Pense sobre a seguinte situação hipotética: numa escola de Ensino Fundamental, o professor segue realizando suas aulas a partir dos materiais enviados pela Secretaria da Educação. Buscando seguir tudo o que é proposto em tal material, com as temáticas e respectivas atividades, o professor percebe que o material é interessante, mas acaba enquadrando o conteúdo em um modo único de entendimento, exigindo dos alunos a adequação a um mesmo nível. O professor não concorda inteiramente com a ação, mas pensa: “Já que foi elaborado assim, assim o farei, pois deve ser bom! É preciso tentar, antes de dizer que não funciona”. Tendo em consideração temáticas da antropologia filosófica, assinale a alternativa que problematiza adequadamente a situação apresentada. Alternativas: a) As políticas educacionais não são fruto de acaso ou meras opiniões; neste sentido, a aplicação fiel dos conteúdos trazidos pelos materiais é algo de suma importância para que o ato educativo seja efetivo. b) Considerando-se que nunca será possível, ao professor, ensinar tudo o que seja necessário para que o aluno tenha uma boa profissão, os materiais enviados pela Secretaria servem como parâmetro necessário para o nivelamento do conhecimento dos alunos. c) Materiais sempre cerceiam o conteúdo. Já que o professor é quem tem contato direto com os alunos, ele é quem tem de decidir o que e como ensinar, pois o ato educativo deve objetivar o homem completo e não aquele homem necessário à sociedade. d) Os alunos devem sempre se esforçar mais e mais para alcançar e ultrapassar os limites desenhados pelo sistema educacional; este deve ser o caminho que o professor deve seguir, no auxílio aos alunos, para que respondam ao que é exigido. e) Uma das dificuldades da ação do professor é ser crítico diante do conteúdo a ensinar: ele não pode ser simples reprodutor de conteúdo, mas também não pode agir sem parâmetros. Considerar que o conteúdo pode não estar adequado a seus alunos indica a complexidade do fenômeno humano e a certeza de que o aprendizado não se dá de forma automática.
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“Como escreve Hegel na Fenomenologia: ‘O botão desaparece no florescimento, podendo-se dizer que aquele é rejeitado por este; de modo semelhante, com o aparecimento do fruto, a flor é declarada falsa existência da planta, com o fruto entrando no lugar da flor como a sua verdade. Tais formas não somente se distinguem, mas cada uma delas se dispersa também sob o impulso da outra, porque são reciprocamente incompatíveis. Mas ao mesmo tempo, a sua natureza fluida faz delas momentos da unidade orgânica, na qual não apenas elas não se rejeitam, mas, ao contrário, são necessárias uma para a outra, e essa necessidade igual constitui agora a vida do inteiro.’” (REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. São Paulo: Paulus, 1990. p. 103. v.III.) No trecho, Hegel apresenta a dialética da realidade de forma imagética. Assinale a alternativa que apresenta uma interpretação possível da educação, segundo tal ideia. Alternativas: a) A educação se realiza plenamente quando toma o aluno naquilo que ele é, percebendo que sua condição material (sustentação da vida) é que dá origem à concepção que tem do mundo e de sua própria vida. b) O passado do aluno deve ser considerado na educação; porém, é preciso entender que há mínima interferência dele na ação do educando; o momento sempre novo não tem relação direta com o momento anterior. c) Os diferentes momentos da história de um indivíduo são todos trazidos em sua memória – eles são integralmente reproduzidos no fazer cotidiano; isto é que deve ser trabalhado no processo educativo. d) A ideia de superação mostra que nenhum projeto educacional tem condições de ser realizado plenamente, já que o objeto (homem) não pode ser tomado em seu todo. e) A educação não é algo estático, pois o homem não pode ser entendido de forma fixa e última. Este homem deve aprender a interpretar sua história dentro de seu contexto – mesmo com as mudanças, ele permanece sendo quem é.
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“É evidente que não há valores estéticos a priori, mas que há valores que se revelarão em seguida, na coerência do quadro, na relação entre a vontade de criação e o resultado. Ninguém pode dizer como será a pintura amanhã; só se pode julgar um quadro depois que ele está feito. Que relação tem isso com a moral? Nós estamos na mesma situação criadora”. (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2014. p. 38.) Tomando a ideia de Sartre no trecho indicado, assinale a alternativa que apresenta o conceito que ele tem do ser humano. Alternativas: a) O ser humano se faz com o que aprende a cada dia no contexto social e familiar; a educação tem papel fundamental neste sentido, pois, para agir ele sempre se baseará em fatos anteriores, para ter certeza do que deve escolher. b) A ação humana pode sempre ser planejada, como uma obra de arte; porém, enquanto a arte expressa a total liberdade na escolha do pintor, a ação humana em sociedade sempre deve levar em consideração os valores sociais estabelecidos. c) O homem escolhe seus caminhos de modo a olhar para a realidade como uma obra de arte a ser construída; tem-se um objetivo a ser alcançado e, do mesmo modo como o artista tem seus instrumentos (tintas, pincéis etc.), o homem tem as regras morais sem as quais nenhuma ação é permitida. d) Todo ser humano é como uma obra de arte que obedece a um ato intencional metafísico; ou seja, o homem apenas poderá ser aquilo que estiver dentro de suas possibilidades, como características essenciais. e) Do mesmo modo que ocorre com uma obra de arte, que não pode ser pensada antes de existir concretamente, apenas pode ser construída uma ideia de ser humano depois de que ele propriamente exista; uma ação também só pode ser pensada como boa ou não, depois de realizada.
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O surgimento da Geografia enquanto ciência está articulada às épocas das grandes navegações europeias, o que colocou em contato os “descobridores” e suas vastas equipes de navegadores com outras culturas ao redor do planeta. Nestas equipes também estavam – assim como nos casos de equipes de pesquisa privadas financiadas pelas monarquias a partir do século XV na Europa – naturalistas e botânicos, os quais buscavam em suas expedições conhecer e reconhecer os potenciais territórios para descrevê-los aos Estados-nação europeus. Mas, com isso, tornou-se necessário trazer o conhecimento, posteriormente, para o povo em geral, sem que este conhecimento estivesse à serviço do acúmulo de capitais ou do imperialismo europeu – ainda que em alguns casos, tenha servido como justificativa para tal. Com base em seus conhecimentos e no texto-base da questão, assinale a alternativa CORRETA. Alternativas: a) A Geografia dos Estados sempre esteve articulada aos interesses da classe dominante dos países do mundo, o que dificultou o surgimento da Geografia Escolar pela falta de interesse na democratização do conhecimento. b) A Geografia Tradicional rompeu com os impedimentos estatais para fazer Geografia, o que levou a uma série de mudanças nos currículos europeus, os quais desde a Idade Média já possuíam Geografia em sua estrutura. c) A estruturação da Geografia Escolar ocorreu ao natural, devido à necessidade de democratizar o conhecimento obtido nas colônias europeias, o que naturalmente foi levado à Europa como um avanço social. d) O acesso à escolarização idealizado desde o Século XI na Europa esteve muito próximo de acabar com a Geografia dos Estados, pois entrava em conflito com os interesses do povo em se produzir uma Geografia Escolar.
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