Leia o trecho a seguir da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Eu não quero passar adiante sem contar sumariamente um galante episódio de 1814, tinha nove anos. Napoleão, quando eu nasci, estava já em todo o esplendor da glória e do poder; era imperador e granjeara inteiramente a admiração dos homens. Meu pai, que à força de persuadir os outros da nossa nobreza acabara persuadindo-se a si próprio, nutria contra ele um ódio puramente mental. Era isso motivo de renhidas controvérsias em nossa casa, porque meu tio João [militar], não sei se por espírito de classe e simpatia de ofício, perdoava no déspota o que admirava no general, meu tio padre era inflexível contra o corso; os outros parentes dividiam-se: daí as controvérsias e as rusgas. Chegando ao Rio de Janeiro a notícia da primeira queda de Napoleão, houve naturalmente um grande abalo em nossa casa, mas nenhum chasco ou remoque. (...) Figurei nesses dias com um espadim novo, que meu padrinho me dera no dia de Santo Antônio; e, francamente, interessava-me mais o espadim do que a queda de Bonaparte. Nunca me esqueci esse fenômeno. Nunca mais deixei de pensar comigo que o nosso espadim é sempre maior que a espada de Napoleão. E notem que eu ouvi muito discurso, quando era vivo, li muita página rumorosa de grandes ideias e maiores palavras, mas não sei por que, no fundo dos aplausos que me arrancavam da boca, lá ecoava alguma vez este conceito de experimentado: -Vai-te embora, tu só cuidas do espadim. Uma característica recorrente na obra de Machado de Assis, presente nesse trecho, é qual ?
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TEXTO ICanudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.(CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.)TEXTO IINa trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional.(SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.)Considerando os trechos acima, avalie as afirmações a seguir.– No Texto I, Euclides da Cunha mostra que o sertanejo é corajoso ao dizer que ele não se rendeu, que foi um exemplo, que resistiu.– No Texto I, Cunha faz questão de usar diversos adjetivos que enobrecem o povo sertanejo, descrevendo-o como um defensor de sua terra.– No Texto II, Soares apresenta a mesma visão do sertanejo como um homem forte que defendeu seu território com bravura.É correto o que se afirma em:A) I, apenasB) III, apenasC) I e II, apenasD) II e III, apenasE) I, II e III❓
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Eu não quero passar adiante sem contar sumariamente um galante episódio de 1814, tinha nove anos. Napoleão, quando eu nasci, estava já em todo o esplendor da glória e do poder; era imperador e granjeara inteiramente a admiração dos homens. Meu pai, que à força de persuadir os outros da nossa nobreza acabara persuadindo-se a si próprio, nutria contra ele um ódio puramente mental. Era isso motivo de renhidas controvérsias em nossa casa, porque meu tio João [militar], não sei se por espírito de classe e simpatia de ofício, perdoava no déspota o que admirava no general, meu tio padre era inflexível contra o corso; os outros parentes dividiam-se: daí as controvérsias e as rusgas. Chegando ao Rio de Janeiro a notícia da primeira queda de Napoleão, houve naturalmente um grande abalo em nossa casa, mas nenhum chasco ou remoque. (...) Figurei nesses dias com um espadim novo, que meu padrinho me dera no dia de Santo Antônio; e, francamente, interessava-me mais o espadim do que a queda de Bonaparte. Nunca me esqueci esse fenômeno. Nunca mais deixei de pensar comigo que o nosso espadim é sempre maior que a espada de Napoleão. E notem que eu ouvi muito discurso, quando era vivo, li muita página rumorosa de grandes ideias e maiores palavras, mas não sei por que, no fundo dos aplausos que me arrancavam da boca, lá ecoava alguma vez este conceito de experimentado: -Vai-te embora, tu só cuidas do espadim. Uma característica recorrente na obra de Machado de Assis, presente nesse trecho, é: A) o emprego de uma linguagem grandiloquente, com a descrição exagerada do cenário, como se observa em: “contar sumariamente um galante episódio” (1° parágrafo) B) a situação da narrativa em um cenário fantástico, que não encontra paralelo com a realidade factual, como se observa em: “Napoleão, quando eu nasci, estava já em todo o esplendor da glória” (2° parágrafo) C) a conversa com os leitores como parte da construção da narrativa, como se observa em: “notem que eu ouvi muito discurso” (3° parágrafo) D) a preferência por representar personagens do povo, pertencentes à classe social menos privilegiada, como se observa em: “meu tio padre era inflexível” (2° parágrafo) E) o uso de um narrador em terceira pessoa, que não se mostra no texto, como se observa em: “Eu não quero passar adiante” (1° parágrafo)
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Leia o texto a seguir: Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. (…) Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. (…) Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes. (LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento)) Clarice Lispector apresenta uma forma peculiar de construir suas narrativas, culminada com a obra “A hora da estrela”, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador: ❓ A) trata a felicidade como um sentimento banal, facilmente alcançado por todos que refletem sobre a vida B) narra os acontecimentos de forma distante, sendo indiferente aos sentimentos das personagens C) revela os acontecimentos sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos da história D) mostra-se preocupado em refletir sobre questões existenciais e buscar respostas para suas inquietações E) demonstra que escrever uma história é algo que acontece de modo inesperado em razão da complexidade para escolher as palavras exatas
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