tanto movimento quanto imagem confundem-se no cinema e na filosofia.

c. Nessa afirmação movimento e imagem são concepções
extrínsecas embora interelacionadas, pois enquanto o movimento diz respeito
unicamente a dinâmica de pensamento ou de imagem, a imagem é algo estático que
necessita, por sua vez, do movimento para ter significado.

d. O destaque principal da afirmação de Deleuze é que o
cinema se remete unicamente aos movimentos de imagens, enquanto que e a
filosofia se atrela aos movimentos de pensamentos. Tanto que o autor afirma: “É
verdade que os filósofos se ocuparam pouco do cinema, mesmo quando o
freqüentavam. E, no entanto, há uma coincidência”. Tal coincidência incide
sobre o conceito de movimento que cada um tem a sua maneira.
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